Postagens

Mostrando postagens de junho, 2019

O HORRÍVEL - Conto Clássico de Horror - Guy de Maupassant

Imagem
O HORRÍVEL Guy de Maupassant (1850 – 1893)   A noite tépida descia lentamente. As senhoras tinham ficado no salão da quinta. Os homens, sentados ou a cavalo nas cadeiras do jardim, fumavam diante da mesa abandonada, carregada de taças e cálices. Seus charutos brilhavam como olhos na sombra espessa, de minuto em minuto. Acabavam de narrar um terrível acidente acontecido na véspera: dois homens e três mulheres afogados à vista dos convidados em frente ao rio. O General G... pronunciou-se:   — Sim, estas coisas são emocionantes, mas não são horríveis. “O horrível — esta velha palavra — quer dizer muitíssimo mais que terrível.   Um medonho acidente como este emociona.   Para que se experimente o horror, é preciso mais que a emoção da alma e mais que o espetáculo de uma morte terrível.   É preciso um calafrio de mistério ou uma sensação de pavor anormal, sobrenatural. Um homem que morre, mesmo nas condições mais dramáticas, não causa horror. Um campo de batalha não é ho

MARIA DE VELHE - Conto de Terror - José Manuel Barbosa

Imagem
MARIA DE VELHE José Manuel Barbosa Maria gostava de sair muitas noites quando tinha tempo. Sextas, Sábados e Domingos eram dias de lazer nos que as reuniões com os amigos, as pequenas viagens em grupo, as festas, bailes, rir e sobre tudo amar, eram o normal. Aquela noite, Maria não combinara com ninguém, mas ia até a sala de festas onde sempre haveria alguém conhecido, ou de não o haver procuraria conhecer gente nova para próximas vezes. Fazia algo de fresco naquela noite de primavera, polo que optou por levar uma jaquetinha ligeira e uma pequena saca onde levava a sua agenda com telefones por se forem necessários. Saiu da casa quando a obscuridade governava o céu e alegremente decidiu ir caminhando para desfrutar aquele serão que começava a estrelar-se mas com a frescura agradável com a que nos faz gozar a natureza no mês de Junho. Foi baixando de Velhe até as Lagoas e de ali ao centro de Ourense onde decidiu entrar numa sala cheia de gente. Alguns bailavam, ou

O VELHO DA PENA PATELA - Conto de Terror - Adela Figueroa Panisse

Imagem
O VELHO DA PENA PATELA Adela Figueroa Panisse "Com que vamos construir os nossos lares? ” O rapaz levantou a vista do chão, olhou para frente e viu-o. Lá ele estava com a vista, de olhos vácuos, dirigida para o infinito. O seu ar solene impressionava-o sempre: Sentado na pedra branca que eles chamavam a “Pena Patela” apoiava-se levemente na bengala – comprida – que, fincada no chão, apontava para ao céu. Uma perna dobrada e a outra estendida sobre a pedra. A mão direita pegando no bordão e a esquerda pousada no joelho. Parecia confundir-se com a paisagem até formar parte dela. De perfil enxuto, queixo proeminente, barba branca e cabelo longo, semelhava um velho druida, como aqueles que o pai lhe tinha ensinado num livro antigo. Ou como aqueles dos que ouvira falar quando ia, pelo verão, à Irlanda à casa dos primos. O lugar em que se encontrava o ancião era um pequeno outeiro que dominava a parte alta do vale do Minho. A Pena Patela era a atalaia preferida do Gaibor.