A CIMITARRA - Conto Clássico Insólito - Conto de Horror Sarcástico - Ambrose Bierce

A CIMITARRA Ambrose Bierce (1842- 1914?) Tradução de Paulo Soriano Quando o grande Gichi-Kuktai era Mikado [1] , condenou Jijiji Ri, alto funcionário da corte, à decapitação. Pouco depois da hora assinalada para a realização do ritual, qual não foi a surpresa de Sua Majestade ao ver aproximar-se tranquilamente do trono o homem que deveria estar morto há dez minutos! — Por setecentos mil impossíveis dragões! — exclamou, enfurecido, o monarca. — Eu não te condenei a comparecer à praça do mercado, para que o executor público te cortasse a cabeça às três horas? E, agora, não são três e dez? — Filho de mil deidades ilustres — respondeu o ministro condenado —, tudo o que dizes é tão verdadeiro que, em comparação com tuas palavras, a verdade é mentira. Mas os solares e vivificantes desejos de Vossa Majestade Celestial foram pestilentamente ignorados. Com alegria, corri e expus o meu corpo indigno na praça do mercado. O carrasco apareceu com a cimitarra nua, ostensiva...