O SONHO E A DONINHA - Narrativa Clássica Sobrenatural - Simon François Blocquel, dito Frinellan


 

O SONHO E A DONINHA

Simon François Blocquel, dito Frinellan

(1780-1863)

Tradução de Paulo Soriano

 

 

Um soldado do séquito de Henri, arcebispo de Reims, adormeceu no campo depois do jantar.

Enquanto dormia com a boca aberta, os que o acompanhavam — e que, na ocasião, estavam acordados — viram um animal branco, parecido com uma doninha, sair da sua boca e dirigir-se diretamente para um pequeno riacho próximo dali.

Um policial, vendo-o subindo e descendo à margem do riacho, à procura de uma passagem, desembainhou a espada e fez dela uma pequena ponte, que o animal atravessou e continuou a correr.

Pouco tempo depois, o animal foi visto voltando, e o mesmo policial voltou a fazer-lhe uma ponte com a sua espada. O animal passou pela segunda vez e regressou à boca do dorminhoco, onde voltou a entrar. Este acordou e, quando lhe perguntaram se não havia sonhado durante o sono, respondeu que se sentia cansado e carregado, porque havia corrido muito e atravessado duas vezes uma ponte de ferro.

O demônio — diz Wierius — usa muitas vezes estas maquinações para enganar os homens e fazê-los acreditar que a alma é corpórea e morre com o corpo; pois muita gente acreditava que este animalzinho branco era a alma deste soldado, quando, em verdade, era uma impostura do diabo.

 

Fonte: Manuel completo du Démonomane, Paris, 1847.

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