O CADÁVER POSSUÍDO - Narrativa Clássica de Terror - Thomas Bromhall

 



O CADÁVER POSSUÍDO

Thomas Bromhall

(Séc. XVII)

Tradução de Paulo Soriano

 

No ano de 1567, em Trawtenaw, numa cidade da Boêmia, havia um certo homem que acumulou grande riqueza e ergueu edifícios famosos. Fora tão afortunado em seus empreendimentos que todos o admiravam. Por fim, adoeceu, morreu e foi enterrado com muita honra.

Pouco tempo depois de sua morte e sepultamento, seu corpo (ou melhor, um demônio, que, por seu poder diabólico, carregava seu corpo por toda parte) apertou e abraçou muitos homens tão estreitamente, que muitos deles adoeceram e morreram. Todavia, alguns dos que se recuperaram confessaram, em uníssono, que haviam sido tocados e abraçados por esse homem rico, que conservava o mesmo hábito que tivera em vida.

Portanto, o governador daquela comuna, para que aquele espectro pudesse ser detido e reprimido, ordenou que se lhe abrisse a sepultura e o exumasse.

Embora o corpo estivesse enterrado por cerca de 20 semanas, não estava corrompido; ao contrário, apresentava-se tão robusto e roliço quanto costumam exibirem-se os corpos de rapazes bem nutridos.

O cadáver foi, então, entregue ao carrasco, que o levou para o lugar onde os malfeitores costumavam receber a sua punição. O verdugo cortou-lhe a cabeça com um machado e, quando o corpo foi removido, o algoz tirou-lhe o coração e cortou-o em pedaços. O sangue jorrou do cadáver, tal como uma pessoa que se submete a uma digna punição.  Por isto, o carrasco, amarrando-o da cabeça aos pés, lançou o corpo ao fogo, e queimou-o em presença de uma grande multidão.

 


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