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Mostrando postagens de setembro, 2023

O HOMEM DAS MULTIDÕES - Conto Clássico Misterioso - Edgar Allan Pöe

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  O HOMEM DAS MULTIDÕES Edgar Allan Pöe (1809 – 1849)   Houve quem dissesse judiciosamente de certo livro alemão: “Es lässt sich nicht lesen” (não se deixa ler). Do mesmo modo há segredos que não se deixam revelar. Quantos homens morrem nos seus leitos torcendo convulsivamente as mãos dos espectros que os confessam e cravando neles olhos lastimáveis! Quantos morrem com o desespero na alma, convulsionados pelo horror dos mistérios que não querem ser revelados! Algumas vezes, ai! a consciência humana geme sob o peso de um horror tão fundo que só o túmulo pode aliviá-la desse fardo. Assim, a essência do crime não pode jamais ser explicada. Ainda não há muito tempo, ao cair de uma tarde de outono, estava eu sentado A janela do hotel D... em Londres. Convalescia então de uma doença de alguns meses, e à medida que ia recuperando as forças, sentia-me numa destas disposições felizes que são precisamente o contrário do aborrecimento; disposições em que a apetência moral est...

UMA INSPIRAÇÃO DO INFERNO - Conto Clássico de Terror - Maciel da Costa

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  UMA INSPIRAÇÃO DO INFERNO Maciel da Costa (Séc. XIX) I Une vengeance terrible, jeune homme! [1] D’Arlincourt, Ismalie.   Corria tranquilo o ano de 1834 e Adolfo, jovem negociante da cidade de São Paulo, só experimentava prazeres e gozos inefáveis na companhia da bela e encantadora Emília. Formai um retrato de uma jovem na vossa imaginação: ondeai-lhe os cabelos, tão pretos como o ébano; alisai-lhe uma testa gentil, ainda não batida pelo vergão da desventura; rasgai-lhe uns olhos vivos que só falam a entusiasta linguagem do coração; torneai-lhe um pescoço em que só brincam as graças; abri-lhe uma pequena boquinha, tão mimosa como um botão de rosa da primavera; imprimi-lhe um porte gracioso, como o de Vênus. — Pois bem, novo Prometeu, ide roubar o fogo do Céu, animai esse retrato e dai-lhe palavras puras como os primitivos hinos da infância, inspirai-lhe pensamentos ardentes como um primeiro amor e lançai-lhe no coração a bondade de um anjo. Eis a mulher que ...

CHAPEUZINHO VERMELHO - Conto Clássico de Terror - Charles Perrault

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  CHAPEUZINHO VERMELHO Charles Perrault (1628 – 1703) Tradução de Paulo Soriano   Era uma vez uma pequena aldeã. Ela era a menina mais linda que se poderia ver. A mãe era louca por ela e a avó mais ainda.  Esta boa senhora mandou fazer para a menina um chapeuzinho vermelho, que lhe assentava tão bem que, em todos os lugares para onde ia, só a chamavam de Chapeuzinho Vermelho. Um dia, sua mãe, depois de assar uns bolinhos, disse à menina: — Vá visitar a avó. Disseram-me que ela está doente. Leve-lhe este bolinho e este potinho de manteiga. Chapeuzinho Vermelho partiu imediatamente para a casa da avó, que morava numa outra aldeia. Passando por um bosque, ela encontrou o Lobo, que teve muita vontade de comê-la. Mas ele, por causa dos lenhadores que estavam na floresta, não ousou devorá-la prontamente. E perguntou à menina para onde ia. A pobre criança, que não sabia o quão era perigoso parar e escutar um lobo, disse-lhe: — Vou visitar a minha avó. Levo para...

A GANÂNCIA PUNIDA - Conto Clássico de Terror - Anônimo Chinês

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  A GANÂNCIA PUNIDA (Anônimo chinês)   No Sul de Yangtze-kiang, um certo homem investiu-se no cargo de professor, em Sutschoufu situado na fronteira com Shantung. Ao chegar ao seu destino, descobriu que o colégio não havia sido, ainda, concluído. No entanto, alugaram um prédio de dois andares nas redondezas, no qual o professor deveria morar e manter a escola nesse meio tempo. Tal casa situava-se fora da aldeia, não muito longe da margem do rio. A partir da casa, uma ampla planície, coberta de arbustos emaranhados, estendia-se por todos os lados. O professor ficou satisfeito com a vista que se lhe abria. Certa noite, estava ele parado, em frente à porta de sua vivenda, contemplando o pôr do Sol. A fumaça, expelida pelas chaminés aldeãs, gradualmente se fundia com as sombras do crepúsculo. Todos os ruídos do dia se haviam dispersado. De repente, ao longe, ao longo da margem do rio, o professor viu um brilho de ígneo. Imediatamente, correu para ver o que poderia ser. E a...

O CLÉRIGO PUNIDO - Narrativa Clássica de Fantasma - William of Malmesbury

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  O CLÉRIGO PUNIDO William of Malmesbury (c. 1095 – c. 1143)   Havia na cidade de Nantes dois jovens clérigos, que ainda não tinham idade para serem padres, mas que esperavam obter tal ofício não por uma vida de bondade e virtude, senão pela proteção do bisco local.   Todavia, ao final, o destino miserável de um deles ensinou ao outro que ambos correram o risco de despencar no abismo infernal. Desde os primeiros tempos da vida, os rapazes foram amigos e rivais e, nas palavras do poeta, "lutando com mãos e pés, teriam até sofrido a morte um pelo outro...". Com o passar dos anos, tornaram-se eles mais eruditos e ricos. De ambos, o intelecto ampliou-se, mas eles continuavam insatisfeitos. Passaram, pois, a enveredar mais pelos caminhos do erro do que os da retidão. Entre outros assuntos, especulavam sobre a aproximação daquele dia, terrível e fatal, que lhes romperia inexoravelmente os laços de amizade; e concordaram num juramento, que os vincularia enquanto es...

A MONTANHA E O SAPATEIRO CAOLHO - Narrativa Clássica Sobrenatural - Marco Polo e Rusticiano de Pisa

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  A MONTANHA E O SAPATEIRO CAOLHO Marco Polo (c. 1254 – 1324) e Rusticiano de Pisa (séc. XIII)   Queremos relatar uma grande maravilha que aconteceu entre Bagdá e Mossul. No ano 1275 da Encarnação de Cristo, havia um califa de Bagdá que odiava os cristãos e, dia e noite, pensava como os poderia converter em sarracenos — ou fazê-los perecer, se não conseguisse obter o primeiro intento. Todos os dias, o califa reunia, em conselho, os seus ministros e seis sábios para preparar os seus planos, pois todos eles abominavam os cristãos. É verdade que todos os mouros odeiam os cristãos. O fato é que o califa — e os sábios que o rodeavam — descobriu que no Evangelho está escrito: " Se um cristão tiver tanta fé como um grão de anis, obterá de Deus, pela sua oração, que duas montanhas se unam ". Ao ler isto, o califa alegrou-se imensamente, pois ali vislumbrou um pretexto para converter os cristãos à religião sarracena ou sacrificá-los a todos. Então o califa convocou todos o...