PETER PLOGOJOWITZ, O VAMPIRO DE KISOLOVA - Narrativa Clássica de Terror - Michael Ranfft
PETER
PLOGOJOWITZ, O VAMPIRO DE KISOLOVA
Michael Ranfft
(1700 - 1774)
Peter
Plogojowitz, um habitante de uma aldeia na Hungria chamada Kisolova, morto e
enterrado há mais de dez anos, apareceu à noite a várias pessoas da aldeia,
enquanto dormiam, e pressionou-lhes o pescoço de tal forma que expiraram dentro
de vinte e quatro horas. Assim, morreram nada menos que nove pessoas em oito
dias.
A
viúva de Plogojowitz declarou que ela mesma havia sido visitada pelo marido
falecido, que lhe aparecera para exigir os seus sapatos. Aquela aparição a assustou tanto que a mulher
deixou Kisolova e foi morar em outro lugar.
Estas
circunstâncias induziram os habitantes da vila à firme determinação de
desenterrar o corpo de Plogojowitz e incinerá-lo, a fim de pôr um basta nessas
perniciosas visitas. Assim, solicitaram
ao comandante das tropas do imperador no distrito de Gradisca, no reino da
Hungria, e ao encarregado do local, uma licença para exumar o cadáver. Ambos
fizeram muitas escrupulosas objeções a atender ao pedido. Os camponeses,
contudo, declararam claramente que, se não lhes fosse permitido desenterrar aquele
maldito cadáver — plenamente convencidos que estavam de ser ele um vampiro —,
seriam forçados a deixar a aldeia e se estabelecer onde pudessem.
O
oficial, que relatou este incidente, vendo que não havia como impedir os
aldeões de realizarem aquele intento, por meios legais ou pela força, dirigiu-se,
pessoalmente, acompanhado pelo ministro religioso de Gradisca, a Kisolova.
Estavam ambos presentes quando da exumação do cadáver. Retirado de sua cova, os
circunstantes descobriram que o corpo, livre de qualquer mau cheiro, se
encontrava perfeitamente conservado, como se Peter
Plogojowitz estivesse vivo, exceto pela ponta do nariz, que estava um pouco
seca e murcha. A barba e o cabelo cresciam viçosamente e unhas novas haviam
crescido, substituindo as que haviam caído. Sobre a pele antiga, que parecia
pálida e morta, germinou uma nova, de uma cor fresca e natural; e as mãos e os
pés apresentavam uma integridade tal que pareciam pertencer a uma pessoa em
perfeita saúde. Observaram, também, que a boca do vampiro estava cheia de
sangue fresco, o que convenceu os presentes de que ele realmente havia sugado os
vizinhos, matando-os.
O
oficial e o clérigo, tendo examinado diligentemente todas as circunstâncias, cuidaram
de despedir os aldeões presentes. Estes, porém, manifestando nova indignação — eis
que estavam plenamente convencidos de que aquela carcaça era a verdadeira causa
da morte de seus conterrâneos —, correram imediatamente para buscar uma estaca
afiada.
Quando
fincada no cadáver, a estaca abriu-lhe no peito uma ferida, da qual fluiu uma
grande quantidade de sangue fresco e corado. Golfadas de sangue jorraram,
também, de sua boca e nariz. Os presentes constaram que havia, no morto, algo
que indicava algum resquício de vida. Então, os camponeses colocaram o corpo
sobre uma pira de madeira, e o queimaram até convertê-lo em cinzas.
Versão em português de
Paulo Soriano, a partir da tradução inglesa de Dudley Wright (1868 – 1949),
constante de Vampires and Vampirism.
Muito bom!. Roger.
ResponderExcluirContos de vampiros são os melhores.
ResponderExcluirNa época, acreditava-se que era verdade, sim.
ResponderExcluirHoje, crê-se que se trata de simples superstição popular.
Obrigado por nos escrever, Ivair.
Na época, acreditava-se que era verdade, sim.
ResponderExcluirHoje, crê-se que se trata de simples superstição popular.
Obrigado por nos escrever, Ivair.