O PADRE DESAFORTUNADO E O CADÁVER - Conto Clássico Fúnebre e de Mistério - Joseph Taylor
O PADRE
DESAFORTUNADO E O CADÁVER
Joseph Taylor
(Séc. XIX)
Tradução de Paulo
Soriano
Numa
província da Prússia, um homem morto foi levado, como é costume, à igreja, na
noite anterior ao dia de seu sepultamento.
É
comum colocar o cadáver em um caixão aberto. E um padre, auxiliado apenas por
um coroinha, permanece a noite inteira orando ao lado do cadáver. No dia
seguinte, os amigos do defunto vêm fechar o caixão e enterrar o cadáver.
Naquela
ocasião, depois de realizado o serviço noturno, todos se retiraram da igreja. E
o padre, com o jovem coroinha, retirou-se para cear. Mas logo voltou, e começou
as orações habituais. Qual não foi o seu espanto ao ver o cadáver erguer-se do
caixão e avançar em sua direção! Extremamente aterrorizado, o padre correu para
a pia. E, conjurando o cadáver para retornar ao caixão, derramou sobre ele água
benta em abundância.
Mas
o espírito obstinado e mal-intencionado, desconsiderando o poder da água benta,
agarrou o desafortunado sacerdote, jogou-o no chão e, depois, aplicando-lhe repetidos
golpes, deixou-o estendido, sem vida, no chão.
Tendo
cometido este ato de barbárie, o cadáver teria retornado, silenciosamente, ao
seu caixão.
Na
manhã seguinte, as pessoas que vieram preparar o funeral encontraram o padre
assassinado e o cadáver no caixão, como estivara antes. Nada poderia lançar
alguma luz sobre este acontecimento extraordinário, a não ser o testemunho do
menino, que se havia escondido ao primeiro movimento do cadáver, e que declarou,
veementemente, que, de seu esconderijo, vira o cadáver assassinar o sacerdote.
As
conjecturas e os esforços para descobrir a verdade foram igualmente vãos,
torturantes e infrutíferos. Muitos recursos foram empregados, pois nem todos se
submetiam à crença de um cadáver ressuscitando para matar um padre. Mas, enfim,
tiveram de resignar-se em voltar à estaca zero em suas investigações.
Muitos
anos depois, um malfeitor, condenado à morte por vários crimes, e levado à
tortura, confessou que, por alguma razão desconhecida, tendo concebido um ódio
implacável contra o sacerdote em questão, havia engendrado o intento de assim
praticar a sua vingança. Tendo encontrado meios para permanecer na igreja, ele
aproveitou o momento em que o padre se retirou para a ceia, retirou o cadáver
do caixão e colocou-se em seu lugar, cobrindo-se com a mortalha e cercando-se
dos demais acessórios fúnebres. Depois de realizar o assassínio do padre,
devolveu o cadáver ao seu lugar, e saiu, sem ser visto, da igreja, quando os
amigos do falecido vieram pela manhã para assistir ao funeral.
Simples, curto e muito bacana.
ResponderExcluirmassa
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