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Mostrando postagens de dezembro, 2021

O BERRO DA ROSEIRA - Conto de Terror - Maycon Guedes

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O BERRO DA ROSEIRA Maycon Guedes Eu desejo, fortemente, que tudo o que eu presenciei minutos atrás, seja uma ilusão causada pelo excesso de bebida. Afinal, como tudo aquilo poderia ser real? E cá estou eu, mais uma vez, conversando comigo mesmo. A atmosfera deste cemitério sempre me incomodou, mesmo durante o dia. Eu sempre fui cético; não acredito… não acreditava nessas baboseiras, mas, agora eu tenho minhas dúvidas. De uma coisa eu sei: eu nunca, jamais, andarei à noite pelo cemitério novamente. Aquilo era mesmo um bode preto. Oh, com certeza, era! Ele surgiu do nada! Estava em cima do túmulo bem ao meu lado, quase encostando em meu braço; aquela coisa soltava faíscas da boca enquanto movia sua cabeça para cima e para baixo, bem próximo a mim! E aquelas covas? Eu podia ver a terra se movendo como as ondas do mar; um mar de terra de cemitério; aqueles movimentos davam a impressão de que alguma coisa iria sair de dentro das covas, E os corvos! Sinistros! Pareciam estar zangados com

A DIFÍCIL TAREFA DE DEMÉTRIOS NA ÚLTIMA NOITE DE NATAL - Conto de Terror - Afonso Luiz Pereira

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A DIFÍCIL TAREFA DE DEMÉTRIOS NA ÚLTIMA NOITE DE NATAL Afonso Luiz Pereira   Meu pai sempre me dizia que, em tempos de tribulação ou de guerra, a tarefa mais difícil de realizar era destinada apenas àquele que tinha a capacidade de suportá-la.   Dia 18 de dezembro de 2031.   Depois de dois dias de caminhada, faltando sete para o Natal, milagrosamente encontramos uma árvore saudável, em meio à vegetação rarefeita e depauperada, nascida do solo comprometido da radiação nuclear. Era um pinheiro ainda pequeno, bonito, viçoso e, apesar do tamanho, tínhamos certeza de ser suficientemente adequado para o cobrirmos de penduricalhos natalinos. Oh, sim, Senhor, por certo que poderíamos fazer dele uma verdadeira obra aos olhos das crianças. Elas finalmente teriam a oportunidade de experimentar uma festa natalina completa, como as que se faziam antigamente, e das quais não cansávamos de atiçar-lhes a imaginação. Lembrei-me do brilho dos olhos de Mateus e Alice, meus filhos, quando ou

A QUEDA DA CASA DE USHER - Conto Clássico de Terror - Edgar Allan Poe

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  A QUEDA DA CASA DE USHER Edgar Allan Pöe   Son cœur est un luth suspendu; Sitôt qu’on le touche il résonne. De Béranger.   Era um dia de outono lúgubre, sombrio e silencioso, desses em que as nuvens baixas parecem pesar sobre nós. Eu tinha percorrido, só, a cavalo, grande extensão de um terreno profundamente desolado e era quase noite quando cheguei à vista da melancólica casa de Usher. Não sei dizer por que, ao primeiro olhar sobre essa casa, uma sensação de torturante tristeza se apoderou de meu espírito, a despeito da impressão quase agradável, que os cenários tétricos produzem em nós, em razão de seu caráter poético. Aquela casa isolada e a paisagem tão característica, que a cercava, as paredes nuas, as janelas, que pareciam olhos cegos, as árvores secas e desfolhadas dos arredores... tudo isso produziu em mim uma depressão mental comparável à de um fumante de ópio, quando, ao despertar de seu sonho mórbido, vê-se de novo em face das duras realidades da vida. Er

AS RATAZANAS - Conto de Ficção Cinetífica e Horror - Ângelo Brea

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AS RATAZANAS Ângelo Brea   O som do alarme fez-me acordar, como todos os dias, duas horas  antes de que o Sol começasse a ocultar-se por detrás do horizonte. É  assim porque eu durmo de dia, nas horas nas quais o Sol abrasa toda  a superfície terrestre, e me mantenho acordado apenas durante as últimas horas da tarde, durante toda a noite e as primeiras horas da manhã, quando ainda o nível de radiação solar é relativamente suportável  para os humanos. Entre as frestas da persiana baixada, filtrava-se ainda suficiente claridade como para iluminar perfeitamente o meu quarto.   O primeiro que fiz, como todos os dias, foi ir à casa de banho. O  espelho, quase tão velho como eu próprio, devolveu-me a imagem de  um homem de sessenta e quatro anos, com profundas enrugas no rosto, olhos castanhos, celhas espessas e cabelo quase completamente  branco. Estava cansado de ver-me a mim próprio, dia após dia, e de  comprovar como a minha imagem definhava a olhos vista… O último  ano tinha envelhecido

A MARCA DA BESTIALIDADE - Conto Clássico de Terror - Rudyard Kipling

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A MARCA DA BESTIALIDADE Rudyard Kipling (1865 – 1936)   Ao Leste de Suez, em certo ponto, o controle direto da Providência cessa; os homens passam ao domínio dos deuses e demônios da Ásia, e a Providência da Igreja de Inglaterra exerce, apenas, uma ocasional e modificada supervisão sobre os ingleses. É isso que explica os horrores da vida na Índia. Mas passemos à minha história. Meu amigo Strickland, da polícia, que conhece tão bem os nativos da Índia, tão bem quanto um homem branco, que viveu muitos anos na sua intimidade, pode conhecer, foi testemunha do caso que vou narrar. Dumoise, nosso médico, também viu o que Strickland e eu tivemos ocasião de ver. Este, agora, é morto; morreu de uma maneira estranha, conforme já descrevi em outra oportunidade. Quando Fleete chegou à Índia, possuía algum dinheiro e terras no Himalaia, próximas de um lugar chamado Dharmsala. Todos seus bens ele os havia recebido em herança de um tio e seguiu pessoalmente para a Índia afim de dirigi-los