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A INESPERADA - Conto Clássico de Terror - Catulle Mendes

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A INESPERADA Catulle Mendes (1841 – 1909) Tradução de autor anônimo do séc. XIX O leitor é da opinião de Hamlet? Acredita que se passam debaixo do céu coisas que a filosofia não poderia imaginar? Acha que ó verdade que, em Londres, Éliphas Lévi 1 evocou Apolônio de Tiana 2 , o suave profeta mago, e que o ilustre sábio Wiliam Chrookes 3 tomou chá, durante muitos meses, algumas vezes por semana, com o espírito materializado de uma jovem vestida com uma camisa de linho e toucado com um turbante de plumas? Não se ponha a rir. Um espectro, mesmo por baixo do um turbante, faria gelar de medo a medula dos ossos do leitor e, talvez, o cômico agravasse o horror. Eu, pela minha parte, não tinha vontade de rir-me, ontem à noite, ao ler no New Yor k Herald , número de 19 de março, a notícia de um processo criminal que, sem dúvida, terminará pela condenação do acusado à pena última. É uma sinistra aventura. No momento de traduzir-lhe a história reconstruída pelos dizeres do criado qu...

SOLFIERI - Conto Clássico Macabro - Álvares de Azevedo

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SOLFIERI Álvares de Azevedo (1831 – 1852) … Yet one kiss on your pale clay And those lips once so warm — my heart! My heart. Byron, Cain . Sabeis… Roma é a cidade do fanatismo e da perdição: na alcova do sacerdote dorme a gosto a amásia, no leito da vendida se pendura o crucifixo lívido. É um requintar de gozo blasfemo que mescla o sacrilégio à convulsão do amor, o beijo lascivo à embriaguez da crença! Era em Roma. Uma noite, a lua ia bela como vai sempre no verão por aquele céu morno; e o fresco das águas se exalava como um suspiro do leito do Tibre. A noite ia bela. — Eu passeava a sós pela ponte de… . As luzes se apagaram uma por uma nos palácios, as ruas se faziam ermas, e a lua de sonolenta se escondia no leito das nuvens. Uma sombra de mulher apareceu numa janela solitária e escura. Era uma forma branca. — A face daquela mulher era como de uma estátua pálida à lua. Pelas faces dela, como gotas de uma taça caída, rolavam fios de lágrimas. Eu me encostei à aresta de um...

A VELHA - Conto Clássico de Horror - Ivan Tourgueniev

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A VELHA Ivan Tourgueniev (1818 – 1883) Tradução de Tibullo (Séc. XIX) Caminhava sozinho numa vasta planície. E, de repente, pareceu-me ouvir atrás de mim uns passos ligeiros e furtivos. Alguém seguia as minhas pegadas com precaução. Voltei-me e vi uma pobre velhinha toda encarquilhada, toda envolvida em farrapos esquálidos. Apenas se lhe distinguia o rosto através desses farrapos: um rosto sombrio, enrugado, desdentado, de nariz pontudo. Aproximei-me dela; ela parou. — Quem és? Que queres? És uma mendiga? Esperas uma esmola? A velha não respondeu. Inclinei-me para ela e percebi que os seus olhos estavam encobertos por uma dessas membranas esbranquiçadas que se veem em certos pássaros e que os preservam da luz demasiado viva do sol. Porém, na velha, essa membrana não se mexia, não descobria as pupilas. Donde conclui que era cega. — Queres uma esmola? — repeti eu. — Por que me segues? A velha não respondeu nada desta vez ainda, e não fez senão engelhar-se mais. Desvie...

O ESTATUÁRIO - Conto Clássico Fúnebre - Venceslau de Queiroz

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  O ESTATUÁRIO Venceslau de Queiroz   (1963 – 1921) O leiloeiro apregoava… Depois de terem sido arrematados quase todos os trabalhos de mármore, como lousas tumulares, urnas e estátuas, quando chegara a vez de ser apregoada uma destas, o artista, sacudido de uma dor profunda, humilhado, sem se poder conter, ajoelhou-se ante o miserável argentário, a quem devia, suplicando que, ao menos, lhe deixasse aquela, que o não largara durante toda sua vida artística. Nada conseguira. O último lance fora de uma mulher, moça e viúva que, logo depois, mandou conduzi-la para ser colocada no túmulo de seu esposo. A estátua figurava também uma mulher triste e desolada, chorando, apoiada nos braços de uma cruz tosca, em cujo supedâneo jazia uma coroa de perpétuas murchas, esmaecidas.. Dolorosa e pungitiva era a expressão do seu rosto! Parecia que lhe arfava o seio, estalando dó sob um pesar crudelíssimo… As pregas do seu vestido eram tão primorosamente cinzeladas qu...

A MALDIÇÃO DA SACERDOTISA DE AMON-RÁ - Narrativa Verídica Sobrenatural - G. St. Russell

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A MALDIÇÃO DA SACERDOTISA DE AMON-RÁ G. St. Russell (Séc. XX) A maldição que teria se seguido à descoberta da tumba de Tutancâmon, em 1923, pela equipe liderada pelo arqueólogo Howard Carter, é bem difundida. Este, porém, não foi o primeiro caso de avassalador infortúnio e morticínio a vitimar os que ousaram perturbar o sono de uma múmia do antigo Egito. Em outubro de 1909, a revista “A Leitura para Todos” trouxe a lume a tradução de um artigo de autoria de G. St. Russel, originariamente publicado no “Pearson’s Magazine”, (edição inglesa de agosto de 1909), na qual ficamos conhecendo a maldição associada a uma enigmática sacerdotisa de Amon-Rá, cujo sarcófago se encontra em exibição no British Museum desde 1889. Há três mil anos que se não vê uma história tão extraordinária de fantasmas como esta, cuja maléfica influência perseguiu um caixão de múmia que agora está no British Museum , em Londres. Eu o vi. Num dos cantos da segunda sala egípcia no British Museum , está de...