Postagens

Mostrando postagens de julho, 2018

QUANDO ESCUTAMOS VOZES - Conto de Terror - Jurandir Araguaia

Imagem
QUANDO ESCUTAMOS VOZES Jurandir Araguaia —Alguém abra a porta!   Novamente batem palmas. Reforço minha ordem a plenos pulmões: — Alguém abra a maldita porta! Dou por mim que estou sozinho. Estúpido. Todos saíram. Tão envolvido fiquei com minha obra literária que nem me recordo da solidão. O vazio da casa, as paredes descascadas e algumas teias de aranha, que tento afastar, parecem-me naturais. Da janela da sala posso observar quem bate. Estico o pescoço entre as sombras tentando não ser visto — seria mais fácil ignorar um pedinte inconveniente. Vejo um vulto que me parece familiar. Aperto os olhos, que precisam de óculos, para conferir a estranha figura. Afasto três passos para trás, terrificado. Lembro-me da mesma sensação horrível de ouvir chamarem meu nome, quando criança, e de verificar que não havia ninguém. Quando escutamos vozes é a morte que nos chama, contavam os mais velhos. — Não pode ser, não pode ser. Depois de respirar fundo por alguns instan

A GRIPE NEGRA - Conto Clássico de Ficção Científica - Edgar Wallace

Imagem
A GRIPE NEGRA Edgar Wallace (1875 – 1932) Dr. Hereford Bevan, diretor do Laboratório de Ensaios do Instituto de Doenças Tropicais Jackson, jovem cientista, estudioso e absorvido pela preocupação de ser útil à humanidade, olhava, pensativo, para um pequeno coelho do Cabo, que roía calmamente um punhado de ervas sobre a mesa. O animalzinho, naturalmente, sofrera a inoculação de um soro e se achava sob observação. Não parecia apresentar o menor sintoma de anormalidade. Mas, quem o observasse melhor, verificaria que estava cego. Depois de um quarto de hora de vigilância, o médico agarrou o mísero coelho pelas orelhas e internou-o novamente no viveiro, passando, em seguida, ao salão de estudos. Stuart Gold, seu ajudante, achava-se sentado em cima de uma enorme carteira, de cachimbo a boca, verificando uma série de cálculos, trabalho que interrompeu à chegada de Bevan. —Então? — perguntou — como vai o coelhinho?   —O coelhinho? Comendo tranquilamente — respondeu Beva