MONSTRUOSIDADE - Narrativa Verídica Macabra - Anônimos do séc. XIX
MOSNTRUOSIDADE
Anônimos do séc. XIX
Na
última viagem do navio La Plaia para
a Europa, deu-se um horrível acontecimento, tão horrível que mal se compreende
que tenha acontecido em meio a gente civilizada.
Tomaram
aquele paquete, em Dakar, o Sr. Bobin e sua esposa, que estava em adiantado estado
de gravidez.
Logo
às primeiras horas de viagem, o enjoo de mar afetou intensamente a mulher.
Chegando o La Plata a Pauillac
(França), o médico sanitarista de terra, responsável pela vistoria de
embarcações, diagnosticou para a infeliz senhora nada menos do que a febre
amarela. Impôs, assim, para o vapor, a quarentena de 4 dias, apesar dos
protestos do médico de bordo. Em sequência, ordenou transferência da Sra. Bobin
para o lazareto[1].
Ao
receber a intimação, a desgraçada teve uma síncope e foi transportada, desmaiada,
pelos enfermeiros, para o local de isolamento. Começou, passado o desmaio, a
sentir dores violentíssimas.
O
Sr. Bobin perguntou ao médico sanitarista
se ele não podia prestar socorro de obstetrícia à sua senhora. Como resposta, ele teve a garantia de que nada mais
havia a ser feito pela mulher, salvo inutilmente velá-la.
No
isolamento, a Sra. Bobin teve uma outra
síncope, da qual jamais retornou. O corpo foi encerrado no caixão entre duas
camadas de zinco, apesar de uma enfermeira observar que o cadáver ainda estava quente,
e que talvez houvesse tempo de salvar a criança.
Nada
se fez.
E
apenas um missionário, que também embarcara em Dakar, disse a última prece pela infeliz criatura...
Levados
estes fatos ao conhecimento da Justiça, os magistrados ordenaram a exumação. E,
para o espanto de todos, dentro do caixão mortuário foi encontrada a criança,
que ali havia nascido!
O
médico encarregado da necropsia constatou o nascimento. E verificou, ademais, que
a Sra. Bobin não tinha sido atacada pela febre amarela ou qualquer outra doença
epidêmica. Na verdade, morreu sufocada dentro do caixão.
(Tais
fatos aconteceram em outubro de 1899).
Fontes: “A Pacotilha”
(MA), edição de 19 de janeiro de 1990; “The Scranton Republican”(Pensilvânia,
EUA), edição de 15 de novembro de 1901. Fizeram-se adaptações textuais.
[1] Edifício
distante da cidade, ou navio ancorado ao largo, em que se mantêm de quarentena
pessoas suspeitas de ter doença contagiosa, conforme definição do Dicionário Caldas
Aulete
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