O FANTASMA GIGANTE - Conto Clássico de Terror - Autor desconhecido do século XIX


 

O FANTASMA GIGANTE

Autor desconhecido do século XIX

Tradução de Paulo Soriano

 

(Philadelphia Press, 13 de setembro de 1896)

O fantasma de Benton, Indiana, está atraindo muita atenção. Já foi visto e investigado por muitas pessoas reputadas inteligentes e dotadas de bom senso. Até agora, todavia, não se obteve qualquer explicação satisfatória à estranha aparição.

Um fazendeiro, chamado John W. French, e sua esposa foram os primeiros a vê-la. Este casal mora no campo, perto de Benton e, certa noite, voltavam para casa, após visitarem um vizinho. A estrada passava por uma velha igreja, coberta de musgo e rodeada por um cemitério, repleto de arbustos; os ossos de centenas de pessoas servem de adubo ao solo local. Há dez anos, um homem idoso — que vivia sozinho não muito longe da velha igreja, e visitava o cemitério, quase diariamente, para orar junto ao túmulo de algum parente — foi horrivelmente assassinado em razão do ouro que, supostamente, mantinha escindido em sua solitária vivenda. Os ladrões e assassinos escaparam da Justiça, e o infeliz ancião foi enterrado no mesmo cemitério a que dedicara muito de seu tempo. Assim que French e sua esposa avistaram as lápides brancas no cemitério da igreja, os cavalos recuaram e bufaram, repletos de terror. French, alarmado, e, suspeitando que os cavalos percebiam a presença de salteadores, acercou-se à espingarda que guardava, diligentemente, no fundo da carroça. Porém, antes de alcançá-la, o grito de sua mulher o assustou. Segurando o braço do marido, a esposa apontou para a frente e soluçou:

— Olhe, John, olhe!

No final da estrada, ao lado dos monumentos refulgentes do antigo cemitério, ele viu uma aparição. Era a de um homem velho, dotado de longa barba branca, que lhe caía até peito. A figura, que parecia ter oito pés de altura, mantinha em uma das mãos um porrete, como o que havia esmigalhado, há dez anos, o cérebro do ancião. Erguendo lentamente um braço, o fantasma, com um movimento majestoso, acenou, pedindo a French que avançasse em sua direção. Mas French estava apavorado demais para esboçar qualquer reação, salvo a de tentar conter os cavalos empinados, que forçavam os arreios, procurando fugir às carreiras. Quando percebeu, finalmente, que estava a visualizar um fantasma, um suor frio promanou de todo o seu corpo; então, escutou a voz de sua mulher, implorando-lhe que voltasse pelo caminho de onde vieram e, assim, escapasse de uma fatalidade, que se anunciava iminente. French ainda estava muito assustado e excitado para controlar os cavalos e, enquanto olhava fixamente para a terrível e lívida entidade na estrada, viu que o espectro, lentamente, se movia em direção à carroça. A clava estava agora erguida até o ombro espectral, como um fuzil apoiado na espádua de um soldado, e o fantasma parecia avançar, mas sem pisar o chão, como se tivesse asas.

Então, o fazendeiro recuperou suas faculdades e, girando a rédea, chicoteou os cavalos, obrigando-os a uma disparada. Então, rumou à casa do amigo que acabara de visitar. Quando chegaram lá, em razão do susto que haviam levado, French e esposa estavam quase desmaiados.

Foi Milton Moon a próxima pessoa a contemplar a assombração, após o citado episódio. Tinha ele a reputação de ser não apenas um homem inteligente, mas, também, destemido. Sua experiência foi muito semelhante à dos French e gerou várias investigações, engendradas pelos cidadãos locais. Em cada caso, eles se convenceram da presença real do fantasma, pois não foram capazes de descobrir qualquer explicação satisfatória àqueles incidentes.

 

Fonte: “The Best Ghost Stories”, Boni & Biveright, Inc., Nova York, 1919.

 


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