O BRAÇO DE OURO - Conto Clássico de Terror - Joseph Jacobs

 

O BRAÇO DE OURO

Joseph Jacobs

(1859 – 1926)

Tradução e adaptação de Paulo Soriano

 

Era uma vez um homem que percorria todo o país à procura de uma consorte. Conheceu mulheres jovens e velhas, ricas e pobres, atraentes e insossas, mas não conseguiu encontrar nenhuma que lhe fosse do agrado. Por fim, encontrou uma jovem mulher, bela e rica, dona de um braço direito de ouro maciço.

Prontamente, casou-se com ela e pensou que não havia no mundo alguém tão afortunado quanto ele. Juntos, viveram felizes. Todavia — malgrado se esforçasse em que ninguém soubesse disso —, o homem nutria maior afeição não à mulher, mas ao braço de que ela era dona.

Por fim, ela morreu.

O marido, no funeral, vestiu o traje mais lutuoso possível e fez a cara mais triste do mundo.

Todavia, terminada a farsa, levantou-se no meio da noite, desenterrou o corpo da defunta e cortou-lhe o braço de ouro. Apressou-se, então, em ir para casa e esconder o seu tesouro. Julgou que ninguém saberia daquela façanha.

Na noite seguinte, colocou o braço de ouro debaixo do travesseiro. Já dormia quando o fantasma de sua falecida mulher penetrou no quarto.

Aproximando-se da cabeceira da cama, o fantasma abriu a cortina e olhou-o com ar de reprovação.

Fingindo não ter medo algum, disse ele à aparição:

— O que foi feito de tua face tão rosada?

— Minha face murchou e definhou — respondeu o fantasma, monotonamente.

— E o que foi feito de teus lábios rosados?

— Meus lábios murcharam e definharam.

— E o que foi feito de teus cachos dourados?

— Meus cabelos murcharam e definharam.

 — E o que foi feito de teu braço de ouro?

— Tu o tens — disse a aparição.

O homem ergueu o travesseiro sob o qual ocultara a relíquia de ouro.  Encontrou, apenas, um braço putrefeito.


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