O SINALEIRO - Conto Clássico de Terror - Charles Dickens
O SINALEIRO Charles Dickens (1812 – 1870) Tradução de Paulo Soriano — Olá! Você aí embaixo! Quando ouviu a voz que assim o chamava, ele estava de pé, à porta de sua guarita, com uma bandeirola na mão, enrolada em torno do cabo curto. Alguém teria pensado, considerando a natureza do lugar, que ele não teria dúvida alguma quanto à direção de onde vinha aquela voz. Mas, em vez de olhar para cima, na direção de onde eu me encontrava, parado no topo do íngreme aclive, quase sobre sua cabeça, ele se virou e olhou para baixo, fixando-se nas vias férreas. Havia algo notável em sua maneira de fazer aquilo, embora eu simplesmente não soubesse dizer o que seria. Sei apenas que era um maneirismo singular o bastante para atrair minha atenção, mesmo que a sua figura estivesse reduzida e entenebrecida na trincheira profunda, e a minha, acima dele, estivesse tão impregnada do fulgor de um bravio pôr do sol, do qual eu protegia, com as mãos em pala, os meus olhos, para poder enxergá-lo distintam...