SEREIA NÓRDICA - Narrativa Clássica Sobrenatural - Anônimo norueguês do séc. XIII

SEREIA NÓRDICA

(Anônimo norueguês do séc. XIII)


Um monstro, chamado Margryr1, também é visto na Groenlândia.

Até a cintura, esta criatura assemelha-se a uma mulher, pois, como esta, tem mamilos nos seios; e tem ela mãos longas e cabelos flexíveis. O pescoço e a cabeça são, em todos os aspectos, semelhantes aos de um ser humano. As mãos parecem compridas se comparadas às de uma pessoa e os dedos não são separados, mas unidos por uma membrana, como os pés das aves aquáticas. Da cintura para baixo, tal ser parece-se com um peixe, dotado que é de escamas, cauda e barbatanas.

Acredita-se que este prodígio, juntamente com o já referido Hafstramba2, exibe-se sobremodo antes das tempestades.

Esta criatura tem o costume de mergulhar e aflorar à superfície com peixes na mão, algo que faz frequentemente. Quando os marinheiros a veem brincando com os peixes, ou quando ela os arremessa ao navio, temem que estejam condenados a perder vários membros da tripulação; todavia, quando come os peixes, ou quando se afasta do navio e os atira para longe, os marinheiros interpretam tal comportamento como um bom presságio, acreditando que não sofrerão perdas na tempestade iminente.

Este monstro tem um rosto horrendo, com testa ampla e olhos penetrantes, boca larga e duplo queixo.



Fonte: excerto do Konungs skuggsjá (“O Espelho do Rei”), texto escrito em escandinavo antigo, a partir da tradução inglesa de Sabine Baring-Gould (1834 – 1924), in Iceland, its Scennes and Sagas, 1863, pág. 349. Versão em português de Paulo Soriano.


Notas:

1Sereia.

2No folclore nórdico é um tritão que, como a sereia, é visto antes de tempestades e naufrágios.   

 

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