O MORTO-VIVO DO PAÍS DE GALES - Narrativa Clássica de Terror - Walter Map
O MORTO-VIVO DO
PAÍS DE GALES
Walter Map
(1140 – c. 1210)
O
mais extraordinário acontecimento de que tenho notícia sucedeu no País de
Gales.
William
Laudun, um soldado inglês, robusto em sua força e de comprovada coragem, procurou
Gilbert Foliot, que na época era bispo de Hereford, e hoje é o Londres, e disse-lhe:
— Mestre, corro à tua presença em busca de
conselhos. Um certo malfeitor galês, um homem ímpio, morreu em minha casa não
faz muito tempo. Há quatro dias, ele retorna, a cada noite, da sepultura, e não
cessa de invocar, um por um e por seu nome, todos os seus antigos companheiros.
Assim que são convocados, os vizinhos adoecem e morrem em três dias, de modo
que agora apenas alguns sobrevivem.
O
bispo, admirado, respondeu:
—
Deus, por acaso, concedeu ao anjo maligno o poder de fazer com que aquele
desgraçado se mantenha inquieto em seu corpo morto. É preciso desenterrar o
cadáver, cortar-lhe o pescoço e borrifar o corpo e a sepultura com água benta
e, em seguida, enterrá-lo novamente.
O
conselho do bispo foi seguido, mas os sobreviventes voltaram a ser atacados
pelo espírito inquieto.
Restando
apenas uns poucos vizinhos, chegou a vez de o cadáver convocar, por três vezes,
o próprio William. O soldado, intrépido e ativo como era, sabendo muito bem o
que aquela convocação significava, desembainhou a espada e saiu, correndo, no
encalço do redivivo.
William
perseguiu o demônio, que fugia, até a sepultura. Lá, chegando, desferiu-lhe um
golpe no pescoço, cortando-lhe a cabeça. A partir desse instante, cessou a perseguição que
o vagamundo fantasmagórico fazia às pessoas, e, por isto, Guilherme e os demais
sobreviventes ficaram a salvo de qualquer malefício.
Desconhecemos,
porém, a causa dessas transformações.
Versão em português de
Paulo Soriano.
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