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Mostrando postagens de março, 2024

O BACILO ROUBADO - Conto Clássico de Ficção Científica - H. G. Wells

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  O BACILO ROUBADO H. G. Wells (1866 – 1946) Tradução de autor anônimo do séc. XX.   — Isto — disse o bacteriologista, deslizando uma lâmina de placa de vidro sob o microscópio — é outro preparado do célebre bacilo do cólera. O pálido visitante curvou-se curiosamente para o instrumento. Evidentemente, não estava habituado a essas coisas. Tapou o olho, que ficava livre, com a mão branca. — Não estou vendo quase nada — disse. — Torça o parafuso — replicou o bacteriologista. — Sem dúvida, o microscópio não está graduado para os seus olhos. A vista das pessoas varia muito. Menos uma volta para um lado ou para outro e... — Ah, agora vejo! — exclamou o outro. — Não há muito o que se ver, afinal. Pequenos filamentos, risquinhos róseos... E esses pequenos animais, esses simples átomos, no entanto, podem multiplicar-se e devastar uma grande cidade! É pavoroso! Ergueu-se e, retirando a lâmina do instrumento, segurou-a entre os dedos, olhando-a, voltado para a janela. — Mal

UM GRANDE METRÔ TRANSATLÂNTICO - Conto Clássico de Ficção Científica - Michel Verne

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  UM GRANDE METRÔ TRANSATLÂNTICO Michel Verne (1861 – 1925) Tradução de Paulo Soriano   Companhia de Tubos Pneumáticos de Boston-Liverpool Foi este o letreiro que li com incredulidade quando me encontrava diante da pretensiosa entrada de mármore do que parecia ser um átrio subterrâneo. Eu sabia que era subterrâneo porque um elevador situado na entrada subia periodicamente até o nível em que eu estava — o nível da rua — e depois descia carregado de passageiros. Acompanhava-me o Coronel Pierce, de Boston, Estados Unidos. Apontando para dois enormes cilindros, um de cada lado do elevador, ele disse: —Este são os elevadores da estação. O inventor americano conduziu-me ao interior de um dos elevadores e descemos com uma rapidez que quase me privou do fôlego. Por fim, paramos e saímos numa sala de espera espaçosa e brilhantemente iluminada. Na parede oposta de alvenaria, ao nível do chão, estavam as cabeças ou tampas metálicas brilhantes do que pareciam ser tubos gêmeos.

NOVAS RECEITAS - Conto de Ficção Científica e Horror - Ricardo Manzanaro

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  NOVAS RECEITAS Ricardo Manzanaro Tradução de Paulo Soriano   Zárate inspecionou ansiosamente o ambiente pelo olho mágico. A sala de jantar estava lotada. Reconheceu a maioria das pessoas sentadas às mesas: severos críticos gastronômicos, afamados chefs , proprietários de vinícolas, importantes homens de negócios e conhecidos gourmets da cidade. O melhor dos melhores, a elite dos seletos. Há mais de vinte anos comandava o seu restaurante e quase cem por cento de suas criações gastronômicas fizeram um sucesso retumbante. Porém, não conseguia reprimir a angústia cada vez que introduzia novos pratos no cardápio. — Está tudo preparado, patrão — avisou-lhe o chefe de cozinha. Celeremente, Zárate examinou o carrinho com a comida, suspirou e sussurrou: — Bem, aqui vamos nós. As portas da cozinha abriram-se e o famoso chef entrou na sala de jantar principal do restaurante. O público aplaudiu e Zárate dirigiu-se ao centro do salão, cumprimentando alguns dos presentes e fazendo uma ligeira vêni

ONZE BADALADAS PARA OLÍVIA - Conto de Terror - Marcelo Medone

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  ONZE BADALADAS PARA OLÍVIA Marcelo Medone Tradução de Marcelo Medone   Olivia acordou com o som das onze horas do antigo relógio de pêndulo, ecoando lamentosamente pela mansão vazia. Ela esfregou as órbitas oculares e se sentou na cama. Esforçando-se, juntou os ossos rígidos e, em um salto improvavelmente ágil, colocou-se de pé sobre os azulejos frios do quarto. Ela se levantou e esticou as articulações entorpecidas. Ela esticou o pescoço esguio como o de um cisne e suas vértebras rangeram. Sob a luz da lua cheia que entrava pela janela fosca, ela olhava para as belas cerâmicas pintadas à mão no chão, com seus intrincados desenhos de folhas de louro, flores e estrelas brilhando em carmesim, azul-cobalto e dourado. Olivia, em êxtase, estufou a caixa torácica e permitiu que o ar viciado a animasse. Ela sentiu os quadris magros e disse a si mesma que estava pronta para a festa. Ao longe, ela pensou ter ouvido o som de canções de Natal. Lá fora, um mundo estava pulsando.

SEMANAS OU MESES OU ANOS OU SÉCULOS - Conto Clássico de Terror - Campo Ricardo Burgos López

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  SEMANAS OU MESES OU ANOS OU SÉCULOS Campo Ricardo Burgos López Tradução de Paulo Soriano   1 Quando acordou, Teófilo Forero percebeu que estava numa rústica cama de madeira, envolto apenas num cobertor semelhante a uma lã grosseira. Vestia um pijama delgado, talvez de algodão, e, por uns instantes, vislumbrou aquele ambiente:   ressentindo-se de quadros e de janelas, havia um quarto amplo, espaçoso, emoldurado por tijolos revelhos; nas paredes, havia uma porta fechada e alguns castiçais acesos; além da cama e de si mesmo — ele acabara de acordar —, nada mais ressaltava-se. Por alguns instantes, perpassaram-lhe à memória, confusamente, algumas cenas: via-se deitado noutro quarto, sem dúvida mais moderno (um hospital?). À sua volta, estava algo que se assemelhava a um médico e a uma enfermeira, a observá-lo; viu que, a certa altura, o médico esforçava-se por reanimar o seu peito desnudo; depois, percebeu que o doutor e a enfermeira o observavam com ares de pura impotência.