O CONDE DE ALGECIRAS, VAMPIRO - Narrativa Clássica de Terror - Antonio Joaquín de Rivadeneyra y Barrientos


 

O CONDE DE ALGECIRAS, VAMPIRO

Antonio Joaquín de Rivadeneyra y Barrientos

(1710 – 1772)

Tradução de Paulo Soriano

 

 

A narrativa do Conde de Algeciras é um dos mais antigos relatos vampíricos em língua espanhola, escrito pelo fidalgo hispano-mexicano Antonio Joaquín de Rivadeneyra y Barrientos. Foi publicada em Madri no ano de 1753.

 

 

Algeciras — de que se haviam apoderado os mouros desde a perda da Espanha, como pertencente a seu guia, o conde Dom Julián — foi recuperada por El Rei Dom Afonso XI,

Há, até hoje, em Algeciras, um castelo com o seu nome, em que o vulgo quer haver deixado o conde ocultos os seus tesouros; e, no populacho, não falta quem esteja persuadido de que o conde, de tempo em tempo, vem visitar as suas riquezas, maltratando os que encontra alojados nesse castelo.

Há loucuras — filhas do sonho ou da ilusão, ou da aparência ou do terror — que aspiram a fazer o corpo deste infeliz conde (porque, quanto à alma, terão muito que descobrir onde Deus a pôs), semelhante ao dos vampiros — um daqueles fantasmas que, entre os boêmios, húngaros e silesianos, se pretendem formados dos corpos de alguns de seus defuntos, saindo dos sepulcros para aterrorizar, ferir matar até mesmo os que foram neste mundo seus amigos e parentes.

No momento mais alegre de um festim, aparece um vampiro que, invisível, embora tenha a prudência de não comer, beber ou falar, sabe escrever, contra aquele com quem se depara, com um sinal em sua testa, uma sentença de morte, e o mísero cominado — acredita-se — há de experimentar o fim irremissivelmente. Prossegue, então, com os demais, aquela fria e perniciosa visita, até varrer com o lugar, levando-os à pura apreensão na contínua companhia daquele Diabo Peganhento para o qual — dizem — não haveria outro remédio senão fazer um jovem corajoso subir a um cavalo negro. Ao cabo de algumas voltas ao redor do cemitério, o cavalo, por si mesmo, para sobre a sepultura do vampiro. E, exumando-o, encontram as carnes do cadáver flexíveis e o morto cheio de sangue. Então, corta-se-lhe a cabeça, incineram-no e acaba-se o vampiro.

Os mesmos prodígios atribuídos a estes sonhados vampiros imputam-se aos brucolaques da Grécia.

 

Fonte: “El Pasatiempo, para uso del Ex.mo Señor Carvajal y Lancaster, una historia del mundo desde la creación hasta Fernando VI”, 1752.

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