A PROMESSA CUMPRIDA - Conto Clássico Sobrenatural - Charles Dickens
A
PROMESSA CUMPRIDA
Charles
Dickens
(1812
– 1870)
Ente
as pessoas amigas de minha família havia uma jovem dama suíça que, tendo apenas
um irmão, ficou órfã na infância. Ela e seu irmão foram criados por uma tia, e
as crianças, que tiveram de amparar-se mutuamente, cresceram muito unidas. À
idade de 22 anos, o irmão se viu obrigado a partir para a Índia e viu que se
aproximava o terrível dia em que teria de se separar da jovem. Não é necessário
descrever, aqui, a agonia que padecem as pessoas em tais circunstâncias, mas a
forma que eles buscaram para mitigar a angústia da separação foi de todo
singular. Combinaram que, se qualquer um deles falecesse antes do regresso do
jovem, o que havia morrido haveria de aparecer ao outro.
O
jovem partiu. A moça, a seu turno,
desposou um cavalheiro escocês. Deixando a sua casa, passou a ser a alegria e a
inspiração do lar que formou com seu marido. Tornou-se uma esposa devota, mas
nunca esqueceu o seu irmão. Os irmãos trocavam cartas com certa regularidade e
os dias em que ela recebia correspondências da Índia eram os mais felizes do
ano.
Num
dia frio de inverno, transcorridos dois ou três anos de seu casamento, estava
ela sentada, junto a uma vívida lareira em seu quarto, situado no pavimento
superior da vivenda, a cuidar de suas ocupações habituais. Estava muito
atarefada quando um estranho impulso a fez levantar a cabeça e olhar em volta
de si. A porta se encontrava ligeiramente aberta e, junto à grande e antiga
cama, havia uma figura na qual, após um rápido vislumbre, ela reconheceu o seu
irmão. Com um grito de emoção, levantou-se e correu para ele, exclamando:
—
Oh, Henry! Como pôde fazer-me tal surpresa? Não me disse que viria!
Mas
ele fez um melancólico gesto com a mão, como se a proibisse de aproximar, e ela
parou de súbito. Ele avançou uns passos e disse, com uma voz suave e profunda:
—
Recorda-se, irmã, de nosso pacto? Estou aqui para cumpri-lo.
E,
aproximando-se mais a ela, a tomou pelo pulso.
A
mão do rapaz estava fria como gelo e o contato com ela provocou na jovem um
calafrio. O irmão sorriu, débil e desoladamente. Fez um gesto de despedida com
a mão, deu meia volta e deixou o quarto.
Quando
ela se recuperou de um longo desvanecimento, deu-se conta de que em seu pulso
havia uma marca indelével. O correio seguinte, vindo da Índia, trazia um ofício
que informava o falecimento de seu irmão. Ele morrera no mesmo dia e na mesma
hora em que aparecera, no quarto, à irmã.
Conto originariamente
publicado na revista “All The Year Round”, edição de 14 de setembro de 1861.
Versão em português:
Paulo Soriano.
Tenho um canal de contos de terro no YouTube,eu posso narrar no meu canal seus contos?
ResponderExcluirPode sim!!!!!
ExcluirClássico! Aproveitei a data de hoje, o aniversário de Dickens, pra ler algo dele aqui no site :D
ResponderExcluirMuito obrigado, Maycon.
Excluir