A SEGUNDA CHANCE - Narrativa Clássica Sobrenatural - Thomas Bromhall

 

A SEGUNDA CHANCE

Thomas Bromhall

(Séc. XVII)

Tradução de Paulo Soriano

 

Conta-se que um cavalheiro da Baviera, da mais nobre estirpe, ficou tão aflito pela morte da esposa que, rejeitando qualquer consolo, se entregou a uma vida solitária.

Por fim, enquanto se lamentava desenfreadamente, a sua esposa, ressuscitada dos mortos, apareceu-lhe à noite e disse-lhe que, de fato, havia concluído seu curso natural nesta vida, mas que, devido ao aos seus insistentes lamentos, tivera a vida restaurada. Por concessão divina, poderia novamente desfrutar do vínculo conjugal, mas sob a condição de que deveriam os esposos celebrar um novo casamento, presidido por um padre. Além disso, o marido deveria abster-se de todas as injúrias e palavras blasfemas que costumeiramente empregava, pois, em verdade, esta foi a principal — ou única — causa pela qual o varão havia sido privado de sua mulher.  Todavia, acaso ele proferisse qualquer palavra dessa natureza, a esposa despedir-se-ia imediatamente, mais uma vez, desta vida.

Realizadas as novas núpcias, ela cuidou de seus assuntos domésticos como antigamente, e deu-lhe alguns filhos, mas permanecia o tempo todo com um semblante triste e abatido.

Muitos anos depois, todavia, o seu marido, voltando bêbado para casa, disse à criada, com raiva, algumas palavras duras, algo que não teria feito se sóbrio estivesse.  A mulher foi da cama ao armário para levar algumas frutas ao seu marido, e, desnudando-se, deixou suas vestimentas no baú em que as maçãs eram guardadas. Mas nenhum corpo físico havia nela e ela nunca mais foi vista.

 

Fonte: “A Treatise of Specters”, de 1658.

 


Comentários

  1. interessante este conto, a mulher parece que ou não era humana e sim um djinni ou voltara a vida com seu corpo glorioso, ou em estado Jinas. Muito bom! Ass. Roger

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