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Mostrando postagens de janeiro, 2020

ROBERTO DE SOUSA CAUSO COMENTA AS "NARRATIVAS FANTÁSTICAS DO MALLEUS MALEFICARUM"

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ROBERTO DE SOUSA CAUSO COMENTA AS "NARRATIVAS FANTÁSTICAS DO MALLEUS MALEFICARUM" O livro de Paulo é um projeto muito original, que aparece com uma ótima apresentação gráfica: Narrativas Fantásticas do Malleus Maleficarum ou O Martelo das Feiticeiras: Manual Inquisitorial de Caça às Bruxas , no qual Paulo seleciona, traduz e apresenta os textos da infame obra medieval de Heinrich Kramer & Jakob Sprenger publicada em 1487 (século 15). O livro era mesmo um manual de caças às bruxas, de como identificar e processar as supostas feiticeiras da Idade Média, e certamente a sua difusão fez mal a muitas mulheres (e alguns homens) daquele período. Traduzindo do inglês e espanhol, o dinâmico Paulo Soriano traz ao público brasileiro alguns trechos desse livro de interesse histórico, às vezes mais adaptados do que meramente traduzidos, que formam narrativas e que ilustram como as pessoas de então compreendiam as ideias da bruxaria e do pacto com o diabo.  O livro

ELIZABETH BATHORY, A CONDESSA SANGUINÁRIA - Narrativa Verídica - Autor Anônimo do séc. XIX

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ELIZABETH BATHORY, A CONDESSA SANGUINÁRIA Autor anônimo do séc. XIX Escritores e cronistas de todas as épocas têm mencionado diferentes tipos de homens-monstros, cada qual mais horrendo, exemplos lamentáveis à queda do ser humano na bestialidade, vizinha da loucura e fruto de taras misteriosas e poderosas. A lista é imensa e entre esses espíritos deformados citaremos o "Vampiro de Dusseldorf", o "Jack, o Estripador", o "Barba Azul" francês, e, mais recentemente, o "Vampiro" inglês, cujos crimes horrorizaram o mundo inteiro. Entretanto, não só entre os homens surgem degenerados. Há também as mulheres-monstros e entre elas citamos Elizabeth Bathory, cuja história passamos a contar. Elizabeth Bathory veio ao mundo em 1560 e pertenceu a uma das famílias mais poderosas do Oriente europeu. Seus pais lhe deram o nome de Cutkeled; porém, tendo os seus antepassados, no século XIII, emigrado da Suécia para a Hungria e adotado o sobrenome de B

UM CONDENADO À MORTE - Narrativa Clássica de Horror - Autor anônimo do séc. XX

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UM CONDENADO À MORTE Autor anônimo do séc. XX Prisão de La Santé, em Paris. A sétima divisão,   afeta   a grande vigilância, acha-se no terceiro andar e contém as quatro celas malditas — 3, 5, 7 e 9. Nelas são encerrados aqueles que a Justiça condenou à pena de Talião, enquanto esperam que lhes seja concedido ou negado o pedido de graça que dirigiram ao presidente da República. Essas celas pouco diferem das outras que constituem a sétima divisão: sólidos ferrolhos e fechaduras, como só existem nas prisões, imobilizam as portas. Pela rótula, entreaberta, avista-se um leito e uma mesa de ferro presos ao muro, e uma cadeira acorrentada ao assoalho por um dos pés. São os únicos moveis dos mortos-vivos que não podem ter nenhum objeto ao alcance das mãos. Numa concavidade da parede, brilha uma torneira do cobre concebida de tal maneira que seria impossível utilizá-la como suporte para uma corda, no caso de um preso querer enforcar-se. Conhecido o veredito do júri, que

UM CERTO ANIMAL- Conto Insólito - Elias Antunes

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UM CERTO ANIMAL Elias Antunes (Taguatinga/BR) (Conto finalista do I Concurso Literário “Contos Grotescos” – Prêmio Edgar Allan Pöe) — Passo o dia a refletir sobre o que eu possa ser. À noite, quando se descuidam, saio de meu esconderijo para observar a Lua pelas pequenas aberturas da máscara de pano. Moro na lama, na lama e no exílio de meus dias. Conheço quase que exclusivamente a noite. Minha casa não passa de um laboratório. Chamam-me o homem-elefante-das-terras-quentes, ou o homem-dragão. Meu desfigurado corpo é alvo das lentes obstinadas da ciência e transformou-se em ponto turístico desta cidade beira-rio (beira-lama seria mais correto). Uma certa parte da semana fazem fila para observarem meu corpo. Talvez saibam que escapulo de vez em quando e não se importam, pois sabem que não irei longe. Estudam meu corpo e meus hábitos com um cuidado antigo. Não há espelhos em minha casa, para que não me ofenda com minha imagem, ou para que não me perca dentro de mim mesm

A LENDA DO CASAL CHATERVEELL - Conto de Terror - Max Miranda

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A LENDA DO CASAL CHATERVEELL Max Miranda (Conto finalista do I Concurso Literário “Contos Grotescos” – Prêmio Edgar Allan Pöe) Estranhos envolvidos numa alma insone. Manhã fria: quem não acordou ali, morto permanece. O silêncio escorre entre as primeiras listras luminosas, inacabadas luzes. A casa cabia poucas frestas. Úmida. Amanhece, e um fio de palavras distantes ocupa o vento, rasteja até aos ouvidos de hóspedes e humildes. O casal acorda. Não anuncia o despertar. O lugar, sempre aos pés do medo, se encarrega de abrir os olhos de todos. Os dois descem a escadaria. “Sorrir é uma desgraça”. Ele concorda com um sinal forçoso nos lábios. No último degrau, pronuncia: “Seres de Chaterveell, não morram por amor. Saibam, atiro a morte aos amantes dos maus desejos”. Terminou a fala e sentaram num sofá vinho de respingos vermelhos. Vozes aumentam. Agitação e desequilíbrio na sala. Ninguém imagina o fim da manhã ou o começo da noite. Um barulho deixa a atmosfera indecisa. Não

ASSALTANTES ONÍRICOS - Conto Fantástico - Raphael Reys

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ASSALTANTES ONÍRICOS Raphael Reys (Montes Claros/BR) (Conto finalista do I Concurso Literário “Contos Grotescos” – Prêmio Edgar Allan Pöe) Vivi por vinte e cinco anos viajando com mais freqüência pelo Norte, Meio Norte, Nordeste, Minas Gerais onde ouvi, vi e acompanhei fatos de paranormalidade e manifestação de sabedoria nativa ou intuitiva. Os fatos citados nessa crônica foram obtidos do depoimento de inúmeros e distintos moradores ou viajantes ao longo do trecho no qual ocorreram as vias- de- fato. Acontecem coisas nesse louco mundo de múltiplas manifestações que não dá para entender conforme a razão habitual. Nada melhor do que as estradas da vida para nos confrontar com ocorrências insólitas! Os nossos carmas são programações visando a nos propiciar experiências retificadoras entre muitas. A métrica, entretanto, pode e deve ser alterada para um melhor e mais salutar resultado desde que a ela nos intuímos. Enquanto dormimos, a alma alça voo e toma ru

PRÓXIMO AO CADAFALSO - Conto de Horror - Carlos Eduardo Cabral

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PRÓXIMO AO CADAFALSO Carlos Eduardo Cabral (São Paulo/SP) (Conto finalista do I Concurso Literário “Contos Grotescos” – Prêmio Edgar Allan Pöe) Amanhecer, eu saúdo a beleza dos teus raios: tão quentes e afáveis, coisa que a noite nunca foi. Em prantos eu te vejo pela última vez, me abençoe, pois, vou de encontro ao meu destino; “O mal não descansará”, Hipnos 1 me recusa acoite nesta que será minha última noite da minha vida malfadada; com a ajuda vinho eu ponderei sobre meus atos, eu bebo em honra a Mefistófeles 2 com seus serviçais, e isso é muito melhor entre amigos, mas, para onde eles foram?,ninguém para compartilhar comigo meu último cálice! Então, bebo em homenagem aos que dividem comigo o meu pesar; badale, irmão, badale, por mim o sino de esperança e fé! Badale o sino da minha danação, estou próximo da forca. Consternado eu recito este epitáfio, meu canto do cisne 3 , minha lápide, o derradeiro adeus do meu coração; nas colinas de Tyburn 4 , bem lá no alto es

A HISTÓRIA DE MINHA LOUCURA - Conto de Horror - Augusto Galery

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A HISTÓRIA DE MINHA LOUCURA Augusto Galery (São Paulo/BR) (Conto finalista do I Concurso Literário “Contos Grotescos” – Prêmio Edgar Allan Pöe) Trancafiado, enfim. Desta cela cinzenta e acolchoada, vejo apenas noites sem lua. Ou sou eu que estou cego? O abuso de remédios quase me impede de ficar em pé, o que é bom, pois me mantém longe da eletricidade que atravessa os limites de minha prisão. É claro que não estou dopado por acaso. O intuito também não é minha recuperação. É bem mais perverso: querem que eu esqueça minha história, passando assim a não ser. Não-ser. Só o ser ameaça, eles bem sabem. É por isso que é tão importante manter minha memória. Não que eu consiga recuperá-la por completo. Minha infância é um borrão, no qual mais adivinho coisas, nas imagens espelhadas, do que realmente me lembro. Adolescência, faculdade, trabalhos, tudo é noite escura e floresta negra. Mas eu me lembro bem dela. É por isso que ela continua mandando os remédios para de