O FANTASMA DE VALPO - Narrativa Clássica de Terror - Narrativa Verídica - Anônimo do séc. XIX
O
FANTASMA DE VALPO
Anônimo
do séc. XIX
Eis
aqui, finalmente, a aparição de uma alma do outro mundo, revestida de tais
circunstâncias que, ao menos desta vez,
não há remédio senão dizer que spiritus qui vadit, redit[1].
“Na
vila de Valpo, Esclavônia — diz a gazeta de Presburgo, copiada pelo Freyschutz
de Hamburgo — aconteceu algo notável, sobre o qual o reverendo bispo de
Fünfkirchen está procedendo a rigoroso exame.
Havia
tempos que o castelo de Valpo era infestado de aparições. Cinco vezes
sucessivas, e com intervalos muito curtos, havia aparecido ao coronel Von Koeth
uma e a mesma visão. O fantasma aparecia sempre à meia-noite em trajes de
mulher, com um vestido à turca de cetim cor-de-rosa, e um longo véu que lhe
descia aos pés. A sua exigência era que o dono do castelo mandasse desenterrar
os seus ossos e que os fizesse depositar em solo sagrado. Com isto, designava o
lugar em que o cadáver tinha sido enterrado, dizia onde havia sido assassinada
a pessoa a quem o dito cadáver pertencia e, concluía dizendo que mais vezes se
tinha apresentado a diferentes pessoas, mas que a nenhuma tinha podido dizer o
que queria, porque todas elas fugiam.
Como
o relato era tão circunstanciado, mandou o coronel Von Koeth cavar no local
designado e achou-se, efetivamente, a dois pés de profundidade, um esqueleto
feminino, ferido com seis balas no peito.
No
dia 14 de dezembro passado, foi o esqueleto depositado na capela do castelo.
Mas o fantasma voltou na noite do dia 19 pedindo que, depois de lhe terem sido
feitas as exéquias de costume, o transportassem para o cemitério público e
depositassem num túmulo que indicou.
Assim
se cumpriu. O fantasma voltou mais uma vez para agradecer este notável serviço
e nunca mais reapareceu. Este fato acha-se confirmado com atestados das
autoridades territoriais”.
Tradução de autor
desconhecido
Fonte: Jornal do
Commercio (RJ), edição de 28 de setembro de 1841.
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