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Mostrando postagens de agosto, 2021

A MULHER-SERPENTE - Conto Clássico de Terror - Flora Annie Steel

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A MULHER-SERPENTE (Lenda indiana) Flora Annie Steel (1847-1929) Tradução de Paulo Soriano     Certa feita, tendo o rei Ali Mardan [1] saído para caçar na floresta, à margem do belo lago Dal, que se estende límpido e tranquilo entre as montanhas e a cidade real de Srinagar, de repente deparou-se com uma donzela, linda como uma flor, que, sentada sob uma árvore, chorava amargamente. Pedindo a seus acompanhantes que permanecessem à distância, aproximou-se da donzela e perguntou-lhe quem ela era e como ficou sozinha no bosque selvagem. — Ó grande rei — ela respondeu, olhando-o no rosto —, sou a serva do imperador da China [2] e, enquanto vagava pelos jardins das delícias de seu palácio, eu me perdi. Não sei o quanto caminhei desde então, mas, agora, devo certamente morrer, pois estou cansada e faminta! — Enquanto Ali Mardan puder salvá-la, uma tão bela uma donzela não morrerá — disse o monarca, lançando um ardente olhar à bela moça. Ele, então, ordenou a seus servos que a levassem, com o

O TÚMULO DE GELLERT - Conto Clássico de Horror - Joseph Jacobs

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  O TÚMULO DE GELLERT (Lenda Celta - País de Gales) Joseph Jacobs (1854 – 1916) Tradução de Paulo Soriano   O príncipe Llewelyn tinha um galgo favorito, chamado Gellert, que lhe havia sido dado pelo rei João, seu sogro.  O cão era dócil como um cordeiro em casa, mas um leão na caça. Certo dia, Llewelyn saiu para a caçada e tocou a corneta à frente de seu castelo. Todos os cães, exceto Gellert, atenderam ao chamado. O príncipe, então, tangeu a sua corneta ainda mais alto e chamou Gellert pelo nome. O galgo, porém, não apareceu. Por fim, Llewelyn não pôde mais esperar e saiu para a caçada sem ele. Naquele dia, o príncipe não se divertiu a contento, porque Gellert — o mais rápido e ousado de seus cães — não estava com ele. Voltou, então, furioso para seu castelo e, quando chegou ao portão, viu que era justamente o cão Gellert que corria ao seu encontro. Mas quando o galgo se aproximou, o príncipe assustou-se ao ver que das fuças e presas do animal pingava sangue. Llewelyn

LANÇAMENTO - AS CRÔNICAS DA NOVA GRÉCIA - Jonas Lima Alves - Atípica Editorial

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  AS CRÔNICAS DA NOVA GRÉCIA Jonas Lima Alves   “ As crônicas da Nova Grécia ” é o livro de estreia do escritor Jonas Lima Alves. Esta obra de literatura fantástica, apesar de ambientada no passado, tem analogias claras a acontecimentos que, ainda hoje, afetam nosso presente. Seus protagonistas são Lisimba – semideus que herdou seu nome e sua aparência do pai egípcio, embora seja grego e tenha habilidades excepcionais como sua mãe, Afrodite – e Zara – filha de uma egípcia e um indiano, tornada guerreira com o auxílio de Hércules. Ambos se veem num lugar divido em dois reinos, Atenas e Esparta, onde os líderes se preparam para uma guerra iminente pela unificação da Grécia. Zara, por ter jurado lealdade à Afrodite, se junta ao filho da deusa para protegê-lo numa jornada perigosa, posto que Lisimba prometeu levar a princesa ateniense Aletha, que se encontra em solo espartano, de volta a Atenas. Fazem isso cientes de que, mais perigosos do que as criaturas com as quais se deparar

O CAMPO MALDITO - Narrativa Clássica Sobrenatural - Casimir Puichaud

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O CAMPO MALDITO Casimir Puichaud (1853 – 19...?) Tradução de Paulo Soriano   Entre Clessé, Saint-Germain-de-Longues-Chauraes e Fénéry, num campo dos domínios de Bonnefontaine, pereceu, não sei quando — tanto tempo que faz! —, um homem, certamente um pescador, provavelmente assassinado. Desde então, o campo do crime, onde seu corpo descansa, é amaldiçoado. Num dia de inverno, estávamos eu e um amigo caçando em Bonnefontaine, onde temos uma casinha. Decidimos voltar para casa, onde pernoitaríamos e retomaríamos a caçada no dia seguinte. Um denso e frio nevoeiro nos engolfou no caminho de regresso. Em casa, acomodamo-nos, descansando os pés sobre o cão da lareira, em frente a um belo lume. A ceia foi curta e frugal. Por volta das oito horas, para nos livrarmos rapidamente da monotonia imposta pela companhia um do outro, convidamos o fazendeiro a unir-se ao nosso serão. Um nevoeiro sucedeu à chuva, que caiu espessa, açoitando o telhado. Soprava um vento forte. O fazendeir

AS CRIANÇAS QUE BRINCAVAM DE AÇOUGUEIRO - Conto Clássico de Horror - Irmãos Grimm

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  AS CRIANÇAS QUE BRINCAVAM DE AÇOUGUEIRO Irmãos Grimm (Jacob Grimm [1785 – 1863] e Wilhelm Grimm [1786 – 1859])     Certa feita, um pai matou um porco na presença dos filhos. À tarde, quando as crianças estavam a brincar, uma disse à outra: — Agora você é o porquinho e eu sou o açougueiro. Pegou, então, uma faca e a mergulhou na garganta do irmãozinho. A mãe estava no andar de cima, banhando o caçula, quando ouviu o grito de seu filho. Imediatamente, ela desceu as escadas. Ao ver o que acontecera, a mulher puxou a faca da garganta do menino e, tomada de fúria, apunhalou a outra criança — a que se fazia de açougueiro — no coração. Então, subiu para ver o bebê que deixara na banheira; mas, ao chegar, viu que a criancinha já se afogara. A mulher ficou tão assustada e desesperada que rejeitou o consolo dos criados e, finalmente, se enforcou. Quando o marido voltou dos campos, e viu o que se passara, ficou tão melancólico que morreu pouco depois.   Versão em portu

A GAITA DO DIABO - Conto Clássico de Terror - George Sand

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  A GAITA DO DIABO George Sand (1804 – 1876) Tradução de Paulo Soriano     Em Morvan, os menestréis são guias de lobos. Somente aprendem música dedicando-se ao diabo, e o mestre, muitas vezes, espanca-os e quebra-lhes os instrumentos nas costas, quando os discípulos não lhe obedecem. Os lobos daquelas terras, que não são verdadeiramente lobos, também são súditos Satanás.  Em Morvan, preserva-se melhor a tradição da licantropia do que em Berry. Há cinquenta anos, diziam-se bruxos os tocadores de violas e de gaitas de foles no Vale Negro. Conquanto tenham perdido essa má reputação, ainda se conta a história de um mestre gaitista que era dotado de tanto talento, e mantinha um comportamento tão cristão, que o pároco o fazia tocar na missa, durante a elevação da hóstia. O músico tocava árias litúrgicas, condizentes com a educação musical dos menestréis da época, mas cuja execução os párocos raramente permitiam, mercê de suas práticas secretas, que não eram — dizia-se — as mais c

O CHEVAL MALLET - Conto Clássico de Terror - Casimir Puichaud

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  O CHEVAL MALLET Casimir Puichaud (1853 – 19...) Tradução de Paulo Soriano   O Cheval Mallet é um magnífico corcel, de pelos negros e brilhantes, que atravessa, nas noites sombrias, guarnecido de esplêndido arreio, os caminhos desertos de Poitevin. Se encontra um viajante solitário, curva-se afavelmente para ele, e relincha docilmente, como se para fazê-lo compreender que lhe oferece complacentemente o trono de seu poderoso dorso para conduzi-lo até a porta de sua morada. O viajante, cansado, aceita a ajuda que lhe é oferecida. O viajante sobe à sela, satisfeito com o cômodo regresso que fará, tendo em sua mente maravilhada a visão de sua família reunida, esperando por ele. Ele antecipa o cenário, vê os pratos belos e fumegantes, cuja convidativa fragrância é deliciosa. O vinho espuma em copos transparentes e o lume brilha alegremente na lareira em chamas, enquanto o viajante abraça a família, feliz com o reencontro. Sim, o viajante sobe à sela. Imediatamente, como um violento tornad

A MACABRA AVENTURA DE THIBAUD DE LA JACQUIÈRE - Conto Clássico de Terror - Charles Nodier

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  A MACABRA AVENTURA DE THIBAUD DE LA JACQUIÈRE Charles Nodier (1780 – 1844 ) Tradução de Paulo Soriano   Um rico comerciante de Lyon, chamado Jacques de la Jacquière, tornou-se preboste da cidade em razão de sua probidade e dos muitos bens que adquirira sem mácula à sua reputação. Era caridoso com os pobres e bondoso para com toda a gente. Thibaud de la Jacquière, seu único filho, tinha um caráter diferente. Conquanto belo, era um jovem malicioso, que aprendera a quebrar os vidros das janelas, a seduzir garotas e a insultar os homens de armas do rei, a quem servia de porta-estandarte. Não se falava de outras coisas senão das travessuras de Thibaud em Paris, Fontainebleau e outras cidades onde o rei vivia.  Um dia, o próprio rei, Francisco I, escandalizado com o mau comportamento do jovem Thibaud, mandou-o de volta a Lyon, para corrigir-se na casa do pai. O bom preboste morava na esquina da Place Bellecour. Thibaud foi recebido com grande alegria na casa paterna.  À sua