FOGO FÁTUO - Conto de Terror - Henry Evaristo
FOGO FÁTUO
Henry
Evaristo
(1975
- 2010)
I
Era
o fim da madrugada quando cheguei em casa e avancei furtivamente através da
sala, passando pelo corredor escuro e silencioso, até alcançar meu próprio
quarto. Dormia sozinho e sabia que teria todo o espaço e privacidade
necessários para lidar com as coisas que eu trouxera comigo do cemitério
municipal. Eu sabia que naquela data eu finalmente conseguiria. Era o Festum omnium sanctorum, o trinta e um
de outubro, véspera do dia de Todos os Santos. E eu, após vencer o velho e
carcomido portão da necrópole abandonada, roubara de lá, entre outras coisas,
um fogo-fátuo verdadeiro. Depositara-o dentro de um pequeno frasco de vidro
transparente, de forma que sua forte luz azul agora lançava sombras dançantes e
fantasmagóricas pelas paredes de meu quarto.
Um
fogo-fátuo! Deus me ajude! Eu consegui roubar o segredo dos mortos! E agora ele
seria meu. Tudo o que eu sempre quis ele me daria. Realizaria meus desejos de
riqueza e, com eles, os de soberba.
Por
longos cinco anos eu o cacei.
Ora,
Bram Stoker estava certo! No cerne da própria existência destas criaturas
escondia-se a chave de todas as delicias terrenas. Não é à toa que os tsekes e os romenos mais destemidos
costumavam se aventurar pelos bosques e pântanos selvagens em busca destas estranhas
manifestações na véspera de Todos os Santos. Pois ali, em meio às trevas da
noite dos maus espíritos, o fogo-fátuo marcava a localização de tesouros
imensuráveis.
Ao
buscar estudos sobre o tema, sobretudo nos livros do ocultista medieval Moranus
Malgred, descobri que eles eram a mais provável origem para as lendas dos
leprechauns, aqueles pequenos seres, prováveis habitantes de mundos paralelos
ao nosso, que possuem a localização dos fins de todos os arco-íris. Descobri
que os fogos costumavam aparecer principalmente onde havia a presença da Rumex conglomeratus ou simplesmente
folhas de labaça, pequenas plantas que ocorrem em lugares úmidos e alagadiços.
Segundo as lendas druidas e irlandesas, os leprechauns vivem entre estas
plantas e é nestes locais que findam os arco-íris do mundo. Ali, em meio à
vegetação, estas pequenas criaturas escondem grandes somas em potes de ouro.
Mas
há um outro aspecto destas lendas, este muito mais verossímil, porém não menos
assombroso. Para a ciência, o fogo-fátuo é tão somente uma reação química
perfeitamente explicável. Após o início da decomposição, a matéria orgânica
morta e enterrada sob terrenos pantanosos, assim como os ossos daquilo que está
morto, passam a liberar uma substancia altamente inflamável chamada fosfina. A
fosfina, em determinadas condições especiais, ao entrar em contato com o
oxigênio do meio externo, passa por um processo rápido de combustão espontânea.
O deslocamento súbito do ar ao seu redor a faz mover-se. Ocorre principalmente
em cemitérios onde o terreno é úmido. Eis uma boa explicação também para o
fenômeno dos fantasmas.
Munido
destas informações, juntei-as ao fato de que a velha necrópole municipal, às
portas da qual eu passava todos os dias de volta da faculdade, era repleta das
tais plantas rumex. Certa noite, como
era minha grande expectativa, pude testemunhar o surgimento do fenômeno.
Postara-me aos pés da imensa grade do portão principal. A escuridão me dava
cobertura para a curiosidade dos incautos que por ali se aventurassem àquela
hora. De repente, logo após à meia-noite, vi um clarão azulado se erguer por
entre as lápides antiquíssimas. Fiquei quieto, mortalmente assustado, mas, ao
mesmo tempo, extasiado diante da confirmação de que minhas ideias não eram
meras tolices de sonhador. Depois senti um arrepio percorrer todo meu corpo. A
chama azul estava vindo em minha direção, por dentro do cemitério, rasteira e
veloz. Levantei-me e sai do lugar. Nem vi como cheguei em casa e nem o tempo
que levei no percurso. O único pensamento que tomava minha mente era o de que a
noite estava quente, abafada, estagnada. Não havia deslocamento de ar que
justificasse aquele comportamento do fenômeno. Muito menos que explicasse a sua
tentativa de aproximação.
Com
o passar dos dias, passei a crer que o que ocorrera fora um sinal. Eu estava
certo e os estudos também. Havia alguém enterrado naquele lugar que levara
consigo, para debaixo da terra, alguma grande quantia de valores; o que, para
minha mente jovem demais, se configurava na ideia quase exata de um tesouro,
tendo em vista que os antigos moradores da cidade, cujos descendentes se
encontravam todos jazendo no solo sagrado da necrópole abandonada, eram finos
descendentes de aristocracias espanholas e árabes. Decidi me dedicar a
encontrar novamente o fago-fátuo, segui-lo e cavar. Para isso, postei-me todas
as madrugadas aos pés do portão enferrujado, imaginando como faria para entrar,
caso o fenômeno ocorresse novamente diante de meus olhos. Assim, esperei munido
apenas de coragem, paciência e uma pá de coveiro. Mas ele jamais apareceu
novamente. Não antes de se passarem cinco anos.
Durante
este tempo eu formulei mil teorias a respeito do fenômeno. Li e reli livros de
ciências e analisei exaustivamente os mitos. Cheguei à conclusão de que poderia
ganhar muito tendo um fogo-fátuo aprisionado. Ora, se ele podia detectar onde
havia massas em decomposição e velhos ossos enterrados, com certeza me poderia
guiar até sítios prenhes de riquezas ocultas. Seria eu então o homem mais rico
e viajado do mundo.
Meu
quarto convolou-se um pequeno estúdio abarrotado de livros e mapas. Esquemas
dos subterrâneos de Paris e Londres e das catacumbas paleocristãs romanas. Ali
seria possível encontrar tudo a respeito dos leprechauns, gnomos, duendes; dos
fogos-fátuos, fogos de santelmo e toda espécie de fenômenos atmosféricos.
Consegui os livros de Baumman sobre as lendas da Escandinávia, Cornualha e
Ilhas Hébridas; e afanei da biblioteca da capital um exemplar do "In Reich
Der Färbtone" onde está contida a história dos terríveis Hjramurgos, os
misteriosos habitantes das colinas secretas de Cornwall. Poderiam ser estas
criaturas a origem exata das lendas sobre pequenos homens místicos que surgem
aqui e ali ao redor do mundo? A despeito da malignidade do tema, e das implicações
diabólicas, a sedução das possibilidades que o fenômeno me oferecia era
insuplantável.
No
último ano de minha espera resolvi abandonar todo tipo de especulação e
conjectura. Larguei os livros a um canto do quarto e passei a me empenhar na
tarefa de como iria aprisionar o fogo. Resolvi que tudo seria da forma mais
simples e óbvia que eu pudesse imaginar. Iria prendê-lo em algum vasilhame
pequeno, de vidro transparente, com pequenos furos para que não perdesse o
contato com o oxigênio que o alimentava. Ali eu o manteria pelo maior tempo que
me fosse possível, nem que para isso tivesse que depositar no interior do
vasilhame alguma matéria para se decompor e lhe fornecer substâncias químicas
adequadas para se perpetuar. Assim, eu o teria e o levaria aos cemitérios e
pântanos onde ele me apontaria a localização exata de cadáveres enterrados
junto com seus pertences mais valiosos, como era a tradição entre os membros da
sociedade local.
Dentre
todas as noites do ano, a véspera do dia de todos os santos era a mais
propícia, segundo as antigas lendas da Europa oriental, para que os tesouros
enterrados se revelassem através do fogo-fátuo. Era a noite em que todos os
maus espíritos vagavam soltos ao bel-prazer pela terra dos vivos. Um
potenciômetro para as forças ocultas da natureza, quando as percepções de
homens e bestas se acirravam e se podia, com o espírito correto, ver por entre
as trevas dos bosques e dos pântanos.
Foi
numa noite assim que ele me apareceu novamente. E quando eu o notei, estava
quase adormecido sobre meus braços enregelados.
Deitara-me
mais uma vez aos pés do velho portão carcomido do antigo cemitério. Passava das
três da manhã e, como a vizinhança daquele velho bairro era exígua mesmo durante
o dia, eu tinha toda a tranquilidade para operar meu plano sem ser notado.
Ademais, o terreno possuía centenas de frondosos carvalhos que obstruíam a
visão de seu interior.
O
avistei por entre as mesmas lápides de sempre, como a marcar o local. Era,
afinal, o que eu esperava que fizesse. Rapidamente pus meu plano em andamento.
Com o passar do tempo, eu havia elaborado diversos métodos de como entrar no
cemitério, mas naquele momento a excitação era tamanha que esqueci toda a
organização e simplesmente me lancei contra as barras enferrujadas do portão.
Retorci-as com minhas próprias mãos e com extrema facilidade. Logo estava
aberta uma vaga grande o suficiente para que eu me esgueirasse para dentro.
A
primeira sensação que tive foi a de que profanava um lugar sagrado; que
perturbava a quietude dos mortos que ali jaziam há décadas em paz e silencio,
mergulhados num esquecimento completo e bem-vindo.
Era
o intenso gemido do vento fustigando os galhos das árvores que me infligia este
sentimento. Percebi como o clima mudara. Agora, um sopro frio atingia meu corpo
e me fazia lamentar não ter me agasalhado adequadamente para a ocasião.
Dos
fundos do terreno começava a brotar uma neblina espessa que parecia vir
cobrindo tudo ao seu redor. Era como se a natureza, de repente, resolvesse
executar alguma espécie de dança para me saudar. Era o que minha inocência
imaginava naquele momento!
De
repente, senti algo às minhas costas. Virei-me e vi o fogo-fátuo oscilando na
escuridão. Por um momento, fiquei imóvel, sem saber direito o que deveria
fazer. Depois, vi as pequenas labaredas azuis do fenômeno arquearem na direção
do fundo do cemitério. Traçaram no ar uma linha reta em direção a uma lápide
grande cuja sombra já se encontrava quase toda imersa pela neblina repentina.
Corri para lá motivado agora por um estranho senso de urgência que me mandava
fazer o que tinha de fazer o mais depressa possível e deixar aquele lugar o
quanto antes. Foi o que fiz.
Com
minha pá de coveiro, e sem mais hesitações, lancei-me à empresa de cavar uma
abertura na lápide depreciada. Não olhei para os lados, não vi nem ouvi mais
nada até sentir a barreira à minha frente ceder e um monte de terra podre se
despejar aos meus pés. Junto com ela, rolou do interior para o lado de fora uma
ossada vestida com uma estranha farda militar. Foi somente a esta visão que me
contive. Pois o crânio esfacelado, cuja boca arreganhada trazia um ar
zombeteiro mais que anormal, não podia ser ignorado por nenhum homem são. Oh,
aqueles buracos de órbitas vazias pareciam me fitar em diabólica desaprovação!
Desci minha pá sobre aquela visão dantesca e a atirei para o mais longe que
podia da maldita ossada. Depois me lancei a perscrutar o interior da lápide.
Imediatamente,
avistei-a postada ao fundo uma caixa de tamanho médio, como um baú de pequenas
proporções. Novamente usei a pá; desta vez, para puxá-la até onde a pudesse
alcançar. Retirei-a de seu lugar e a lancei para o lado de fora com um
movimento rápido. A madeira podre despedaçou-se com o impacto. Imediatamente o
som de moedas e dobrões brotou na noite, tilintando sobre o pavimento em
ruínas. Ofegante, eu observei o tesouro que encontrara. E novamente a sensação
de urgência me assolou. Apressei-me em juntar tudo quanto havia na caixa e
partir para a segunda parte de meu plano.
Com
o vasilhame de vidro, dirigi-me até onde havia visto o fogo-fátuo pela última
vez. Lá ele estava como a me esperar. Nem mesmo atentei, perdido que estava em
minha louca ambição, que aquele era um fenômeno de curta duração e que
persistir daquela forma por tanto tempo não podia ter nada de normal.
Inclinei-me sobre ele e depositei o frasco. As chamas diminuíram tanto que, por
um momento, pensei que se extinguiriam, mas, de repente, retomaram a força ao
captarem o oxigênio que entrava pelas frestas abertas à faca na superfície da
tampa. Quando vi que não iria apagar, ergui-me, pronto para partir daquele
lugar horrendo. Não olhei para trás. Não vi a quem eu tinha usurpado naquela
madrugada. E muito provavelmente não me dei conta dos manifestos inflamados que
minha ação suscitara no interior abafado daquela terra esquecida.
II
Era
o fim da madrugada quando cheguei em casa e avancei furtivamente através da
sala, passando pelo corredor escuro e silencioso, até alcançar meu próprio
quarto. Dormia sozinho e sabia que teria todo o espaço e privacidade
necessários para lidar com as coisas que eu trouxera comigo do cemitério
municipal.
Primeiro
deitei-me um pouco em minha cama de solteiro. Estava tonto. O mundo parecia
oscilar diante de mim. Entendia que algo muito sério tinha sido levado a cabo
naquela noite. Sentia-me alquebrado e subitamente devastado pela cruel
curiosidade de saber quem teria sido o dono daquele tesouro que agora me pertencia.
Ergui-me lentamente, sentindo o mundo rodar. Quase podia entender que alguma
coisa, que emanava das pequenas labaredas azuis do fogo misterioso depositado
em minha escrivaninha, é que devia estar me causando a sensação de doença. Eu
podia ouvir o vento do lado de fora e sentir como ele fustigava as janelas
penetrando na casa como algum invasor invisível. Mas, somente quando senti
necessidade de tomar um pouco de ar puro, e abri a janela, é que percebi como a
estranha neblina parecia me ter acompanhado desde o cemitério e agora envolvia
toda a casa, não deixando mais se divisar nada do lado de fora.
Decidi
que tentaria dormir um pouco antes do amanhecer. Só depois é que iria contar
minha fortuna. E, mais tarde, após meu café da manhã reforçado, iria ao banco
investir onde pudesse e me iniciar como novo rico.
Mal
deitara quando ouvi soar a campainha da porta da sala. Ora! Não podia imaginar
quem poderia ser àquela hora. Mesmo assim, meu subconsciente insistiu em
advertir-me de que não seria exagero, ou desespero infundado, considerar a
possibilidade de ser a polícia. Ir preso como ladrão de cemitério e aparecer
nos jornais da região seria decerto demais para os corações de meus velhos
pais. Por isso resolvi apressar-me para atender à porta antes que alguém mais
acordasse. Retirei meus sapatos sujos de lama e corri em direção à sala no
andar de baixo.
A
dependência estava mergulhada na escuridão. As janelas de vidro eram como
quadros em branco devido à névoa do lado de fora. E, mais uma vez e campainha
soou pela casa. Ouvi algo como um resmungo vindo do andar de cima; era meu pai
que estava despertando. Corri para a porta e, mais uma vez sem refletir sobre
meus atos, a abri.
Senti
meu coração parar. O mundo inteiro girou em torno de mim e tudo ao meu redor
pareceu de repente desfocado; pois só o que meus olhos arregalados podiam ver
era a figura alta parada do lado de fora. Depois meus nervos em frangalhos me
jogaram ao chão e um jato quase incontrolável de náusea subiu de minhas
entranhas. Oh, meu Deus! O que foi que eu fiz! De onde viera aquela coisa que
adentrava agora minha casa? A coisa com o cheiro de morte e decomposição que
vagava pela sala, diante de mim, e me olhava com uma careta de desdém como
nenhum ser jamais deveria poder olhar para outro!
De
onde eu estava, o vi subir lentamente as escadas e desaparecer no segundo
andar. Depois me ergui, pensado em meus pais, e corri em seu encalço.
Alcancei-o em meu quarto. Segurava em uma das mãos parte do tesouro que eu lhe
subtraíra e na outra o vasilhame transparente com o fogo-fátuo. Olhou-me mais
uma vez com sua careta desdenhosa. Era alto e estava fardado como militar. Sua
cabeça era um crânio esfacelado pelo tempo e por um recente golpe de pá de
coveiro! Suas órbitas vazias, como buracos negros que conduziam ao inferno,
fizeram meu sangue congelar nas veias.
Segui
o morto quando ele deixou meu quarto. O acompanhei escada abaixo até a porta de
saída da casa. Sentia seu cheiro de coisa velha e sem vida invadindo minhas
narinas e penetrando em meu corpo para sempre. E acho que aqui e ali pisei em
alguns de seus velhos ossos que deixava cair pelo caminho.
No
umbral, ele parou. E novamente me olhou. Seu olhar me derrubou agora sobre uma
poltrona próxima. Foi assim que fiquei até a manhã chegar. Quieto, ofegante.
E
assim têm sido os restos de meus dias. Nunca me recuperei da sensação de
fraqueza, tontura e náusea. Sinto todos os sintomas todos os dias. Felizmente,
o senhor misericordioso parece estar terminando seu castigo para mim; pelo
menos aqui nesta terra, pois sinto a cada dia que se passa que minha vida se
esvai mais um pouco lentamente.
De
tudo o que vi, ouvi e senti naquela madrugada, o que mais me castiga nestes
meus dias próximos do fim é a certeza que restou como único resultado de minha
empreitada mortal.
Quando
a coisa me lançou seu último e feroz olhar, ergueu o dedo indicador descarnado
e me apontou fazendo um sinal de negação. Depois saiu caminhando trôpega até o
portão onde, dobrando à esquerda, desapareceu na noite; ela, parte de seu
tesouro e seu estranho fenômeno azul.
Imediatamente,
passei a ouvir ruídos de correria novamente no andar de cima. Pareceu-me que
escancaravam a janela de meu quarto e reviravam as coisas. Ouvi o tilintar das
moedas e dobrões e depois sons de sapatos de solado duro correndo
apressadamente pelo corredor. Então mais uma vez se fez silêncio. Algo havia
novamente deixado a casa.
Daquela
madrugada em diante meus pensamentos nunca mais se ordenaram. Não mais fui
capaz de ler uma obra, de ouvir uma peça ou de escrever um texto. Isto que vos
narro é por encargo de meu enfermeiro particular e biógrafo amador.
No
entanto, não posso encerrar esta obra sem avisar-lhes da minha importante
constatação. Cuidado ao encetarem empresa de procurar pelo fim do arco-íris,
pois a última coisa de que me recordo daquela noite antes do sol nascer foi da agitação
que se deu pela rua defronte à minha residência quando centenas de minúsculos
pés, calçados com sapatos de solados de madeira, pareceram passar correndo
ladeira abaixo adentrando nas matas próximas e desaparecendo no escuro em meio
a gargalhadas de escárnio. Pude ainda ouvir o som do restante de minhas moedas
tilintando dentro de suas bolsinhas de couro.
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