Postagens

MÃE TAPUIA - Conto Clássico de Horror - Medeiros e Albuquerque

Imagem
MÃE TAPUIA Medeiros e Albuquerque (1867 – 1934) A Márcio Nery Íamos subindo o rio. Passávamos nesse momento uma garganta estreitíssima, quando um tronco de árvore nos fechou o caminho. A corrente era naquele lugar pouco profunda; via-se a areia do leito a tão pequena distância da superfície que, dali até as nascentes, era fácil ir a vau. O tronco, era impossível arredá-lo. Metemo-nos resolutamente na água, tomamos em mãos a pequeníssima canoa de fundo chato, carregamo-la por terra até além do empecilho e continuamos a subir. As margens eram de mata densa e virgem. Distinguiam-se apenas os dois renques de árvores e, mal entre eles, divisavam-se outras e outras indefinidamente. Raízes nodosas e informes serpenteavam dentro do rio, cheias de curvas e cotovelos, assustando às vezes quando a trepidação da água parecia fazê-las mover-se como enormes cobras. As ramarias, de um e outro lado, encontravam-se formando sobre nós um dossel de folhagem, que o sol rasgava a custo aqui e ali, abri...

VISÕES DE FANTASMAS - Narrativa Clássica Verídica Sobrenatural - Duque de Argyll

Imagem
VISÕES DE FANTASMAS Duque de Argyll (1872 – 1949) Tradução de autor anônimo do séc. XX Os fantasmas, na verdadeira acepção da palavra, nunca me quiseram chamar para testemunha. Pelo menos ainda o não fizeram e espero que não alterem esse seu bom proceder. Aqueles que nunca puderam ver espectros ou duvidam de que outros os possam ver, sentem, como eu, uma dupla curiosidade se amigos, pessoas de confiança, lhes asseguram tê-los visto. Porém, pouco ou nenhum crédito dou a histórias de almas de outro mundo se elas não me chegam “em primeira mão” ou de alguém em que possa confiar. Reproduzo somente narração, ouvida de algumas pessoas, de suas próprias entrevistas com fantasmas. Ainda assim, não daria ouvidos a esses mesmos amigos ou conhecidos se eles se transformassem em crentes espiritistas. Pessoas há que estão sempre imaginando que viram ou podem ver um vulto em qualquer lugar escuro, passando e desaparecendo através da parede mais próxima. Conheço, por exemplo, uma senhora, de e...

O CRIMINOSO HIPNOTIZADOR - Conto Clássico de Mistério - Caius Martius

Imagem
O CRIMINOSO HIPNOTIZADOR Caius Martius 1 —Miss Bianca, encontrei sobre a secretária uma notícia anotada a lápis encarnado. Que pensa a minha amiga a respeito? —Acho, Sr. Barrios, um tanto extraordinária a morte ou, como diz o jornal, o suicídio do banqueiro Pontes. Não que uma pessoa nas condições do capitalista, por motivos que escapam à nossa percepção, ponha fim à existência; isto pode acontecer. O esquisito é que, pela terceira vez, em menos de seis meses, um banqueiro faz saltar os miolos. Segundo informações que consegui colher, todos os três suicidas encontravam-se em plena prosperidade. Como se explica tal fenômeno em três homens, todos três, note bem, alegres, folgazões, gozadores da vida? —Miss, há um provérbio de muito alcance. Caso se tratasse de um crime, poder-se-ia aplicá-lo: “buscar aquele a quem aproveita o crime”. —Nos casos presentes, Sr. Barrios, o provérbio não teria aplicação alguma. Vejamos: O primeiro suicida, Marchieli, era um solteirão. Só se lhe conhec...

A INSPIRAÇÃO DE CONAN DOYLE - Narrativa Clássica de Mistério - Autor anônimo do séc. XX

Imagem
A INSPIRAÇÃO DE CONAN DOYLE Autor anônimo do séc. XX Numerosas pessoas conhecem “O Cão de Baskerville”, o eletrizante romance de Conan Doyle, mas raras conhecem a sua origem. Conta-se que o autor inspirou-se em fato ocorrido na Índia e que se pode resumir deste modo: Certo dia, espalhou-se no Pumjab meridional a notícia de que havia, em determinado lugar, um túmulo, no qual aparecia, alta noite, um fantasma tão horrendo que muitas pessoas perdiam o sentido ao vê-lo. Um indiano passou próximo a esse túmulo, cantando para afugentar o medo, mas, de súbito, ouviu um uivo, que o deixou paralisado de terror. Voltou-se e viu, à entrada da tumba, horrível cabeça de hiena que lançava raios de luz. — Era verdadeiro demônio — contou depois o indiano. — Tinha apenas cabeça, da qual saía fogo amarelo-esverdeado, e também os olhos expeliam labaredas, como se fossem dois faróis que se fixassem em mim. Se não é verdade, que eu morra! Duas noites depois, encontravam-se alguns residentes da a...

OS VAMPIROS DE TÚNIS - Narrativa Clássica de Horror - Autor Anônimo do séc. XX

Imagem
OS VAMPIROS DE TÚNIS Autor Anônimo do séc. XX Em nossa época, que se jacta de incredulidade, têm, entretanto, livre curso diversas formas de crendice com tanta vitalidade como na Idade Média. Sou tentado a dizer que os feiticeiros são ainda mais numerosos agora do que outrora, pois as fogueiras da Inquisição estão extintas. Em poucas palavras: quer se trate da Ásia, da Europa ou da África — até mesmo da positiva América —, por toda parte as seitas misteriosas abundam. Magia branca e magia negra repartem os favores de iniciados cada dia mais numerosos. Parece que os sofrimentos da guerra e as desordens de pós-guerra criaram, por contragolpe, uma viva curiosidade pelas práticas ocultas. Muitos esperam encontrar aí, sem dúvida, o meio de conseguir vantagens materiais que normalmente são o fruto do esforço e do trabalho… Em razão dessa atividade esotérica, têm-se tornado as almas fracas, semiloucas, assim como perversas, acessíveis às mais mórbidas sugestões. Esta multidão cré...