A CABEÇA MISTERIOSA - Conto Clássico de Terror - Pu Songling
A CABEÇA
MISTERIOSA
Pu Songling
(1640 – 1715)
Diversos
mercadores, hospedados numa estalagem em Pequim, ocupavam um quarto que era
separado do apartamento adjacente por uma divisória de tábuas. Desta, faltava
uma peça, deixando na parede uma abertura do tamanho de uma bacia.
De
repente, por aquela abertura surgiu-lhes a cabeça de uma menina, de traços
muito bonitos e cabelos bem penteados. No instante seguinte, apareceu-lhes um
braço, que era branco como jade polido.
Os
mercadores ficaram muito alarmados e, pensando que tudo aquilo era obra de
demônios, tentaram agarrar a cabeça da menina, que, no entanto, foi rapidamente retraída, ficando fora do alcance de suas mãos.
O
fenômeno aconteceu novamente.
Então,
como os homens não vislumbravam corpo algum pertencente à cabeça, um deles,
tomando uma faca, rastejou pela divisória, sob o buraco. Em pouco tempo, a
cabeça reapareceu. Ele, então, desferiu um golpe, cortando-a. O sangue jorrou
por todo o chão e pela parede.
Os mercadores apressaram-se a avisar sobre o
incidente ao proprietário, que imediatamente comunicou o assunto às
autoridades, levando consigo a cabeça. Foram eles imediatamente presos e
interrogados. Contudo, o magistrado nada pôde inferir dos indícios, e, como
ninguém compareceu para formular a acusação, os indiciados, após cerca de seis
meses de encarceramento, foram libertados. Depois, deram-se ordens para que a
cabeça da menina fosse enterrada.
Versão em português de
Paulo Soriano, a partir da tradução inglesa de Hebert Giles (1845 – 1935).
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