O TERRÍVEL FANTASMA DE CHATHERINE - Narrativa Clássica de Terror - Charles Nodier

 


O TERRÍVEL FANTASMA DE CHATHERINE

Charles Nodier

(1870 – 1844)

Tradução de Paulo Soriano

 

Numa cidade do Peru, uma garota de dezesseis anos, chamada Catherine, morreu de repente, cheia de pecados e culpada de vários sacrilégios. No momento em que expirou, o seu corpo se infectou de tal maneira que não foi possível deixá-lo em casa, e tiveram de levá-lo ao ar livre para livrarem-se um pouco do miasma.

Em seguida, ouviram-se uivos semelhantes aos de um cão. O cavalo da casa, que era muito manso, começou a dar coices, a agitar-se e a bater com os cascos, tentando soltar-se de suas amarras, como se alguém o tivesse atormentado e açoitado com violência.

Poucos instantes depois, um jovem, que estava deitado e dormia tranquilamente, sentiu que alguém lhe agarrava o braço com força e o arrancava da cama. No mesmo dia, uma criada recebeu um chute no ombro, sem ter enxergado quem desferira o golpe. A marca permaneceu por várias semanas.

Todas essas coisas foram atribuídas à maldade da defunta Catharine, que foi enterrada imediatamente, na esperança de que não mais voltaria.

Mas, depois de alguns dias, escutou-se um grande estrépito causado por telhas e tijolos quebrando. O espírito, invisível, entrou, em plena luz do dia, em uma sala onde se encontrava a senhora, com todos os familiares. Puxou o pé da mesma criada a quem antes golpeara e a arrastou pelo recinto, à vista de todos, mas ninguém podia ver quem a estava maltratando.

Quando, no dia seguinte, essa pobre garota — que parecia ser a vítima escolhida pela defunta — foi buscar as roupas em um cômodo do andar superior, percebeu a presença de Catharine, que se punha de ponta de pés para pegar um vaso na cornija. A moça fugiu imediatamente, mas o espectro, que se havia se apoderado do vaso, a perseguiu, e o arremessou com força. A senhora, que ouvira o barulho, acorreu e viu a criada a tremer, e o vaso partido em mil pedaços. Ela, a sua vez, recebeu um golpe de tijolo que, felizmente, não lhe causou danos.

 No dia seguinte, a família, então reunida, viu que um crucifixo, então solidamente cravado na parede, se desprendeu, como se alguém o arrancasse com violência, e se partiu em pedaços.

Resolveram exorcizar o espírito, que continuou com os seus malefícios por muito tempo, e só conseguiram livrar-se deles depois de muitíssimos esforços.

 


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