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Mostrando postagens de dezembro, 2022

OS CINCO PRESENTINHOS - Conto de Horror Natalino - Paulo Soriano

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  OS CINCO PRESENTINHOS Paulo Soriano Talvez a minha natureza melancólica, por si só, já fosse suficiente a me fazer sentir, com intensidade maior que a vossa, a angústia subjacente às mais alegres noites de Natal. Todavia, não há dúvida que essa exacerbação sensível se deve, em grande parte, ao fúnebre acontecimento da noite de 24 de dezembro de 1879. Eu tinha então apenas nove anos de idade e era o primogênito de uma família pobre e numerosa. Meu pai era mineiro de carvão da região de Mons e a minha mãe falecera ao dar à luz à pequena Louise. Por esta época, eu já era empregado na mina de Pâturages e passava o dia todo me esforçando sobre os trilhos, a empurrar os vagonetes carregados de hulha. Mas, quando minha mãe morreu, tive de abandonar o serviço para cuidar da recém-nascida e de outros quatro irmãos menores. Um salário miserável a menos, uma boca esfomeada no lugar de outra. Porque éramos muito pobres, jamais havíamos recebido um presente de Natal. Mas

O DEFUNTO QUE DESCEU PELA CHAMINÉ - Conto de Terror - Maycon Guedes

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O DEFUNTO QUE DESCEU PELA CHAMINÉ Maycon Guedes   Querido Papai Noel, preciso da sua ajuda. Sei que não fui uma criança exemplar nos últimos meses, mas, o senhor poderia trazer meu pai de volta? Dizem que eu me tornei uma criança rebelde depois que minha mãe morreu, e papai sempre me avisou sobre o espírito maligno que pega as crianças más na noite de Natal, e que eu deveria me comportar. Então, se eu me comportei mal, por que o espírito maligno levou meu pai, e não a mim? Era para a criatura ter me levado, não o meu pai. Você sabe, Papai Noel, que sempre fui um bom garoto; sabe dos elogios que recebo dos meus professores, que sou um ótimo aluno, que escrevo muito bem e sou muito criativo; espero que o senhor tenha lido uma das minhas histórias que enviei nas cartas anteriores. Um dia serei escritor, e vou escrever muitos livros para você dar de presente para todas as crianças que se comportaram bem durante o ano.   Alguns dos meus amigos dizem que você não existe, e então, esp

A ÁRVORE DE NATAL - Conto Clássico - Conto Fantástico Natalino - Fíodor Dostoievski

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A ÁRVORE DE NATAL Fíodor Dostoievski (1821 – 1881)   Em uma grande cidade, na noite de Natal, sob um frio intensíssimo, vi um menino, ainda muito criança, de oito anos apenas, talvez de menos, ainda bem pequeno para mendigar, mas já perseguido e torturado pela miséria. Esse menino despertou tiritando, pela manhã, num quarto úmido e frio, abrigado com uma espécie de bata, velha e puída. A respiração saia-lhe em forma de vapor branco: sentado a um conto, sobre um baú, distraía-se ativando de propósito sua respiração, divertindo-se vendo-a sair. Mas tinha muita fome. Desde a madrugada, aproximara-se já várias vezes da cama de tábuas, coberta com um delgado enxergão, em que estava deitada a mãe, com a cabeça apoiada em um monte de farrapos à guisa de travesseiro. Como chegara até ali aquela pobre mulher? Sem dúvida saíra, com seu filho, de alguma cidade longínqua, em que a acometera a enfermidade. E ali estava havia dois dias. Na companhia de gente miserável como ele. Dia de fest

O FANTASMA GIGANTE - Conto Clássico de Terror - Autor desconhecido do século XIX

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  O FANTASMA GIGANTE Autor desconhecido do século XIX Tradução de Paulo Soriano   ( Philadelphia Press , 13 de setembro de 1896) O fantasma de Benton, Indiana, está atraindo muita atenção. Já foi visto e investigado por muitas pessoas reputadas inteligentes e dotadas de bom senso. Até agora, todavia, não se obteve qualquer explicação satisfatória à estranha aparição. Um fazendeiro, chamado John W. French, e sua esposa foram os primeiros a vê-la. Este casal mora no campo, perto de Benton e, certa noite, voltavam para casa, após visitarem um vizinho. A estrada passava por uma velha igreja, coberta de musgo e rodeada por um cemitério, repleto de arbustos; os ossos de centenas de pessoas servem de adubo ao solo local. Há dez anos, um homem idoso — que vivia sozinho não muito longe da velha igreja, e visitava o cemitério, quase diariamente, para orar junto ao túmulo de algum parente — foi horrivelmente assassinado em razão do ouro que, supostamente, mantinha escindido em sua solitária viven

A CASA DA RUA PAIM - Conto de Terror - Cauê Costa

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  A CASA DA RUA PAIM Cauê Costa   — Sim, Christopher. Eu sei! Você já me falou isso um milhão de vezes. Toda vez que passamos nessa rua, você aponta para essa casa e conta a história dos seus avós que moraram aqui. — Essas foram as palavras de Júlia, logo após seu namorado tentar lhe contar a arrepiante história de sua família.   Desciam a Rua Paim em uma tranquila caminhada no fim da tarde de um sábado agradável de agosto.   Namoravam a menos de um ano, após se conhecerem em um clube de leitura local. Júlia, uma mulher de vinte e um anos, encarava o homem charmoso de vinte e três que estava sentado exatamente de frente para ela no meio do círculo de leitores, todos com suas respectivas edições de "O Iluminado" nas mãos, inclusive os dois.   Ambos eram bem-humorados; por isso, Christopher não ficou chateado com a indelicadeza da namorada.   — Então já sabe o final da história — disse ele por fim, sorrindo.   — Impossível não saber! — ela retrucou, áspera.  

UMA SINGULAR HISTÓRIA DE FANTASMA - Conto Clássico de Terror - Autor desconhecido do século XIX ou início do século XX

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UMA SINGULAR HISTÓRIA DE FANTASMA Autor desconhecido do século XIX ou início do século XX Tradução de Paulo Soriano     ( Boston   Courier , 10 de agosto)   Uma história muito singular, que compõe um dos tópicos sociais sensacionais do dia, é a mais bem autenticada das muitas histórias sobrenaturais que foram contadas ultimamente.  Há pouco tempo, um jovem e conhecido artista, o Sr. A., foi convidado a fazer uma visita ao seu distinto amigo, o Sr. Izzard. A casa estava cheia de convidados, mas um belo e amplo quarto, aparentemente um dos melhores da casa, foi colocado à sua disposição. Por três dias, teve ele uma agradável estadia, encantadora em todos os detalhes, exceto um: todas as noites, o artista padecia de um sonho horrível. Sonhava ele que fora — ou realmente fora – acordado, subitamente, por alguém que entrava em seu quarto. E, olhando em volta, via que o recinto estava brilhantemente iluminado. Na janela, estava uma dama elegantemente vestida. Parecia estar