O DIABO EM PARIS - Conto Humorístico de Horror - Escritor anônimo do século XIX
O DIABO EM PARIS
Anônimo do séc.
XIX
Chegando
pelo Carnaval a Paris, um jovem provinciano acomodou-se em uma das hospedarias principais.
Querendo tomar parte no divertimento dos mascarados, logo que anoiteceu saiu da
hospedaria e foi comprar máscara e vestuário correspondente à figura do diabo.
Vestindo-se
na loja em que tais objeto se vendiam, saiu para o baile do mais próximo teatro,
onde se divertiu até as três horas da madrugada, e então regressou à hospedaria
sem se lembrar da figura que fazia.
Chegou
à porta e bateu. Veio uma criada sabor quem era. Porém, assim que viu o hóspede,
deitou a fugir assustadíssima, de maneira que não foi possível conseguir que se
abrisse a porta.
O
provinciano, apertado pelo frio, foi rua abaixo, e, vendo uma porta aberta e
luz na sala, entrou. Estava no meio da sala um defunto circundado de tochas acesas,
e um clérigo assentado em uma cadeira com um rapazinho a seu lado, dormindo
ambos ao calor de um braseiro que tinham diante de si.
O provinciano, sem fazer barulho, assentou-se
junto ao braseiro, e não tardou em adormecer. O clérigo, acordando afinal, e
vendo o diabo sentado na sala, deitou a fugir. O rapaz, acordando com o barulho,
e vendo tambem o diabo, começou a dar gritos infernais, e saiu porta fora.
Nesta ocasião, ia chegando uma patrulha. Entrou na casa, e vendo que todo aquele
motim procedia de estar o tal provinciano vestido de diabo, admoestou-o para
que se fosse despir, e foi, então, que ele se deu conta de que o seu vestuário tinha
sido a causa dos incômodos que sofrera.
Foi
despir-se, e quando do chegou à hospedaria, soube que a criada estava muito
doente por lhe ter aparecido o diabo, que também nessa noite tinha o demo
levado um defunto, o que se acreditou, visto ter ele sido cambista de
ordenados, usurário desalmado, etc.
Fonte: “Novo Correio
das Modas” (RJ), 1853.
Narrativa originariamente publicada em 21/12/2019.
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