OS APARECIDOS - Conto Clássico de Loucura - E. T. A. Hoffmann
OS APARECIDOS
E. T. A. Hoffmann
(1776 – 1822)
Quando
se referiam ao último cerco a Dresden[1], o
rosto de Anselmus, geralmente pálido, ficava ainda mais lívido. Juntava as
mãos; seus joelhos entrechocavam-se; seus olhos denunciavam a turbulência que
ia em seu espírito e a confusão de seus pensamentos.
—
Bom Deus! — dizia ele. — Não sei por que tirei as minhas botas de montaria! Não
prestei atenção à chuva de tiros ou às granadas explodindo. Mas sei que entrei
na cidade pela ponte nova. E aquele homem alto que encontrei! Como é triste
estar encerrado neste maldito recinto de muralhas, baluartes, parapeitos, fortins,
passagens cobertas! Quantas tristezas e misérias fui obrigado a suportar! Nada
tínhamos para comer. Se, ao folhear o dicionário para passar o tempo, encontrávamos
a palavra “comer”, gritávamos de espanto: “Comer! O que é isso?”. Pessoas, outrora
gorduchas, abotoavam a própria pele como uma grande camisa, como um paletó
natural. Ó Deus, se o arquivista Lindhorst ainda estivesse vivo! Popowicz
queria me derrear a pauladas, mas a ninfa prateada das águas salvou minha
vida... Ó Agafia!
Ao
pronunciar este nome, Anselmus costumava pular da cadeira, correr e pular duas
ou três vezes e, depois, sentar-se novamente. Era totalmente inútil perguntar a
Anselmus o que significavam esses trejeitos absurdos e bizarros. Ele se
contentava em responder:
—
Posso contar tudo o que me aconteceu com Popowicz e Agafia sem que me tomem por
louco?
Então,
pelos rostos dos presentes transitava um sorriso equívoco, que parecia dizer:
“Bem, meu caro, não precisamos disso para acreditar que você enlouqueceu”.
Numa
noite escura e silenciosa de outubro, Anselmus, que julgavam estar muito longe
dali, irrompeu inesperadamente na casa de um de seus amigos. Ele estava
profundamente comovido, mais terno e afetuoso do que de costume, quase triste.
Seu humor turbulento e um tanto selvagem foi suavizado e subjugado pelo
misterioso poder que se apoderara de seu espírito.
Era
noite avançada, e o amigo de Anselmus quis acender a lareira. Anselmus o segurou pelos dois braços.
—
Você quer, pelo menos uma vez — disse ele — agir conforme o meu desejo? Não
acenda a lareira. Vamos nos contentar com o brilho fraco desta lamparina que,
daquele gabinete, nos envia seus raios pálidos. Você pode fazer o que quiser,
beber chá, fumar, desde que não quebre uma xícara e jogue uma isca acesa em meu
casaco novo. Isso não só me aborreceria, mas também perturbaria a calma e o
silêncio deste jardim encantado em que hoje entrei e onde desfruto de mil
delícias. Vou sentar-me neste sofá.
Sentou-se
e, após uma longa pausa, prosseguiu:
—
Amanhã de manhã, às oito horas, faz precisamente dois anos que o conde de Lobau
deixou Dresden, com doze mil homens e vinte e quatro peças de canhão, para
abrir uma passagem nas montanhas de Misnia...
—
Por Deus! — disse o amigo de Anselmus,
rindo alto. — Tenho de admitir que, ao
ouvi-lo falar de um jardim encantado, eu esperava, com devoção, ver surgir uma
aparição celestial. O que eu tenho a ver com o seu Conde de Lobau e com sua retirada?
Como pode saber desses números exatos: doze mil homens e vinte e quatro peças de canhão?
Desde quando os fatos militares estão tão profundamente gravados em seu cérebro?
—
Ora essa! — redarguiu Anselmus. — Então aquele tempo tão cheio de múltiplos acontecimentos
já se tornou estranho para você? Não se lembra que todos nós fomos tomados uma inclinação
belicosa? O noli turbare não nos salvou delas e não queríamos ser salvos
delas. Não sei qual demônio rasgou nossos peitos, nos excitou, nos estimulou a
lutar. Cada um de nós pegava numa arma pela primeira vez, não para se defender,
mas para se consolar, para buscar na morte o castigo de uma fraqueza
vergonhosa. Bem, era esse ardor estranho que me arrancou das artes e das
ciências e me impeliu para o centro da confusão selvagem e sangrenta. Pois senti, justamente naquela noite, aquele ardor
sóbrio que, naqueles nefastos dias, inflamava a minha alma.
“Era-me
possível ficar sentado diante de minha escrivaninha? Eu vagava pelos becos e seguia,
de tão longe quanto me fosse possível, as tropas em retirada, somente para
vê-las com os meus próprios olhos, buscando uma esperança no que via, porque
não dava crédito algum nos cartazes arrogantes e discursos patéticos. Quando a
batalha de Leipzig finalmente aconteceu, toda a Alemanha soltou gritos de
alegria, orgulhosa e feliz por ter recuperado a liberdade; mas ainda estávamos
nas cadeias da escravidão! Pareceu-me que deveria, por uma ação extraordinária,
buscar a liberdade para mim mesmo e para todos aqueles que, como eu, estavam
cativos. Isto lhe pode parecer, agora, aventureiro e divertido, a depender de
como você pensa conhecer-me, mas tive a tresloucada ideia de
atear fogo e explodir um forte onde eu sabia que os franceses tinham estocado
uma grande quantidade de pólvora.
O
amigo de Anselmus não pôde deixar de rir-se do repentino heroísmo do pacífico
Anselmus. Mas este, por conta da escuridão, não percebeu o sorriso do amigo, e prosseguiu,
após um momento de silêncio:
—
Vocês todos me dizem, com muita frequência, que uma disposição particular de
minha mente faz com que eu subministre, aos acontecimentos que me impressionam,
circunstâncias fabulosas em que ninguém acredita. Essas circunstâncias também me
parecem, a princípio, fruto da minha imaginação; mas logo tomam forma fora do
meu ser, como um símbolo místico do maravilhoso que encontramos a cada passo.
Foi o que aconteceu comigo em Dresden, nesta mesma data, há dois anos.
O
dia passara-se num silêncio triste e cheio de presságios; todos permaneceram
quietos nos portões; não disparamos um único tiro. À noite, por volta das dez
horas, fui a um café no antigo mercado. Lá, no fundo de um gabinete isolado e
escondido, no qual nenhum estranho poderia entrar, amigos que comungavam da
mesma opinião se encorajavam, consolavam-se e conversavam sobre suas
esperanças. Foi ali que, elidindo todas as mentiras não oficiais, fomos
informados dos verdadeiros relatos das batalhas de Katzbach e Culm, e que o
nosso amigo R *** anunciou a vitória de Leipzig, da qual soubera de não sei de que
maneira misteriosa.
Ao
passar em frente ao palácio Bruhl, onde morava o marechal, eu havia notado uma
luz extraordinária nos salões e um grande tumulto no vestíbulo. Contei o que
vira aos meus amigos, observando que os franceses provavelmente articulavam
alguma coisa. Nesse momento, R *** entrou correndo, quase sem fôlego e todo
animado.
—
Ouçam as notícias mais recentes — gritou-nos, ao chegar. — Neste exato momento,
realiza-se um grande conselho de guerra com o marechal. O general Mouton, conde
de Lobau, vai se retirar para Meissen, com doze mil homens e vinte e quatro
peças de canhão. A retirada será amanhã de manhã.
Houve
grandes debates e, conforme a opinião de R ***, graças à vigilância ativa dos
russos, aquele plano poderia se tornar fatal para os franceses, o que forçaria o
marechal a se render mais cedo, e poria um fim a todas as nossas aflições.
Ao
voltar para casa por volta da meia-noite, lancei-me em reflexões, dizendo a mim
mesmo: “Como R *** poderia ter sabido, durante a reunião do conselho, o que lá
fora decidido?”.
Logo,
em meio ao funesto silêncio noturno, ouvi o ruído provocado pela lenta passagem
de tropas de artilharia, seguidas por um comboio carregado com forragem, que
marchavam à minha frente, seguindo em direção à ponte do Elba.
—
R *** estava certo — fui forçado a dizer a mim mesmo.
Acompanhei
o comboio até o meio da ponte, junto ao arco que fora explodido e substituído
por um andaime de madeira. De cada lado, erguiam-se sólidas fortificações com
altas paliçadas e muros de pedra.
Agachei-me
junto ao parapeito da ponte para não ser notado. De repente, pareceu-me que uma
das altas paliçadas desprendia-se de seu lugar, movia-se em várias direções e
se inclinava em minha direção, sussurrando palavras incompreensíveis. O céu
estava coberto de nuvens e a escuridão densa da noite me impedia de ver
qualquer coisa. Mas, quando a artilharia passou, e um silêncio mortal reinou sobre
a porte, ouvi, perto de mim, uma respiração profunda e pesada, seguida de um
gemido fraco e agourento; o pedaço de madeira escura se ergueu e cresceu, e um
horror gelado encheu todos os meus sentidos. Aterrorizado por tal pesadelo, era-me
impossível qualquer movimento, como se eu estivesse contido por ganchos de
chumbo.
O
vento noturno aumentava e espargia a névoa para além da montanha; a lua lançava
débeis raios através das nuvens esgarçadas. A uma curta distância, vi o rosto
de um velho alto, de longa barba e cabelos brancos prateados. Ele envergava uma
capa que mal atingia a cintura e caía em inúmeras e grossas pregas sobre os
ombros e o peito. Segurava um longo cajado branco, que seu braço nu estendia para
o rio.
Era
ele quem sussurrava e gemia.
Só
então, vi que as espingardas refulgiam do lado da cidade e ouvi passos chegando.
Um batalhão francês passou pela ponte em profundo silêncio. O velho agachou-se
e começou a lamentar, com voz lastimosa, estendendo o barrete para os
transeuntes como se pedisse esmolas:
—
Voilà Saint-Pierre qui veut pêcher[2] — disse,
rindo, um oficial.
O
soldado, que marchava à sua retaguarda, parou, jogou algumas moedas no barrete
do velho, e disse, em tom muito sério:
—
Eh bien! Moi, pêcheur, je lui aiderai à pécher[3].
Vários
oficiais e soldados saíram das fileiras e silenciosamente lançaram dinheiro ao
ancião e apenas ocasionalmente suspiravam baixinho, como se preocupados com a morte
iminente. A cada esmola, o velho abaixava singularmente a cabeça, soltando
soluços abafados.
Por
fim, um oficial general, que reconheci como General Mouton, passou tão perto do
velho homem que tive medo de vê-lo atropelado pelo cavalo coberto de espuma. O
general voltou-se bruscamente para um ordenança, firmando o chapéu na cabeça, e
perguntou, em voz alta:
Os
cavaleiros que o seguiram permaneceram em silêncio; mas um velho sapador
barbudo, que estava saindo das fileiras, com seu machado no ombro, respondeu
baixinho:
—
C'est un pauvre maniaque bien connu ici. On l'appelle Saint-Pierre Pêcheur[4].
O
regimento continuou a sua passagem. Mas essa marcha não era mais, como as de
antigamente, animada por gracejos petulantes. Era triste e silenciosa. Assim
que o último o ruído feneceu, assim que o último cintilar das armas desapareceu
na escuridão distante, o velho levantou-se devagar e permaneceu em pé, com a
cabeça erguida. Erguendo o cajado ar, numa postura majestosa e imponente,
parecia querer comandar as ondas tempestuosas, como um santo dotado do dom dos
milagres. O Elba espumava e borbulhava com uma fúria cada vez maior, e parecia em
tumulto até as regiões mais profundas de seus abismos.
Em meio ao zumbido das águas,
pensei ter ouvido uma voz abafada, que se saía do seio do rio e se elevava em
minha direção.
—
Michaël Popowicz, Michaël Popowicz! — dizia em russo. — Não está vendo o homem
de fogo?
O
velho murmurava algo que parecia uma oração.
—
Agafia! — bradou, de repente.
Naquele
momento, um esplendor de um vermelho-sangue — um reflexo que o Elba projetava
sobre — iluminou-lhe a face. Redemoinhos
de chamas, que subiram na atmosfera, brilharam nas montanhas de Misnie, e sua
luz, refletida pelo espelho do rio, voltou a refulgir no rosto do ancião.
Por
fim, bem perto de mim, sob o andaime da ponte, ouviu-se um marulhar como o de
alguém que nada, e vi um vulto escuro, que subiu com dificuldade por um barrote,
e saltou, com espantosa agilidade, ao parapeito.
—
Agafia! — repetiu o velho. — Minha filha! É feita a vontade do céu!
—
Mas como?
Dorothée aqui?
— gritei.
Eu
ia continuar, mas me senti abraçado e arrastado por ela, com força.
—
Oh, por Jesus Cristo, siga-me, meu querido Anselmus! Senão, será morto — murmurou
a jovem, que acabava de emergir das ondas.
Ela
estava à minha frente, tremendo e quase morta de frio. Seus longos cabelos
negros caíam sobre os ombros; suas roupas molhadas colavam-se ao seu corpo
esguio e solto. Ela caiu de fadiga e disse, baixinho:
—
Está tão frio lá embaixo! Tome cuidado para não dizer nada, meu caro Anselmus;
do contrário, matam-nos!
O
brilho ígneo iluminou-lhe a face. Era mesmo Dorothée, a bela camponesa que,
quando sua aldeia foi saqueada e a garganta de seu pai cortada, refugiou-se com
o dono da estalagem onde eu estava hospedado.
—
Seria uma ótima pessoa — costumava dizer meu estalajadeiro — se, infelizmente,
o infortúnio não a tivesse tornado estúpida.
Ele
estava certo. Com efeito, ela dizia apenas coisas desconexas; um sorriso
insignificante e desagradável alterava-lhe a fisionomia, que deveria ter sido encantadora.
Todas as manhãs, ela levava o café ao meu quarto, e eu percebera, como um fato
positivo, que sua a figura, a sua cor e a sua tez não eram típicas de uma
camponesa.
—
Ora, Monsieur Anselmus — dizia o estalajadeiro —, ela é filha de um proprietário
de terras. E, ainda por cima, ela é da Saxônia.
Vendo
a jovem ensopada até os ossos, tremendo, mal respirando e meio deitada a meus
pés, prontamente tirei minha capa e a agasalhei.
—
Aqueça-se — disse suavemente. — Aquece-se, querida Dorothée! Sem o calor, você morrerá.
Mas o que fazia você neste rio congelado?
—
Silêncio! — respondeu a pequena, tirando a gola do casaco que caíra em seu
rosto e jogando para trás os cabelos, de onde a água escorria. — Silêncio! Venha comigo àquele banco de pedra.
Meu pai não nos ouve: está, agora, conversando com Santo André.
Seguimos
lentamente para lá. Eu estava nas garras das emoções mais bizarras. Completamente
dominado pelo horror e pelo deleite, tomei a garota em meus braços. Ela se
sentou, sem fazer barulho, sobre os meus joelhos e passou um braço em volta do
meu pescoço. Senti a água gelada
escorrer de seu cabelo e descer por meu pescoço. Mas as gotas de água que caem
no braseiro apenas aumentam a chama; a cada momento, o fogo do amor e do desejo
ganhava nova força em mim.
—
Anselmus — balbuciou a jovem —, você é um jovem muito honrado. Quando canta, o
som da sua voz chega ao meu coração; além, disso, é muito refinado. Você não
vai me trair, não é mesmo? Quem faria o seu café? Ouça, quando estiver morrendo
de fome, quando mais ninguém lhe der o que comer, irei à sua casa, à noite,
sozinha, sem que ninguém saiba, e prepararei uma deliciosa iguaria para você. Tenho
farinha, farinha fina, escondida no meu quartinho; e comeremos lindos bolos,
bem branquinhos, de casamento.
A
jovem estava rindo. Mas, quando terminou de proferir estas palavras, pôs-se a
soluçar.
—
Ah! — ela continuou. — Será como em
Moscou! Ó meu Alexis, meu Alexis! Meu lindo noivo! Nade, nade, saia da água! A sua fiel noiva não espera por você?
Ela
baixou a cabeça e sua voz enfraqueceu gradualmente. Arfando, com o seu peito a subir e a descer,
como se soltasse suspiros de saudade, que a fizeram adormecer. Olhei para o velho, que permanecia em
pé, com os braços estendidos.
—
O homem flamejante está acenando para vocês, meus bravos irmãos — disse ele,
num tom sombrio. — Olhem para ele: veja
com que força ele sacode as mechas brilhantes de sua barba de fogo; com que energia
ele espalha suas colunas de fumaça no chão! Vocês não conseguem ouvir seus
passos retumbantes? Sua respiração não os anima? Vocês não marcham para o ponto
onde brilham as centelhas? Meus bravos irmãos, corram!
A
entonação de Popowicz lembrava o assobio dos ventos ao aproximar-se um furacão.
Enquanto falava, as fogueiras-sinais nas montanhas de Misnie continuavam a
brilhar.
—
Ajude-me, Santo André! Ajude-me ajude! — balbuciava a jovem, dormindo.
Então
ela se levantou, como se tomada de um medo repentino, cingiu-me fortemente com
o braço esquerdo, e sussurrou em meu ouvido:
—
Anselmus, prefiro matá-lo.
E
vi uma faca brilhar em sua mão direita. Eu a empurrei com terror e soltei um
grito alto.
—
Tola, o que está fazendo?
—
Não! — ela continuou — É-me impossível; mas agora você está perdido.
O
velho imediatamente exclamou:
—
Agafia! Com quem você está falando?
E,
sem me dar tempo para pensar, ele chegou perto de mim, brandiu o seu cajado e deu-me
um golpe tão terrível que teria quebrado minha cabeça se Agafia não tivesse me agarrado
por trás e me puxado violentamente. A vara quebrou-se em mil pedaços na
calçada. Popowicz caiu de joelhos.
—
Marche! Marche! — gritavam de todos os lados.
Fui
obrigado a me levantar e a abrir passagem velozmente, antes que artilharia e as
carroças, que passavam novamente, me esmagassem. Na manhã seguinte, os russos
repeliram o infeliz general e fizeram-no refugiar-se na praça.
—
É estranho... — dizíamos a nós mesmos. — Os russos conheciam o plano do
inimigo. As fogueiras acesas nas montanhas de Misnie atraíram suas tropas para
lugares onde os franceses pensaram surpreendê-los, resistir e derrotá-los.
Vários
dias se passaram e Dorothée não mais levou o meu café. O estalajadeiro, pálido
de medo, contou-me que vira uma forte escolta conduzir Dorothée e o mendigo
louco da casa do marechal à nova cidade.
—
Oh, meu Deus! — disse, neste momento, o
amigo de Anselmus. — Eles foram descobertos e executados?
Mas
Anselmus sorriu singularmente e respondeu:
—
Não. Agafia foi libertada e, depois da capitulação, recebi de suas mãos um
lindo bolo branco de casamento, que ela mesma preparou.
Isto
foi tudo o que Anselmus contou sobre essa aventura maravilhosa. Jamais voltou a
falar no assunto.
Versão em português
(tradução indireta) de Paulo Soriano.
[1] Hoffmann foi
testemunha ocular do cerco de Dresden. Esta cidade, para onde se retirou o
destacamento do conde de Lobau em 9 de outubro de 1813, tinha uma guarnição
francesa de vinte e cinco mil homens, comandada pelo marechal
Gouvion-Saint-Cyr. Um corpo do exército russo, sob o comando do conde Tolstoi,
bloqueou-o até 14 de novembro, quando uma terrível fome e falta de ajuda
forçaram as tropas francesas a se renderem (Nota de Émile de La Bédollière).
[2] Eis são Pedro
querendo pescar.
[3] Ora, eu, que
sou pecador, vou ajudá-lo a pescar.
[4] Ele é um pobre
louco, bem conhecido aqui. Chama-se São Pedro Pescador.
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