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Mostrando postagens de março, 2021

KEHINDE - Conto de Terror - Henry Evaristo

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KEHINDE Henry Evaristo (1975 - 2010)   "Give us time... Let the girl die... I am no one... I am no one... Fear the priest... Fear the priest..." The Exorcist   Encontrei no Saara uma menina possuída por um demônio. Por cinco longos anos o mal a dominava e a fazia vagar entre os animais agrestes, nos ermos, e estar entre eles como um igual. Pelas cercanias ela corria com seus vestidos esvoaçantes em meio às manadas de quadrúpedes dos beduínos; e os atormentava durante a noite com seus uivos, que emitia das vastidões do deserto por onde andava. Seus cabelos desgrenhados formavam uma aura negra em torno de sua cabeça e encobriam parcialmente os olhos, que eram como duas pedras negras incandescentes. De sua língua não saiam senão impropérios e blasfêmias e seu corpo, corrompido por pedaços de pau e outros artefatos pontiagudos, exalava um cheiro pútrido, misto de urina, fezes e suor; um suor inumano, de cavalo, de camelo. Diziam que sua boca emanava um odor de coisa

PROJETO CATARSE: REVISTA MYSTÉRIO RETRÔ Nº4 - Tito Prates

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  REVISTA MYSTÉRIO RETRÔ Nº4 Tito Prates   Revista de suspense, mistério, terror e contos policiais que conquistou o Brasil chega ao Nº 4       Nesse número, a Revista Mystério Retrô encerra a série de fantasia noir da escritora Júlia Torres com A Cada Porco Agrada-lhe sua Pocilga, mais uma vez ilustrado por Carol Mancini   Os artigos da Revista Mystério Retrô Nº4 são:   O Farol do Cabo Aniva - por Ailton Aragão   Teresa Neele a Sulafricana infeliz - por Pedro Cadina   O que é Microconto? - Por Jhefferson Passos   Além da coluna da Chrystal Siqueira com a segunda e última parte do artigo Agatha Christie e a esperteza dos assassinos. Os textos selecionados trazem como convidado AT Sergio com Um Amigo Pede Ajuda e o time de escritores:   O Confessor de Caixão – Debora Gimenes   O Cortejo de Rubens – Gleyciane Silva   Nas Profundezas da Verdade – Lucas Delo Santos   O Fantasma de uma Estrela – Filipe Rodrigues   Raiva no Farol – AA A

MORELLA - Conto Clássico de Terror - Edgar Allan Poe

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MORELLA Edgar Allan Pöe Tradução de Paulo Soriano   Αυτο καθ’ αυτο μεθ’ αυτου, μονο ειδες αει αιει ον. O mesmo, por si mesmo, consigo mesmo, eterna e homogeneamente. Platão. Sympós .   Era com um sentimento de afeto profundo, conquanto singular, que eu considerava a minha amiga Morella. Tendo-a conhecido ocasionalmente há muitos anos, a minha alma, desde o nosso primeiro encontro, ardeu num fogo que eu jamais conhecera; mas esse fogo não era o de Eros e, para meu espírito, a gradual convicção de que eu não podia definir o seu insólito significado, nem regular a sua vaga intensidade, representava um amargo tormento. Ainda assim, nós nos encontramos; e o destino nos uniu no altar; jamais falei de paixão, nem pensei no amor. Ela, no entanto, evitava a sociedade e, apegando-se apenas a mim, fazia-me feliz. É uma felicidade admirar-se; é uma felicidade sonhar. A erudição de Morella era profunda. Como espero mostrar, seus talentos não eram comuns — sua potência mental era g

O FANTASMA DA AIA - Narrativa Clássica Sobrenatural - Catherine Crowe

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  O FANTASMA DA AIA Catherine Crowe (1803 – 1876) Tradução de Paulo Soriano   Um fato deveras singular sucedeu à talentosa autora de "Cartas do Báltico" [1] , do qual meus leitores podem formular a interpretação que lhes aprouver. Ei-la: Na noite anterior à sua partida de Petersburgo, ela passou na casa de um amigo. O cômodo que lhe destinaram era um grande refeitório, no qual puseram uma cama provisória e um biombo disposto de maneira a conferir uma atmosfera confortável ao recanto onde ficava o leito em que ela se recolheu para dormir. Ninguém que a conheça pode suspeitar que ela experimentara meras ilusões espectrais ou que fora incapaz de saber exatamente aquilo que via. Como deveria dar início à sua viagem no dia seguinte, pedira para ser chamada uma hora antes de partir. Assim, no dia seguinte,   ela se viu acordada por uma velha mulher, vestida com um traje russo completo, que olhou para ela e acenou-lhe com a cabeça, a sorrir, com isto querendo dizer, co

O CAPITÃO ASSASSINO - Conto Clássico de Horror - Charles Dickens

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O CAPITÃO ASSASSINO Charles Dickens (1822 – 1870) Tradução de Paulo Soriano   O primeiro personagem diabólico a imiscuir-se em minha pacífica infância — como eu rememorei naquele dia em Dullborough — foi um certo Capitão Assassino. Este desgraçado deve ter sido um descendente da família de Barba Azul, mas, naquela época, eu não nutria suspeita alguma de tal consanguinidade. A advertência que havia em seu nome não parecia suscitar qualquer preconceito generalizado contra ele, pois era admitido na alta sociedade e possuía imensa riqueza. O objetivo do capitão assassino era o matrimônio e a satisfação de um apetite canibalesco com ternas noivas. Na manhã de cada um de seus casamentos, ele providenciava que ambas as margens do caminho até a igreja estivessem ornamentadas por flores exóticas; e quando sua noiva perguntava: "Caro Capitão Assassino, eu nunca vi flores como estas; como se chamam elas?", ele respondia: "Chamam-se Guarnições para Cordeirinhas Doméstica

A CASA DE CAMDEN HILL - Conto Clássico Sobrenatural - Catherine Crowe

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A CASA DE CAMDEN HILL Catherine Crowe (1803 – 1876) A casa em que morava o casal B..., em Camden Hill, nada tinha de especial, salvo o grande número de quartos, todos confortáveis. O senhor e a senhora B... a haviam alugado, por um preço razoável, de um homem de negócios de Temple com a intenção de convertê-la numa pensão, onde poderiam alojar modestos funcionários ou empregados da vizinhança. No começo, graças à módica hospedagem, o negócio prosperou, mas, num belo dia, um jovem empregado, de nome Rose, foi embora repentinamente, alegando que o seu quarto era mal-assombrado. Os esposos B... jamais haviam ocupado aquele quarto, um cômodo espaçoso que dava para o jardim. Deste modo, antes de voltar a alugá-lo, decidiram comprovar por si mesmos o que acontecia nele. Desde a primeira noite, tiveram de reconhecer que Rose não havia mentido. Entre uma e duas horas da madrugada, a senhora B... foi acordada por um estranho ruído, “como o de um enorme gato arranhando as unhas no