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Mostrando postagens de julho, 2025

O DESTINO - Conto Clássico de Horror - Alfonso Hernández-Catá

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O DESTINO Alfonso Hernández-Catá (1885 – 1940) Tradução de autor anônimo do séc. XX A conversação havia amolecido como sempre sucede quando se expõem ideias abstratas ante um auditório heterogêneo. Ainda mais: a conversação foi uma série de diálogos em torno do livre-arbítrio, que concluíram polarizando no juiz e no cônego, os dois faladores mais apaixonados da roda. As senhoras bocejavam resignadamente, e alguns pareciam esperar a menor palavra frívola para se apegarem a ela e multiplicá-la. Foi então que o Dr. Rovira interveio: —Eu não me atrevo a perder tempo em explanar teorias novas — disse. — Assim como São Marcos pretendeu tratar todas as coisas por palavras, eu gosto de tratá-las por anedotas; e creio, por tendência profissional, que todas essas questões de índole filosófica se hão de resolver algum dia, porém resolvidas de um modo científico, graças a múltiplas experiências, a inumeráveis tentativas. Vontades do temperamento, direções transmitidas pela força misteriosa e...

A CARTA - Conto Clássico de Mistério e Horror - Peter MacMaerty

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A CARTA Peter MacMaerty (Séc. XX) Tradução de autor anônimo do séc. XX A despeito da fé revelada até por alguns ilustres sábios, jamais cri, nem creio, nos fenômenos chamados de espiritismo. Sustento que tais fenômenos (quando não são devidos ao ardil) não passam de manifestações de forças puramente físicas, que nossos atuais meios de indagação científica ainda não puderam definir. No caso que vou narrar, não se destrói minha convicção; embora os adeptos do espiritismo possam encontrar nele uma confirmação de suas teorias, os adversários darão uma explicação mais aceitável e mais natural. Há mais de dez anos que isto aconteceu. Eu vivia, então, no campo. E, no sossego de uma graciosa casinha, me dedicava, com carinho e calma, a certos estudos prediletos. Que diferença entre aquela e a vida agitada que levei depois! Entre aquela maravilhosa riqueza de ar, de luz e de tranquilidade, não podia faltar o amor. Em uma clara manhã de abril, conheci Evelin Steel. Era uma jovem que não...

AS TRÊS CABEÇAS DO POÇO - Conto Clássico Fantástico - Flora Annie Steel

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AS TRÊS CABEÇAS DO POÇO Flora Annie Steel (1847 – 1929) Tradução de Paulo Soriano Havia em Colchester um rei valente, forte, sábio, famoso como um bom governante. Mas, em meio à sua glória, a sua querida rainha morreu, deixando-lhe uma filha que se fazia mulher. Esta donzela era famosa em todo o mundo por sua beleza, bondade e graça. Ora, coisas estranhas acontecem, e o rei de Colchester, tendo ouvido falar de uma senhora que tinha imensas riquezas, quis desposá-la, embora a pretendida fosse velha, feia, de nariz adunco e mal-humorada; e tinha uma filha tão feia quanto a mãe. Ninguém soube explicar a razão, mas, apenas algumas semanas após a morte da sua querida rainha, o rei trouxe esta repugnante noiva à corte e casou-se com ela com grande pompa e festividades. A primeira providência da megera foi empeçonhar a mente do rei contra sua própria filha — que era linda, gentil e graciosa — por quem, naturalmente, a rainha a filha feias nutriam uma terrível uma inveja. Quando a jov...

LENDA DO FLAUTISTA ÍMPIO - Narrativa Clássica Sobrenatural - Padre Manuel Bernardes

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LENDA DO FLAUTISTA ÍMPIO Padre Manuel Bernardes (1644 – 1710) Já que experiências convencem melhor que autoridades e razões, ajuntarei outros casos portentosos, em confirmação de como este mau costume de dançarem homens e mulheres, sem respeito aos lugares sagrados, agrada aos demônios, e por eles o castiga Deus severissimamente. Refere Tomás Cantipratense 1 que em certa vila do Brabante, em Flandres, por ocasião da festa da dedicação de um templo, concorreram a dançar muitos mancebos e donzelas. Entre eles, um tocou uma flauta e bailou com tanta desenvoltura e lascívia que a todos provocava a cantares pouco honestos. Sobre a tarde, recolhendo-se todos a suas casas, levantou-se de repente uma horrível tempestade; porém o tangedor, sem medo algum, caminhando continuava o seu delírio. Eis que uma nuvem negra dispara um raio, o qual lhe decepou cérceo um braço e lhe tirou a vida. Os da companhia, fugindo a toda a pressa, se esconderam em umas matas; e pouco depois viram vir do...