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Mostrando postagens de junho, 2020

A ÁRVORE - Conto Clássico Fantástico - H. P. Lovecraft

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A ÁRVORE H. P. Lovecraf (1890 – 1937) Tradução de Paulo Soriano Numa encosta verdejante do monte Mênalo, na Arcádia, existe um olival ao redor das ruínas de uma aldeia. Nas proximidades encontra-se um túmulo, outrora embelezado com as mais sublimes esculturas, mas agora tão deteriorado quanto a casa. Numa extremidade do túmulo, com as suas peculiares raízes deslocando os blocos de mármore pentélico manchados pelo tempo, cresce uma oliveira anomalamente grande, e de compleição curiosamente repulsiva. Assemelha-se tanto à figura de um homem grotesco — ou de um cadáver contorcido pela morte — que os camponeses temem passar por ela nas noites em que a Lua brilha debilmente por entre os seus galhos retorcidos. O monte Mênalo é um dos locais favoritos do temido Pã, cujos estranhos companheiros são uma miríade, e os simples pastores acreditam que a árvore deve ter algum hediondo parentesco com aqueles sátiros selvagens. Mas um velho apicultor, que vive numa cabana próxima, contou-me u

O FANTASMA DE FISHER - Conto Clássico Sobrenatural - Autor anônimo do séc. XIX

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O FANTASMA DE FISHER Autor anônimo do séc. XIX Tradução de Paulo Soriano.   Você já visitou a cidade, ou melhor, a vila de Campbelltown? Se não, nós o aconselhamos a uma rápida visita. Recomendamos que o faça de boa vontade, porque podemos falar da prazerosa experiência que nos proporciona a confortável estalagem, na qual desfrutamos alguns dias de descontração, longe da poeira e da agitação de Sydney. Se você já esteve lá, pode prescindir da descrição de sua igrejinha, de sua aparência estranha, de sua ubicação agradável, enfim, de todas as belezas que uma cidadezinha oferece a um homem ofuscado pela poeira e pela labuta em sua primeira visita, e permitir-nos abordar imediatamente o assunto de nossa história. O visitante de Campbelltown deve ter observado, enquanto passeava pela vila, um grande prédio inacabado de tijolos, inicialmente concebido para abrigar uma loja, mas que agora se deteriora rapidamente. Sua aparência, no entanto, revela — qualquer que tenha sido a intenção

A MÃO FECHADA - Conto Clássico de Terror - Farnsworth Wright

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A MÃO FECHADA Farnsworth Wright (1888-1940)   Solitária, a casa erguia-se como um fantasma através das árvores desbotadas que pareciam estremecer ao toque de suas paredes. O verde musgo da decomposição jazia nos seus telhados úmidos, e as janelas, inseridas em cavidades profundas, olhavam cegamente para o mundo como que através de órbitas vazias. O seu aspecto era tão aterrador que as crianças, ao aproximarem-se dela, deixavam de assobiar e de rir e passavam ao outro lado da rua. No outro lado do campo, algumas cabanas amontoadas olhavam através da chuva, como se perguntassem qual família poderia ser corajosa bastante a se instalar entre as sombrias paredes daquela velha mansão, que permanecia desabitada há, pelo menos, dois anos. Num quarto do sótão da casa, duas irmãs conservavam-se na cama, mas não dormiam. A irmã mais nova encolheu-se sob o pavor inspirado pelo lugar. A mais velha riu daqueles temores, mas a mais nova sentiu o feitiço do velho edifício e teve medo. — Su

A FILHA DO DOUTOR RAPPACCINI - Conto Clássico de Terror - Nathaniel Hawthorne

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A FILHA DO DOUTOR RAPPACCINI Nathaniel Hawthorne (1804 – 1864)   Há muito tempo, um jovem chamado Giovanni Guasconti, oriundo da região mais meridional da Itália, chegou a Pádua para continuar os estudos na célebre universidade. Giovanni possuía apenas alguns ducados e ouro. Por essa razão, alojou-se em um sombrio quarto de um velho edifício que não parecia indigno de ter sido o palácio de um nobre paduano, e no qual se viam colocadas sobre a porta as armas de uma família extinta havia muito tempo. O jovem forasteiro, que conhecia o grande poema italiano, recordou-se de que Dante tinha posto entre os que vivem em eterna agonia no seu inferno um antepassado dessa família, talvez habitante daquela casa. Esta lembrança, junto à melancolia, tão natural no rapaz que sai, pela primeira vez, da esfera em que nasceu, arrancou de Giovanni um profundo suspiro quando vislumbrou o desolado aposento. — Virgem santa! — exclamou a velha Lisabetta, que, encantada da singular beleza do ra