VAMPIROS DA HUNGRIA (RELATOS VERÍDICOS) - Narrativa Clássica de Terror - Charles Nodier

 



VAMPIROS DA HUNGRIA

(RELATOS VERÍDICOS)

Charles Nodier

(1780 – 1844)

Tradução de Paulo Soriano

 

  

Um soldado húngaro estava hospedado na casa de um camponês da fronteira.

Certo dia, quando comiam juntos, o soldado viu entrar um desconhecido que se sentou à mesa, junto a eles. O camponês e sua família ficaram aterrorizados com tal visita. Já o militar, que ignorava o que se passava, não sabia a que atribuir o pavor que assediava essas boas pessoas. Mas, no dia seguinte, quando encontraram o dono da casa morto sobre a cama, o soldado soube que fora o pai de seu anfitrião – morto e enterrado há dez anos – que tinha vindo sentar-se à mesa, ao lado de seu filho, e desta forma lhe havia anunciado e causado a morte.

O militar participou ao seu regimento o acontecido. Os generais enviaram um capitão, um cirurgião, um auditor e alguns oficiais para investigar o fato.

As pessoas da casa e os habitantes da vila declararam que o pai do camponês havia voltado para provocar a morte do filho, e que tudo o que o soldado havia visto e contado era absolutamente verdadeiro. Por conseguinte, mandaram desenterrar o corpo do vampiro. Encontraram-no no estado de um homem que acabara de morrer e com o sangue ainda quente. Cortaram-lhe, então, a cabeça e lançaram-no novamente no túmulo.


 


 

Depois dessa primeira expedição, os oficiais foram informados de que outro homem, morto há mais de trinta anos, frequentemente aparecia, e que já se havia apresentado três vezes em casa, na hora da ceia. Na primeira vez, havia mordido o pescoço do próprio irmão, dele extraindo muito sangue; na segunda, fizera o mesmo a seus filhos; um criado havia sofrido o mesmo assédio quando da terceira vez.

Essas três pessoas haviam morrido em consequência de tais agressões. Esse fantasma desnaturado foi também desenterrado. Encontraram-no tão cheio de sangue quanto o primeiro vampiro. Enfiaram-lhe uma grande estaca na cabeça e o cobriram com terra.

Quando a comitiva achava já que havia liberado a população do assédio dos vampiros, chegaram, de toda parte, denúncias contra um terceiro vampiro. Esse, morto há dezesseis anos, havia matado e devorado dois de seus filhos.

O terceiro vampiro, considerado o mais terrível de todos, foi queimado. Depois dessas execuções, os oficiais deixaram a vila totalmente em calma e livre de ressurretos que bebiam o sangue de seus filhos e amigos.


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