SÃO NICOLAU E AS CRIANÇAS DECAPITADAS - Narrativa Clássica Sobrenatural - Alfred Poupel
SÃO NICOLAU E AS
CRIANÇAS DECAPITADAS
Alfred Poupel
(1863 – 1903)
Surpreendidos
com a caída da noite, três jovens estudantes procuraram abrigo numa estalagem à
beira do caminho.
O
estalajadeiro, homem velho e mal-humorado, criou embaraços para acolher as
crianças. Estas, então, recorreram à dona da casa, que era tão velha quanto o
marido. Disseram-lhe os pequenos estudantes que, se a matrona conseguisse
persuadir o marido a albergá-los, talvez Deus lhe permitisse que desse à luz um
menino.
Os
três alunos ficaram para o jantar e, depois, foram colocados na cama.
Enquanto
dormiam, o estalajadeiro entrou no quarto, tomou-lhes as mochilas e convenceu a
esposa de que não seria nada mal apropriar-se do dinheiro que elas continham. A esposa consentiu, já que lhe parecia um
meio adequado de aumentar os seus ganhos.
Então, mandou que o marido decepasse as cabeças dos pequenos hóspedes.
O
marido decapitou as crianças, cortou-as em pedaços, salgou-as como se fossem porcos
e guardou as carnes numa tina da despensa.
Sucedeu
que São Nicolau bateu à porta daquela estalagem, procurando abrigo. Após
consultar a esposa, o estalajadeiro, envergando um ar de honestidade, aceitou o
bispo como hóspede.
Ofereceram
ao bispo diversos pratos diferentes, mas o santo disse-lhes que só gostaria de
um pouco de carne fresca.
—
Senhor, só lhe posso servir charque ou carne defumada, porque não a tenho
fresca — disse o estalajadeiro.
—
Esta é a última mentira que contas no dia — respondeu-lhe o santo. — Bem sei
que tens carne fresca de sobra em tua despensa. Foi a cobiça pelo dinheiro dos
inocentes que fez aqueles tenebrosos eventos acontecerem.
Imediatamente,
o estalajadeiro e a esposa prostraram-se aos pés do santo, implorando-lhe o
perdão. O bispo mandou trazer os três corpos esquartejados e ordenou aos
assassinos que se penitenciassem. E, orando, pediu a Deus que devolvesse a vida
às crianças. Logo depois, os estudantes ressuscitaram.
Texto adaptado por
Paulo Soriano a partir de artigo de Alfred Poupel, publicado
na Revista “La Tradition”, edição de 15 de janeiro de 1889. Consultou-se,
também, o sítio “La France Pittoresque”.
Comentários
Postar um comentário