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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

A MÃO DO LOBISOMEM - Conto Clássico Humorístico de Horror - Paul L. Jacobs

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A MÃO DO LOBISOMEM Paul L. Jacobs (1806 – 1884) Os lobisomens vieram-nos, provavelmente, dos Caldeus e dos povos pastores que se viam obrigados a defender seus gados contra os lobos.   E o terror que esses animais infundiam, divagando, à noite, em volta dos currais, favorecia os malfeitores, que se disfarçavam em lobos furiosos para cometer roubos ou atos de vingança. Daqui provém esta superstição de todos os tempos e de todos os países, conhecida por nomes diferentes, e rodeada por circunstâncias mais ou menos estranhas: Luciano [1] , Plínio [2] , Virgílio [3] se ocuparam destas coisas. Finalmente, esses homens antropófagos, que andam de noite solitários e furiosos, tendo sinais característicos de lobo, se perpetuam ainda em muitos pontos da França. Há anos que a aldeia de Ryans, que foi uma grande cidade, cinco léguas distantes de Bourges, tinha uma família de lobisomens, pobres trabalhadores, aos quais muitas vezes recusavam trabalho e pão, porquanto as pessoas acre

O FANTASMA DE VALPO - Narrativa Clássica de Terror - Narrativa Verídica - Anônimo do séc. XIX

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O FANTASMA DE VALPO Anônimo do séc. XIX Eis aqui, finalmente, a aparição de uma alma do outro mundo, revestida de tais circunstâncias   que, ao menos desta vez, não há remédio senão dizer que spiritus qui vadit, redit [1] . “Na vila de Valpo, Esclavônia — diz a gazeta de Presburgo, copiada pelo Freyschutz de Hamburgo — aconteceu algo notável, sobre o qual o reverendo bispo de Fünfkirchen está procedendo a rigoroso exame. Havia tempos que o castelo de Valpo era infestado de aparições. Cinco vezes sucessivas, e com intervalos muito curtos, havia aparecido ao coronel Von Koeth uma e a mesma visão. O fantasma aparecia sempre à meia-noite em trajes de mulher, com um vestido à turca de cetim cor-de-rosa, e um longo véu que lhe descia aos pés. A sua exigência era que o dono do castelo mandasse desenterrar os seus ossos e que os fizesse depositar em solo sagrado. Com isto, designava o lugar em que o cadáver tinha sido enterrado, dizia onde havia sido assassinada a p

O GATO PRETO - Conto Clássico de Terror - Edgar Allan Poe

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O GATO PRETO Edgar Allan Pöe (1809 - 1849) Tradução: S. de M. (Séc. XIX)   Não espero nem peço que acreditem na extraordinária e, contudo, vulgar história que lhe vou narrar. Na realidade, seria um louco se tal esperasse, num caso em que os meus sentidos repelem o seu próprio testemunho. E, todavia, eu não sou um doido —e não estou sonhando, com certeza. Mas, como devo morrer amanhã, quero hoje aliviar a minha alma. O meu fim imediato é apresentar ao mundo —claramente, sucintamente e sem comentários —uma série de simples acontecimentos domésticos. Pelas suas consequências, esses acontecimentos terrificaram-me, torturaram-me, aniquilaram-me. Entretanto, não tentarei aclará-los. Considero-os horríveis, ainda que a muitas pessoas possam parecer menos terríveis do que estranhos. É possível que mais tarde haja uma inteligência mais serena que reduza o meu fantasma à situação comezinha de simples lugar comum —uma inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável q

UMA ALMA DO OUTRO MUNDO - Conto Clássico de Horror - V. P.

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UMA ALMA DO OUTRO MUNDO V. P. (séc. XIX)   I — Meu caro senhor, sei que tem uma linda casa de campo, que me convém perfeitamente. Desejo alugá-la. — Essa casa do campo! Sim, senhor, ela é minha. Mas eu não a alugo — respondeu o velho homem ao cavalheiro que lhe falava. — Mas por quê? — Porque, senhor — respondeu o outro, chegando-se com mistério e falando baixo —, tenho sofrido muito por causa dos inquilinos. Chamam-me de feiticeiro. Dizem que tenho pacto com o diabo e... — Como assim? — Já lhe conto — respondeu ele, olhando para todos os lados. — Na casa, aparecem fantasmas. E asseguro mesmo que tem desaparecido objetos que nunca mais se acham. Uma senhora gravemente enferma, que quase se achava restabelecida, recaiu perigosamente naquela agradável habitação, e daí a dois meses morreu, falando sempre, nos seus delírios, em uma alma do outro mundo. Outra, que se quis fazer de animosa, enlouqueceu. Finalmente, um menino perdeu a fala. Bem vê o senhor que não há interesse que me obrigue