A SERPENTE - Conto Clássico Fantástico - Paul Sébillot


 A SERPENTE

Paul Sébillot

(1843 – 1918)

Tradução de Paulo Soriano




Conta-se em Berry que, um dia, um lenhador viu numa clareira uma enorme massa de serpentes, cujos corpos emaranhados, entrelaçados, formavam uma bola viva, terrível de se ver, que se movia lenta e aleatoriamente, e da qual emanavam sibilos contínuos e estridentes.

Um ponto luminoso brilhava na superfície daquela esfera e parecia crescer cada vez mais, à medida que os sibilos dos répteis ganhava intensidade.

Quando atingiu o volume de um ovo, os corpos das serpentes relaxaram e caíram no chão, como se vencidos pela fúria do exercício a que submetidos.

Daquela bola só restou uma serpente monstruosa, que formava o seu núcleo, e parecia estar cheia de vigor. Na sua testa brilhava um enorme diamante.

A serpente arrastou-se em direção ao lago, deixou cair o seu diamante na grama junto à margem, bebeu com avidez durante um bom tempo e, depois de apanhar novamente a gema, desapareceu na floresta.

Desde então, o lenhador jamais parou de pensar numa maneira de se apoderar da pedra maravilhosa. Montou um barril em forma de barco para se refugiar e, depois um ano e um dia, voltou ao lago e viu o mesmo espetáculo. Conseguiu assenhorar-se do diamante enquanto a serpente bebia, refugiou-se em seu barril, nele se fechando, e escapou à grande serpente que, já sem o seu diamante, havia ficado cega.

Levou a pedra ao rei, pois ela tinha o condão de transformar em ouro tudo que tocava. O rei assegurou-lhe uma existência pacífica e rica, na condição de que ele voltasse a jogar o diamante no lago.


Fonte: Légendes et Curiosités des Métiers, Ernest Fammarior Editor, séc. XIX.


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