O HOMEM DAS MULTIDÕES - Conto Clássico Misterioso - Edgar Allan Pöe
O HOMEM DAS MULTIDÕES Edgar Allan Pöe (1809 – 1849) Houve quem dissesse judiciosamente de certo livro alemão: “Es lässt sich nicht lesen” (não se deixa ler). Do mesmo modo há segredos que não se deixam revelar. Quantos homens morrem nos seus leitos torcendo convulsivamente as mãos dos espectros que os confessam e cravando neles olhos lastimáveis! Quantos morrem com o desespero na alma, convulsionados pelo horror dos mistérios que não querem ser revelados! Algumas vezes, ai! a consciência humana geme sob o peso de um horror tão fundo que só o túmulo pode aliviá-la desse fardo. Assim, a essência do crime não pode jamais ser explicada. Ainda não há muito tempo, ao cair de uma tarde de outono, estava eu sentado A janela do hotel D... em Londres. Convalescia então de uma doença de alguns meses, e à medida que ia recuperando as forças, sentia-me numa destas disposições felizes que são precisamente o contrário do aborrecimento; disposições em que a apetência moral est...