O CADÁVER REJEITADO - Narrativa Clássica Sobrenatural - Dieudonné
O CADÁVER
REJEITADO
Dieudonné, Bispo de Cahors, França[1]
(Séc. XI)
Um
cavalheiro de nossa diocese morreu em estado de excomunhão. Eu não quis ceder
aos reiterados apelos de seus amigos, que me suplicavam que o absolvesse.
Queria dar um exemplar castigo que servisse de advertência aos demais. Por
conseguinte, o cavalheiro foi sepultado por alguns gentis-homens sem as
cerimônias eclesiásticas, e sem a permissão e a assistência dos sacerdotes, numa
igreja em ruínas outrora dedicada a São Pedro.
No
dia seguinte, de manhã, encontraram o seu cadáver arrojado a alguma distância
da sepultura, que estava intacta, sem qualquer indício de haver sido violada.
Os cavalheiros que o haviam sepultado só encontraram no sepulcro os lençóis
mortuários, nos quais o corpo havia sido envolvido.
Puseram-no
novamente na cova, cobrindo a lousa com uma enorme quantidade de terra e
pedras.
No
dia seguinte, encontraram mais uma vez o cadáver fora de seu sepulcro, sem
qualquer evidência de que algum ser humano o houvesse tirado de lá.
A
mesma coisa se repetiu por cinco dias.
Vendo
que a igreja não o desejava, enterraram-no finalmente longe do cemitério e em
terras profanas, o que encheu de terror os senhores feudais circunvizinhos, que
me vieram rogar que perdoasse o defunto e lhes restituísse a paz.
Apud Collin de Plancy.
Versão em português de Paulo Soriano
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