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DANTE E O SONHO REVELADOR - Narrativa Clássica Sobrenatural - Giovanni Boccaccio

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DANTE E O SONHO REVELADOR Giovanni Boccaccio (1313 – 1375) Tradução de Paulo Soriano Iacopo e Piero, filhos de Dante, ambos poetas, persuadidos por alguns de seus amigos, resolveram, na medida do possível, complementar a obra de seu pai, para que esta não ficasse imperfeita. Então Iacopo — que, quanto a este aspecto, era bem mais fervoroso que o irmão — teve uma maravilhosa visão, que não apenas o libertou de sua tola presunção, como lhe mostrou onde estavam os treze cantos — que eles não logravam encontrar — faltantes à Divina Comédia. Um digno homem de Ravena, cujo nome era Piero Giardino, um antigo discípulo de Dante, relatou que, oito meses após a morte de seu mestre, o referido Iacopo veio à sua casa uma noite, perto da hora que chamamos de matinas, e lhe disse que, naquela noite, um pouco antes daquela hora, ele, em seu sono, tinha visto Dante, seu pai, vir até ele, vestido com a mais alva das vestes e com uma luz desconhecida a cintilar-lhe no rosto. Pareceu perg...

A MÃO DO DIABO - Conto Clássico de Horror - Jean-Baptiste Alphonse Karr

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A MÃO DO DIABO Jean-Baptiste Alphonse Karr (1808 – 1890) Tradução de autor desconhecido do séc. XX Era uma noite pesada e cálida do mês de julho. O céu estava coberto de nuvens pardacentas tão baixas, tão baixas que, ao acercar-se lentamente, pareciam tocar a copa das árvores, cujas folhas moviam-se sem que corresse o menor sopro de ar. De vez em quando, brilhava um relâmpago longínquo, seguido do ruído surdo do trovão. Submetidos involuntariamente a esse respeito e a esse ar de expectativa que a tempestade, próxima a estalar, empresta a toda a natureza, três homens, encerrados num quarto, conversavam em voz baixa. Nas convulsões da natureza, o homem procura tornar-se pequeno e despercebido como o menino que, fugindo da cólera do mestre, quer ocultar-se debaixo de um banco. — Meus senhores — disse um dos três, cujas feições fatigadas e voz débil pareciam indicar uma profunda pena e prolongadas vigílias —, agora vós sois minha última esperança. Apesar de tudo o que os...