O FANTASMA DO MENINO COM BOTÕES DE LATÃO - Narrativa Clássica de Terror - Autor desconhecido do século XIX
O
FANTASMA DO MENINO COM BOTÕES DE LATÃO
Autor
desconhecido do século XIX
Tradução
de Paulo Soriano
(Philadelphia Press, 16 de junho de 1889)
Numa bela casa, conquanto antiquada, na praça
Stuyvesant, havia um fantasma. A casa ficara vazia por vários anos e, há cerca
de seis anos, um cavalheiro, sua esposa e filha para lá se mudaram. Enquanto
fazia a mudança, o casal permitiu à criança brincar no sótão vazio, que,
aparentemente, no passado, havia sido uma sala de jogos infantis. Nela, havia
uma chaminé, dotada de uma grande lareira.
Terminada a mudança, a mãe voltou a atenção à
menininha e tentou mantê-la embaixo consigo. Todavia, a criança sempre fugia e
subia as escadas várias vezes, até que, finalmente, a mãe perguntou por que ela
tanto queria subir ao sótão. A menina respondeu que gostava de brincar com um
menino engraçado, que lá estava. A investigação mostrou que era totalmente
impossível, para qualquer pessoa, adulto ou criança, entrar naquele lugar ou
ali se esconder. A menina, de sua feita, insistiu, dizendo aos pais que o
menino “entrara lá”, apontando para a lareira.
Os pais ficaram seriamente preocupados, acreditando
que a filha mentia, e ameaçaram puni-la. Contudo, ela insistiu que via e
brincava com um "menininho engraçado, com muitos botões de latão na jaqueta”.
Os pais desistiram, finalmente, das ameaças e resolveram investigar o
incidente.
O pai, que é um velho capitão do mar, descobriu que
aquela casa fora ocupada por um inglês chamado Cowdery, que teve três filhos —
dois meninos e uma menina. Um dos meninos era atoleimado. O menino deveria ter
caído no Rio East, pois lá o seu boné havia sido encontrado, e ele sempre
demonstrava afeição ao rio quando a sua ama o levava a passear. Logo após o
desparecimento do garoto, o Sr. Cowdery mudou-se para o Oeste.
Isso foi o suficiente para o dono da casa, que
mandou desfazer a lareira. Um pequeno desmonte na parede, ao lado da chaminé,
revelou o corpo da infeliz criança. A parte de trás de seu crânio estava
esmagada. Envolvia o cadáver uma jaqueta azul escura, com quatro fileiras de
botões na frente. Os pobres ossinhos foram sepultados, mas o caso permaneceu em
silêncio. Após o incidente, capitão e família mudaram-se dali.
Fonte:
“The Best Ghost Stories”, Boni & Biveright, Inc., Nova York, 1919.
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