EXPERIMENTOS E APARIÇÕES - Narrativa Clássica Sobrenatural - Catherine Crowe

 

EXPERIMENTOS E APARIÇÕES

Catherine Crowe

(1803 – 1876)

Tradução de Paulo Soriano

No reinado de Luís XIV, três alquimistas, tendo destilado uma porção de terra extraída do cemitério dos Inocentes, em Paris, foram obrigados a desistir de suas pesquisas quando, em vez da pedra filosofal que procuravam, viram surgir, em seus cadinhos, formas humanas.

Um médico, depois de dissecar um corpo e pulverizar o crânio (então um artigo admitido na matérias médica), deixou o pó resultante sobre a mesa do seu laboratório, a cargo do seu assistente.

Esse auxiliar, que dormia num quarto contíguo, foi acordado durante a noite por um ruído cuja origem, após alguma busca, acabou por atribuir-se ao pó. No meio deste, o assistente viu, formando-se gradualmente, uma forma humana!

Surgiu primeiro a cabeça, com dois olhos abertos; depois, vieram os braços e as mãos; e, pouco a pouco, apareceu o restante do corpo, que, posteriormente, revestiu-se das roupas que o espectro usava quando vivo!

O homem ficou, naturalmente, muito assustado, pois a aparição se plantou diante da porta e não o deixou ir embora até que ela tivesse feito a sua própria saída, o que se deu rapidamente.

Obtiveram-se — diz-se — resultados semelhantes de experiências efetuadas com sangue.

Confesso que estaria disposta a considerar essas aparições — se é que alguma vez de fato algo apareceu — como casos de fantasmas genuínos, trazidos à luz por ocasião dos procedimentos, em vez de formas que residem nos ossos ou no sangue. De toda forma, é muito difícil acreditar em tais coisas. Contudo, visto que lá eu não estava, não creio que tenhamos o direito de dizer que o incidente não ocorreu, ou, pelo menos, que alguns fenômenos, que estavam abertos a esta interpretação, não ocorreram.

Imagem: PS/IMG2GO.

Fonte: The Nigth-Side of Nature, B. B. Mussey & CO, Boston,1850.