A MÃO DO REMORSO - Conto Clássico de Terror - Anônimo do Séc. XX
A MÃO DO REMORSO
(Lenda)
Autor anônimo do início do séc. XX
Tendo chegado o dia de seu casamento com rica e formosa castelã de Rheins, o conde Petrus von Staufenberg atravessava o Reno para ir ter com a sua noiva, quando rebentou uma grande tormenta: um espectro imenso e pálido se levantou das águas, agarrou-se com um gemido surdo à proa da embarcação e quis virá-la. Staufenberg não pôde conter um grito de espanto; acabava de reconhecer, naquela ondina1, a sua antiga noiva Gotllieb von Brauback, cuja mão outrora havia pedido…
— Ide já — disse ele aos homens da sua comitiva — procurar notícias de Gottlieb!
O banquete das núpcias ia em meio. Ao lado da sua linda desposada, Staufenberg, alegre, não pensava mais no fantasma do rio. As taças, cheias de vinho espumante, circulavam; Staufenberg levantou-se para agradecer os brindes que lhe eram feito… Mas o que lhe saiu da boca foi um grito de terror: ficou imóvel, calado, alucinado, olhando o teto da sala.
— O que é? — perguntaram todos.
— Um pé de mulher! Ali! Vejam! — gritou Staufenberg; e, apertando a cabeça entre as mãos, fugiu da sala. Diante dele, uma tapeçaria se levantou e apareceu uma mão lívida…
Nisto, ressoou no pátio do castelo o galope de um cavalo. Chegava um mensageiro, vindo de Brauback, anunciando que Gottlieb morrera na véspera.
—Maldição! —clamou o conde.
Empalideceu horrivelmente e caiu desanimado.
Quando o acudiram, viram que, em volta de seu pescoço, havia uma nodoa roxa: o conde tinha sido estrangulado pela mão da ondina. Essa era a mão do remorso.
Fonte: “Leitura para Todos”/RJ, edição de junho de 1908.
Nota:
1Na tradição mitológica germânica, a ondina é uma ninfa ou gênio que habita as ondas ou as águas.
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