A CHICOTADA - Narrativa Cássica Verídica de Terror - Catherine Crowe


 

A CHICOTADA

Catherine Crowe

(1803 – 1876)

Tradução de Paulo Soriano

 

O jovem barão Emilius von O— fora enviado a Paris para dar seguimento aos seus estudos. Tendo, todavia, lá feito más amizades, dissipou-se e negligenciou as suas obrigações. Não mais ouvia os conselhos do pai, cujas cartas permaneceram sem resposta.

Certo dia, o jovem barão, sentado sozinho num banco do Bois de Boulogne, caíra num certo estado de relaxamento. Todavia, ao erguer as pálpebras, viu, diante de si, a figura de seu pai. Acreditando que se tratava de uma ilusão espectral, atingiu a sombra com o seu chicote, fazendo-a desaparecer.

No dia seguinte, recebeu uma carta, instando-o a que regressasse imediatamente a casa, caso desejasse ver o pai ainda vivo. Ele voltou, mas encontrou o velho já sepultado.

A pessoa que acompanhava o pai disse que este estava bastante consciente e que tinha uma vontade imensa de rever o filho.  Mas, depois de expressar aquele desejo, exibiu algum sintoma de delírio, pois, subitamente, exclamou:

— Meu Deus! Meu filho está me atacando com o seu chicote!

Tendo disto isto, imediatamente expirou. 

 

Fonte: The Night-Side of Nature, 1850.

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