A ALMA DO OUTRO MUNDO - Narrativa Verídica - Anônimo do séc. XIX
A ALMA DO OUTRO MUNDO Anônimo do séc. XIX Lemos no Jornal do Comércio do Rio: “Isto, que talvez pareça a muitos uma fantasia, é um fato real, sucedido há bem pouco tempo. Vinha raiando o dia: a manhã era fresca, o tempo sereno. Pela estrada do Barreto, em Niterói, ia seguindo, a trote largo, na sua carrocinha, um empregado de padaria, encarregado da distribuição do pão a vários fregueses moradores além do cemitério de Maruí. Habituado a esse trajeto matutino, o bom rapaz nem se dava por achado com os contínuos solavancos de seu veículo, e, como se estivesse reclinado no mais macio de todo os coxins do Oriente, dava largas à imaginação, e ia com seus castelos no ar prelibando o favo de mel de uma vida toda de abastança, que sonhava passar quando chegasse a ser o que mais pode ambicionar um entregador de pão, quando chegasse a ser dono de uma padaria... Quantos planos! Que futuro tão dourado pela fagueira esperança! De repente, soou-lhe aos ouvidos