SANTA ADORATA - Conto Clássico Fúnebre - Guillaume Apollinaire

SANTA ADORATA Guillaume Apollinaire (1880 – 1918) Tradução de Paulo Soriano Para Fernando Molina Certa feita, visitei a igrejinha de Szepeny, na Hungria, e lá me mostraram um relicário muito venerado. — Ele contém o corpo de Santa Adorata — disse-me o guia. — Já se passaram quase sessenta anos da descoberta do túmulo, perto de onde estamos. Não há dúvida de que a santa foi martirizada nos primórdios do cristianismo, quando da ocupação romana. Era a época da evangelização de Szepeny, realizada pelo diácono Marcelino, que assistira à crucificação de São Pedro. “Com toda a probabilidade, Santa Adorata foi convertida pelo do diácono e, após o martírio, os padres romanos sepultaram os seus despojos. Acredita-se que Adorata seja apenas a tradução latina de um nome pagão, pois não se crê que ela tenha recebido outro batismo que não o do sangue. Tal nome não suscita ideias cristãs; contudo, a boa conservação do corpo, que se achava intacto depois ...