FECHEM A JANELA - Conto de Terror - Fernando Varga
FECHEM
A JANELA
(Fernando
Varga - 2º Lugar no Concurso Bram Stoker de Contos de Terror)
Doutor
Wenzel entrou no Hospital Psiquiátrico São Judas Tadeu apressado. Carregando
uma maleta junto ao peito, os óculos na ponta do nariz, foi direto até a ala de
internação. Ao vê-lo, o recepcionista pareceu aliviado.
—
Como ele está?
—
Agitado. Ficou dizendo que precisava falar com o senhor. Recusou medicação e
comida.
O
psiquiatra meneou a cabeça. Seguiu a passos largos pelo corredor, entre os
ombros de dois enfermeiros de braços grossos. No leito 07, o paciente atado à
cama se lamuriava. O psiquiatra dispensou os enfermeiros à porta e a fechou.
Depositou a maleta sobre a cômoda. O rapaz esforçou-se para colar o queixo no
peito e conferir quem estava lá.
—
Está se sentindo mal? Não quis comer nada… — indagou o doutor.
—
É claro. Ninguém entende a importância do que tenho para dizer e isso me
irrita.
—
Ora, eu estou aqui, não estou?
—
Depois de tempo demais. O tempo está contra a gente, doutor.
—
E o que você queria me dizer?
—
Eu preciso… O senhor poderia me soltar, por favor? Eu não estou louco.
Doutor
Wenzel olhou pela janela da porta. Os enfermeiros continuavam lá, zelosos. Foi
até a cama e livrou as pernas de Drauzio. Depois, os braços. O paciente
ergueu-se.
—
Doutor — Drauzio debruçou-se sobre o colchão —, vidas estão em perigo!
O
psiquiatra estendeu a mão, gesticulando para o rapaz se acalmar. Drauzio voltou
a se sentar.
—
Primeiro de tudo, preciso confessar: eu o matei.
—
Drauzio, isso é impossível. Sua família foi categórica: você estava longe
quando tudo aconteceu.
—
E estava mesmo. Mas o matei. O senhor precisa acreditar em mim.
—
Supondo que seja verdade: como isso aconteceu? Conte-me sobre aquela noite.
—
É o que preciso. Preste muita atenção, doutor, por favor, pois estes fatos
mudaram minha perspectiva sobre o mundo. Ninguém está seguro. Estamos sendo
caçados em nossas cidades:
“Lembro-me
de chegar por volta das nove horas. Sentia a camisa grudar às costas mesmo
depois do banho. A família já estava quase toda reunida. Não somos muitos.
Desde
o falecimento de meu pai, passamos todos os Natais com minha mãe, como um
acordo tácito, de modo que já se tornou uma tradição. Ela finge que não sabe de
nada, mas limpa a casa e cozinha algumas guarnições para o peru assado
providenciado, religiosamente, pelo meu irmão. Ele leva as crianças e a esposa,
meus tios aparecem depois de meses sem dar notícias e, finalmente, eu. Sempre
fui o último a chegar e o primeiro a ir embora. Nunca suportei as perguntas
sobre minha vida amorosa. Por isso, dessa vez, quis fazer diferente: levei o
Thomas.
Pela
primeira vez me viam com alguém. Minha mãe tentou disfarçar o incômodo sendo
simpática demais e forçando um sorriso que não era dela. Nunca foi. Eu saberia.
Minhas tias, Rosa e Jacinta, pararam de falar no momento em que entramos. Um
milagre, pois não me lembro de tê-las visto de boca fechada, sem comida ou
fofoca. Meu irmão, sempre um babaca, culpou-me pelo clima ruim.
—
Por que quer estragar o Natal? Isso tudo não é por você. É pela mamãe e as
crianças!”
—
Se ele ao menos desconfiasse do que aconteceria — disse Drauzio. — Ah, dane-se,
Yuri!
Doutor
Wenzel ajeitou-se à cadeira com a mudança do tom de voz do paciente. Drauzio
continuou:
“Apesar
dos olhares de canto das tias e dos cochichos de Yuri para a esposa, tudo
corria bem e eu tentava não me aborrecer. Thomas e eu nos juntamos em um canto.
Só saímos para pegar alguns quitutes e encher as taças. Havia começado a
chover, mas o ar-condicionado dava conta do calor. Perto das dez horas, eu
estava farto, somente esperando pela ceia para poder finalizar a noite. Já
havia decepcionado minha mãe e chocado minhas tias. Missão cumprida.
Faltava
uma pessoa, porém: tio Clóvis. Se pudesse descrever o quanto me enoja a figura,
o senhor sentiria náuseas. E tive essa sensação ao vê-lo entrar, abraçar Yuri e
ofender minha cunhada.
—
Está meio gordinha, hein? Grávida de novo?
Ridículo.
Ao passar pelas crianças, perguntou ao Gui se ‘o pipi já tinha crescido’ e
chamou Mila de ‘Maria Gasolina’, porque brincava com um carrinho de fricção.
Olhei para Thomas, prevenindo-o do porvir. Após beijar tia Rosa e tia Jacinta,
cumprimentou minha mãe, que lhe pediu moderação, pois tinham uma visita ‘de
fora’. Foi a deixa para que viesse falar conosco.
—
Drauzio! Como vão as menininhas? Desapontadas, acho. E esse? Quem é?
—
Thomas, esse é meu tio Clóvis.
—
Thomas! Que interessante. Mas, diga-me: ‘tu tomas’ mesmo?
Riu
do trocadilho infame, saindo com os braços abertos para a careta de minha mãe.
Thomas ainda tentou brincar com a situação:
—
Pelo menos não vai ter pavê.
Mas
eu já estava irritado e não consegui sorrir. Queria ir embora. Deveria ter ido.
Foram o cheiro do peru e os olhos marejados de minha mãe que me seguraram.
A
ceia, enfim, começou a ser servida. Porém, antes de os pratos estarem postados
e de enchermos as bocas com a comida, tudo mudou de súbito: as luzes todas se
apagaram.”
—
Então, as coisas começaram a ficar estranhas, doutor. Peço uma atenção maior do
senhor:
“Lembro-me.
Como poderia esquecer? O lamento em coro dos presentes, meus sobrinhos correndo
para a saia de minha cunhada, Yuri e Thomas iluminando a sala com os celulares.
—
Parece que teremos uma ceia à luz de velas — disse minha mãe, desconcertada.
A
chuva não dava tréguas do lado de fora. Sem o ar-condicionado e com o fogo à
mesa, o calor foi me deixando sufocado. Sentia como se as mãos quisessem
derrubar tudo à frente, abrindo passagem para as pernas correrem. Sem rumo. Por
isso, puxei Thomas pelo braço até a janela, para olhar a cidade e ter um pouco
de paz.
Mas
não chegamos lá. Do meio do caminho, vi um vulto horrível. Dói me lembrar.
Congelei na hora. De início, duvidei de meus próprios olhos. Era uma aberração.
Não tenho palavra melhor. Repugnante. O senhor consegue imaginar uma barata de
meio metro? Pois era o que parecia. Pendurada ‘sabe-se deus como’ ao vidro do
lado de fora. Chacolhava as asas jogando a água para todo lado. E olhava para
mim.”
—
São muitos detalhes — disse o doutor Wenzel.
—
Posso dar mais! Não gosto de me lembrar, mas a imagem daquilo não me sai do
pensamento:
“Como
disse, olhava para mim, com grandes olhos negros, e algo como antenas tateando
a superfície. Tinha mandíbulas como as de formigas, por onde escorria uma
espécie de baba espessa. Essa baba parecia estar por todo o corpo, escuro mas
reluzente, com seis pernas parecendo casca e ossos, sem carne alguma de tão
finas. Em cada pata, três dedos redondos nas pontas. Petrificado, virei para
Thomas, distraído pelo celular, e puxei-lhe a barra da camisa.
—
Tem uma coisa lá fora — disse, apontando para onde estava a besta horrenda.
Mas
não havia mais nada lá. Só o temporal escorrendo pelo vidro. Thomas virou para
mim e segurou-me as mãos, frias como mármore.
—
É impossível ter algo lá fora, Drauzio. Estamos no vigésimo andar. Foi só
impressão. Você está muito estressado. Relaxe.
Impressão
uma ova. Estava certo do que tinha visto. No entanto, tentei — juro! — me
convencer do contrário. Afinal, aparentemente, ninguém mais tinha visto aquele
ser repulsivo. Todos hipnotizados pelo fogo das velas e a pele dourada do peru.
Por isso, temi pela minha sanidade e dei um gole na champagne para acalmar os
nervos. Minha mãe nos chamou à mesa.
—
Vamos comer, então?
Tio
Clóvis não podia, claro, deixar passar a piada:
—
O Drauzio vai comer mais tarde.
Todos
deram um sorriso tímido, desconcertados da indiscrição. Menos meu irmão. O
babaca dava audiência para os descalabros do engraçadinho. Naquele instante, eu
quis brigar. Já estava ficando louco, mesmo! Quis enfiar a faca sem ponta no
olho do tio Clóvis. Maldita faca sem ponta. Juro que pude sentir o esforço que
precisaria fazer para arrancar-lhe o olho.”
—
Drauzio, acho essa raiva compreensível no contexto. Não creio que ela teve
alguma influência no acidente. Você não deve se culpar. Se puder se livrar da
culpa, talvez perceba que o monstro que descreveu é apenas uma representação de
si mesmo — disse o psiquiatra, interrompendo-o.
—
Ah, não se precipite, doutor. Cheguei a pensar isso, também. Mas ainda não
terminei:
“Durante
a ceia, aquela imagem horrenda não saía da minha cabeça. Para qualquer coisa
que olhava, lá estava a besta desgraçada, de modo que as desconfianças sobre
minha saúde mental ganhavam terreno. Mal toquei na comida. Estava no arroz com
uvas-passas, na salada de maionese, na farofa com bacon e no peru recheado.
Após meia hora de família em silêncio, satisfazendo o desejo primitivo da
gulodice, saímos da mesa para a digestão.
A
risada do tio Clóvis ainda incomodava. No entanto, o champagne já estava
fazendo efeito e faltava pouco para desejarmos feliz Natal e irmos embora.
Minha mãe parecia contente no resplandecer das velas e a chuva havia diminuído.
Ainda suava frio, lembrando-me da quimera aterradora que, naquele momento,
imaginava ter criado. Não conseguia entender como meus pensamentos haviam
formado tal imagem. Tive medo de mim. Até que dei por falta das crianças.
Não
vi o momento em que Gui e Mila esgueiraram-se para debaixo da janela, junto aos
brinquedos e à penumbra da luz da lua. Tampouco pude acreditar quando olhei
para fora e, acima das cabeças miúdas, aquele bicho repulsivo descia pela
janela, as antenas explorando o terreno à frente, o torso contorcendo-se, as
mandíbulas abrindo e fechando, a baba escorrendo.
O
ar me faltou. Senti o coração pulsar por todo o corpo. Não consegui falar. A
sensação era de que minha alma estava presa no peito. Quando, então, aquele
monstro enfiou os dedos finos por entre a fresta da janela e forçou-a para
abrir, despertei-me do escafandro e corri para junto de meus sobrinhos. Meu
grito de pavor silenciou a todos na sala e assustou as crianças, que saíram
chorando. Consegui tirá-los de lá. Porém, o enorme inseto já havia ido.
Também
chorei, de nervoso, ao ser questionado por Yuri e ao saber que, de novo,
ninguém mais tinha visto o demônio. Entendo o lado dele, de proteger os filhos
de um ataque de loucura. No entanto, não era loucura e, naquela hora, eu já
tinha certeza disso. Assim como tinha certeza de que a criatura estava lá para
fazer a própria ceia de Natal.
Fiquei
arrasado com os olhares de canto da família. Não sabiam se eu havia endoidecido
ou se estava tentando destruir de vez a noite. Thomas tentou me tranquilizar,
trazendo um copo de água com açúcar. Enquanto bebericava da doce mistura, tio
Clóvis se aproximou.”
—
E foi, então, que o matei — concluiu Drauzio.
O
doutor Wenzel inspirou todo ar que pôde e soltou-o devagar. Olhou para os lados
e estalou os dedos com cuidado para não fazer barulho.
—
Drauzio, nada disso explica o acidente, o que prova, para você mesmo, que a
culpa não é sua.
Drauzio
ergueu os olhos até cruzar com os do psiquiatra.
—
Está falando da queda? Vou contar como aconteceu e o senhor vai se convencer:
“Thomas
discutiu que eu estava ‘vendo coisas’. Sussurramos, um ao outro, acusações
bobas. Eu queria ir embora, mas precisava levar minha mãe de lá. Não podia
deixá-la à mercê do bicho! Para mim, aquele monstro queria o Mal. Estava à
espreita, esperando o momento certo para entrar e atacar. Thomas, no entanto,
estava envergonhado.
Tio
Clóvis, como disse, diferentemente dos outros, aproximou-se. Com um sorriso de
meia-boca, apoiou-se nos joelhos para olhar direto em meus olhos.
—
Veja o lado bom: ao menos seu pai não é vivo para ver a maricona que você se
transformou!
Eu
ouvi o que ele disse e não me importei. O choro havia aliviado meus nervos e o champagne,
amortecido minha alma. Thomas esbravejou um ‘Já chega!’, mas o acalmei com a
mão sobre seu braço. Olhei de volta para meu tio e pedi, em palavras firmes e
compassadas:
—
A chuva já passou. O senhor poderia abrir a janela, tio? Está muito quente aqui.
Tio
Clóvis ergueu-se e riu. Disse ‘Esse é meu garoto. Ou garota!’ e piscou um olho.
Virou-se e foi até a janela. Fiquei olhando, entorpecido pelo momento, contando
os passos. Conforme foi se aproximando, meu coração acelerou e um sorriso
transbordou de mim. Tentei segurar a emoção, mas é certo, como a Terra é
redonda, que eu estava radiante com o que havia feito.
Quando
ele abriu os vidros, um ar fresco invadiu a sala e todos suspiraram de alívio.
Era, enfim, o Natal feliz que cada um havia desejado. Eu, por minha vez,
gargalhei no íntimo.
Então,
as antenas apareceram sobre a cabeça do tio Clóvis. Foi muito rápido. O demônio
desceu e grudou quatro das patas na cabeça gorda. Antes que ele pudesse gritar,
as mandíbulas se abriram e abocanharam-lhe o rosto. Vi quando o sangue jorrou
com pedaços de carne e ossos janela afora e isso me paralisou. O bicho tentou
puxar o corpo já morto do tio Clóvis para cima. Foi repugnante. Mais ainda
quando o rosto desprendeu-se da cabeça e o corpo caiu prédio abaixo.
Ao
notarem a queda, todos gritaram e correram para a janela, com exceção de minha
cunhada, que abraçou os filhos e os levou para o quarto.
Demorei
a me refazer, mas busquei forças para me levantar e tirá-los de lá.
Precisávamos fechar a janela. Aquela coisa não havia terminado ainda a
refeição, meu deus do céu! Fiquei desesperado, de modo que comecei a gritar e
empurrá-los.
Tia
Rosa e minha mãe abraçaram-se e choraram. Tia Jacinta desmaiou e foi acudida
por Yuri. Em um momento diferente, isso cortaria meu coração. Mas naquela hora,
só pensava em salvá-los.
Puxei
quem pude. Com força, até jogá-los ao chão. Gritei: ‘Fechem a janela! Fechem a
janela! O monstro vai entrar!’ Tomei coragem e coloquei minha cabeça para fora,
procurando-o de cima a baixo, de um lado a outro. Nada. Até que senti me
agarrarem.
Thomas
e meu irmão me imobilizaram. Esperneei o quanto pude. Pediam-me calma, mas eu
só queria que fechassem a maldita janela.”
—
Não sei por quanto tempo ficamos naquela posição até a ambulância chegar. Por
um milagre, o demônio não retornou. E cá estamos, doutor. Por isso, digo: Eu o
matei. Agora chame a polícia. Alerte-os! Eles precisam saber o que realmente
aconteceu.
—
Olhe, Drauzio — o doutor Wenzel se levantou. — Sua história… Ela é muito
peculiar. São raros os relatos de uma imagem assim. Mas é irreal. A verdade é
que seu tio caiu do vigésimo andar na noite de Natal. Outra parte da verdade é
que você se sente culpado por ter se desentendido com ele e o mandado abrir a
janela, o que levou ao acidente. No entanto, isso é tudo. Um acidente. Não há
monstros, não há quimeras ou demônios. Apenas o imponderável. Você entende?
—
Doutor— Drauzio sorriu. — O senhor não está me escutando: Eu sei o que eu vi! O
senhor precisa avisar as autoridades. Aquela coisa vai atacar de novo. Vidas
correm perigo!
O
doutor Wenzel parou ao lado de Drauzio.
—
Tente se acalmar, sim? Durma um pouco e amanhã nos falamos. Foi um dia muito
estressante.
Drauzio
pulou com as mãos ao colarinho do psiquiatra e gritou: “Chame a polícia,
doutor! Chame a polícia!”. Os enfermeiros chegaram enquanto os dois rolavam no
chão. Com um mata-leão e uma chave de braço, o imobilizaram. O doutor Wenzel
conseguiu se levantar. Pegou uma seringa na maleta e aplicou no rapaz.
—
Agora durma. Você se sentirá melhor amanhã.
Colocaram-no
de volta na cama e o ataram. Uma lágrima solitária escorreu no rosto
desesperado de Drauzio enquanto o corpo adormecia. Pensava em sua mãe, Marli,
que naquele momento voltava ao apartamento, após o velório do que restou de tio
Clóvis.
Sozinha
na sala, Marli apanhou uma fotografia antiga e ficou admirando-a, lembrando-se
de um tempo em que tudo era mais simples, como andar de pés descalços e nadar
no rio. O fim da tarde veio com o vazio deixado pelas sucessivas perdas, do
marido e do irmão para a morte e, agora, do filho para a loucura.
Quando
a noite cobriu toda a cidade e as janelas escureceram, a energia elétrica do
prédio, novamente, teve uma queda. “Maldita seja essa Companhia de Luz!”,
pensou. Em poucos minutos, a sala já havia perdido o frescor do
ar-condicionado.
Marli
foi até a janela. Parou em frente, a alguns centímetros. Um hábito tão comum,
que fazemos sem refletir, marcado por tamanha tragédia. Pensou em desistir, mas
o apartamento estava abafado, úmido e quente, denso, como a cripta onde havia
deixado Clóvis naquela tarde. Respirou fundo, prendeu o ar e abriu os vidros.
O
barulho do vento abafava os sons da cidade. As luzes ao longe bruxuleavam,
encobrindo o horizonte. A calmaria do vigésimo andar trouxe paz para Marli, que
apenas deu as costas à janela traiçoeira.
Na
sala, sem lâmpadas ou velas, abriu uma garrafa de vinho ao luar. Enquanto
escorria a bebida na taça, uma sombra projetada na parede, vinda do lado de
fora, fez Marli petrificar lembrando-se dos urros na noite de Natal: “Fechem a
janela! Fechem a janela! O monstro vai entrar!”
Fernando Varga
é escritor de contos, poesia e peças de teatro, com publicações em antologias,
coletâneas e na internet. Redator profissional. Planejando publicar o primeiro
romance em 2018. Editor do blog Poesia e Escrita.
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