O SAPATO - Conto de Terror - João de Arlekinom
O SAPATO
João de Arlekinom
Breve sátira aos deuses cósmicos.
Lembrava com carinho dos tempos em que viajava com minha mãe até a fazenda de meu avô e de minha avó que ficava na região norte do Maranhão. Saíamos de São Luís fugindo da folia dos carnavais, pois minha família sempre gostara do silêncio proporcionado por lugares isolados e da tranquilidade que somente a natureza poderia oferecer. Lembro-me das planícies verdes cuja vegetação balançava ao vento, lembro-me dos lagos escuros e cheios de lodo e dos pés de coco babaçu balançando ao vento do marítimo vindo do atlântico. Eram estas paisagens nostálgicas que traziam as sensações mais primevas e lembranças mais primitivas.
A casa de meus avós tinha uma varanda onde meu avô sempre ficava esperando nossa chegada em sua velha cadeira de balanço, com o seu cachimbo na boca como de costume. Já a vovó sempre estava na cozinha preparando algo saboroso para o almoço.
Em toda a minha vida nunca conheci um homem mais exímio na arte de contar histórias. Meu avô era formidável em suas narrações de improviso, contava histórias das quais eu nunca tinha ouvido antes. Houve um tempo em que acreditei que ele tivesse aprendido estes relatos maravilhosos em diferentes partes do mundo, pois quando era mais novo havia sido um marinheiro e certa vez me dissera que havia viajado por todos os sete mares e que havia visto e ouvido tudo o que um homem comum jamais imaginaria conhecer.
Contou-me certa vez sobre a Coruja de Órion, que foi o presente do Rei de Minos ao Rei de Tiro e de como esta enigmática criatura presenteava o rei de Tiro com sonhos de revelação que falavam sobre os acontecimentos vindos do futuro e as verdades esquecidas que ficavam perdidas nas dunas do passado. Também me contou a história de uma misteriosa cidadela que servia de morada para os fantasmas, era chamada de Ghiliate pelos discípulos de Thoth-Amon e que fora construída em tempos passados para ser a mais bela entre todas as cidades da antiguidade, mas desaparecera da existência do dia para a noite, dizem que os deuses haviam ficado cheios de inveja por nem mesmo eles morarem em tão magnífica construção e por isto destruíram-na para que nenhum outro nela morasse.
Passávamos nossos dias assim, explorando as mais diversas oportunidades que a criatividade humana podia oferecer. Sempre no fim de uma história eu pedia outra e mais outra, sem nunca me cansar de ouvir aquele esplêndido homem que emanava breves sugestões difíceis de definir, cheio de mistérios e peculiaridades. Eu poderia me perder com facilidade naqueles mundos fantásticos que somente uma imaginação provinda dos recônditos da fantasia poderia criar de tão temíveis e esplendorosos que eram tais histórias estranhas.
Quando a noite caía e podia-se ouvir o coaxar monótono das rãs e o pisca-pisca bruxuleante dos vaga-lumes perto do lago, eu sabia que era hora de dormir. Mesmo que minha vontade fosse a de continuar aquela contação de histórias durante toda a noite. Deitava-me na cama e sonhava com aquelas fantasias cobertas de mistérios e enigmas que me convidavam a descobrir os seus segredos; porém, eu tinha medo, medo de adentrar naquelas profundezas ignotas e nunca mais conseguir voltar, perdendo-me para sempre no escuro desconhecido. Às vezes vinha-me uma memória desbotada, na qual eu via na janela do quarto uma coruja que me olhava com atenção; era branca como a neve dos polos antárticos e eu juro que a ouvi sussurrar “Ghiliath…”
Mamãe e eu voltávamos para casa ao fim do Carnaval e, por mais que eu protestasse para ficarmos mais um pouco, era em vão. Levaria no coração apenas as saudades e as boas lembranças daqueles dias.
Foi em um mês de novembro que uma tragédia terrível atingiu minha família: vovó havia falecido. Já sofria de problemas no coração há muitos anos e os médicos disseram que ela tivera um terrível ataque de pânico que lhe acarretou o infarto derradeiro. Ninguém sabia dizer o que de fato havia provocado tal desespero naquela senhora que era conhecida por todos pela sua calma imperturbável. Meu avô apenas dissera que a esposa havia acordado durante a noite, gritando e correndo de forma enlouquecida. O olhar do velho homem era vazio e cheio de incertezas, o que fez os policiais terem pena e não o perturbaram mais com os cansativos interrogatórios.
No dia da cerimônia de despedida, que ocorrera na casa de fazenda do meu avô, vi o caixão aberto na sala de entrada; havia um pano cobrindo o rosto do frio cadáver, pois, muitos que haviam visto a face pálida e nua, acharam melhor fazer a cerimônia com um pano ocultando-lhe o rosto; diziam que os mais sensíveis poderiam se sentir perturbados com o estado da velha mãe, mas eu queria vê-la, queria poder olhar no rosto daquela que sempre me tratara com carinho, seria a última vez que poderia ver aquela senhora bondosa de coração puro. Aproximei-me do caixão quando a sala estava vazia e quando levantei o pano que lhe cobria a face… entendi o porquê dos protestos dos familiares, que desejavam a matrona com o rosto escondido, Deus! Seu rosto estava contorcido em uma expressão de horror sem fim; jamais imaginei que uma feição poderia se contorcer de forma tão grotesca e horrenda, seus olhos estavam desesperadamente voltados para cima, como se algo vindo do alto estivesse ameaçando-a. Lembro-me de correr até mamãe e pedir para que me levasse embora daquele lugar.
Após alguns meses, visitamos meu avô para saber como ele estava; o velho homem aparentava um ar de divagação, seus pensamentos estavam muito longe, como se tentasse desvendar algum mistério desconhecido, mistério este somente conhecido por ele. Tentei conversar e descobrir do que se tratavam tais pensamentos, mas ele me ignorou e em seus olhos eu podia ver mundos distantes de reinos oníricos: seria lá que o velho homem estava?
Chegara enfim o inverno e também as minhas férias; pedi para mamãe que me levasse para a fazenda novamente e mesmo que ela me avisasse que as coisas tinham mudado, e muito do agora não era como antes, eu não dera ouvidos, pois sentia falta das velhas histórias de outrora e achava muito estranho ter me esquecido de muitas delas. Como eram constantes as vezes em que me encontrava refletindo sobre aqueles contos, sabia que o certo era que estivessem vivos em minha memória, já que eu os deveria ter decorado de trás para frente.
Chegamos no fim da tarde de sábado à casa de meu avô; ele estava na sua cadeira de balanço como era típico, mas o sorriso caloroso de antes desaparecera: o rosto alegre agora se tornara um rosto sério de olhos profundos perdidos em divagações. Concedeu-me apenas o mais simples cumprimento quando fui pedir-lhe a bênção, e voltou aos seus pensamentos, balançando-se lentamente em sua cadeira.
A noite havia chegado e as rãs coaxavam no lago sob a luz onírica da Lua. Não pude evitar e, enfim, tomei coragem para pedir uma história; vovô fumava seu cachimbo e não me deu muita atenção: estava imerso em seus próprios pensamentos, enquanto olhava para os bosques escuros, que pareciam ocultar as bestas-feras fantasiosas de tempos primitivos. Até que, depois de sua última baforada, ele voltou-se para mim com os olhos brilhando e disse:
—Tenho uma história para contar, mas tem certeza de que quer ouvi-la?
Pensei por um momento no que responder, pois ele nunca fizera tal pergunta antes. Porque não iria querer ouvir tal história? O que ela possuía de perigoso? Imaginei logo que fosse uma história de terror, o que me deixou com mais ansiedade ainda, pois na minha idade já estava lendo os escritos de H. P. Lovecraft, Edgar Allan Poe e Robert W. Chambers.
Então fiz que sim com a cabeça; afinal, não tinha nada a perder. Lembro-me de um sorriso pesaroso que apareceu no rosto do ancião; ele olhou para mim como se se olha para um tolo funesto.
— Pois aviso que esta não é qualquer história; é importante que a escute com toda a atenção, pois este é um aviso… sua avó achava que você era muito novo para saber de tal coisa, mas eu sempre achei você muito esperto e que entenderia a seriedade da situação. Tinha sua idade quando ouvi este aviso pela primeira vez de meu pai e este ouviu do pai dele, e agora eu a repasso a você.
Lembro-me de meu coração se agitando no peito; afinal, do que se tratava aquilo? Por um momento achei que vovô estivesse me pregando uma peça de mau gosto.
— Vovô… o senhor está me assustando… é brincadeira não é? — foi o que consegui falar.
— Não é brincadeira. E é bom que tenha temor mesmo. Lembra-se da minha caixa de madeira com desenhos em relevo? Lembra-se dos entalhes estranhos gravados nela? Sim, você se lembra, já o vi olhando pra ela antes…
Era verdade que eu já havia tido contato com a caixa antes, pois certa vez lembro que, quando meu avô me disse que queria contar-me uma história muito diferente das que eu já ouvira antes, segurava a mesma caixa de madeira nas mãos. Mas no momento em que vovó apareceu na varanda, trazendo uma bandeja com os pãezinhos que haviam acabado de sair do forno, e viu o que o marido segurava nas mãos… ela gritou, gritou em um desespero cego e alucinante e deixou a bandeja cair no chão, havia um horror inominável em seu rosto e achei por um momento que meu coração fosse sair pela boca com tamanho susto que tivera. Quando então ela se recompôs, chamou meu avô para uma conversa e percebi que eles discutiam de forma acalorada com relação aquela caixa… Ah! A maldita caixa! Ele nunca havia me permitido olhá-la antes, para ele não existia um objeto mais valioso. Eu me lembrava de como vovô ficou irritado quando me viu tentando abrir a caixa para ver o que tinha dentro e de como ele havia berrado, um berro gutural tão horrendo que por um instante achei que meu avô fosse algum monstro. Também me recordo de certa vez que ele flagrou a vovó tentando abrir a sua tão preciosa caixa bateu nela, bateu com tanta força que a deixou às lágrimas no chão, e naquela vez o seu rosto ficara rubro de tanta raiva.
— Sim, eu me lembro da caixa; o senhor não me permitira abri-la —falei de forma amedrontada.
— Saiba que há um motivo para que eu seja cuidadoso com relação a esta caixa, criança. Pois dentro dela está a coisa mais perigosa do Universo! E abri-la significaria a destruição de nosso mundo!
Eu não pude evitar torcer o rosto, estava confuso com todas aquelas alegações, eram muitas informações complexas para minha cabeça. Ele falava com tanta seriedade e cuidado que por um momento acreditei que falava um segredo oculto.
— Vejo que tem dificuldade em entender. Tudo bem, vou contar a história e tudo ficará claro para você, como foi para mim.
Ele então pegou o cachimbo do bolso, o acendeu e deu um trago, a fumaça flutuou em minha volta em uma dança elementar que me hipnotizava…
***
“Há muitas eras, quando o nosso mundo se encontrava em matéria-prima bruta e somente os sonhos flutuavam no éter, havia as forças que criavam e as forças que destruíam. Essas forças da natureza modificavam as leis da física á sua volta, o espaço-tempo se contorcia conforme elas se arrastavam entre as estrelas e planetas. Uma destas forças se chamava… ouça bem pois só falarei o nome desse ser uma vez e você deve se lembrar até o fim de sua vida, Sasgrothfnulk; este é o nome dado pelos antigos magos de um mundo já perdido nas profundezas do oceano sem fim, mas nós devemos chamá-lo apenas de “O Insaciável”, é ele o responsável pelo consumo de grandes berçários estelares. Em tempos passados havia muito mais constelações no céu, há dez mil anos atrás, por exemplo, ainda poderíamos ver a estrela de Invos e Trina no zênite celeste. A besta cósmica fora criada por mero acaso, o Universo prega essas peças… na criação do Tudo, uma sucessão de explosões galácticas serviu de laboratório para a criação do Insaciável. Seu feto caiu em alguma estrela nos subúrbios do Universo e esta serviu de manjedoura para a entidade caótica.
“Oh! Que sejam malditas todas as casualidades! Pois em eras primitivas o filhote saiu de sua incubadora e estava faminto… engatinhava rumo a sistemas planetários que continham avançadas civilizações desenvolvidas e levava o caos e genocídio, loucura e ruína. Os tolos na época do homem primitivo tiveram sonhos com O Insaciável, fizeram estátuas em sua homenagem e sacrifícios para agradá-lo, buscando suas bênçãos e favores… tolos era o que eram. Mal sabiam que era melhor não chamar a atenção de uma criatura tão odiosa e esfomeada. Sedento pelo caos é o que O Insaciável é. Quando percebi que a besta cósmica exercia influência em pessoas psiquicamente sensíveis, comecei uma busca imparável, procurando em muitos livros sobre estudos envolvendo telepatia e parapsicologia, buscando alguma coisa que fizesse menção à besta.
“Então achei um caso de uma grande vidente chamada Ana Rosa, criada em uma família extremamente religiosa do Sul do Brasil. Ela revelou em suas visões algumas coisas um pouco… estranhas. Certa noite ela teve um ataque de pânico no qual começou a balbuciar palavras em desespero. Os presságios sobre o futuro que ela teve naquela noite foram registrados por seu marido e publicado posteriormente em seu livro:
Presságios Vindos do Tempo
Por Ana Rosa
‘Maldito é o nome da besta gulosa, ela se banqueteia de constelações e se deleita com os astros carnais. Ó Insaciável, és tu? Fugiste do tártaro e agora queres vingança? O que
vens fazer em nosso rumo? Descobriste os filhos que tanto odeias? Quanto tempo para nos destruir, filho do Hades? Ele está rumando em nossa direção… ele marcha de Aldebaran, sem descanso ele vem.’
Eu sei… sim, eu sei que os astrônomos apontaram seus grandes telescópios para o céu e relataram terem visto uma mancha titânica parasitando a estrela Polar. Seus servos aqui na terra comemoram sua chegada, acendendo fogueiras e fazendo sacrifícios humanos. Só eu sei onde Ele está de verdade… você quer saber? Eu digo! Ele está dentro da caixa!”
***
Meu avô havia me contado esta história, pois disse ter sonhado com a besta glutona há algumas noites passadas; ele nunca imaginou que veria algo tão terrível em toda sua vida e confessou-me que não conseguia dormir a dois dias. Sentia que logo a morte chegaria até sua porta. Ele pediu-me desculpas por ter contado tal história medonha, mas acreditava que era chegada a minha hora de carregar o fardo que ele carregou por quase toda a sua vida.
— Você deve cuidar daquela caixa e prometer jamais abri-la, nunca! Prometa! — ele gritava quase sem fôlego.
Eu, porém, me encontrava paralisado de tão assombrado que estava. Não conseguia dizer nada, encontrava-me tentando assimilar tudo o que havia ouvido. Ninguém tem o direito de apontar o dedo para culpar-me, afinal, como posso ser culpado de algo que nem eu pude compreender naquele momento?
— Anda! Anda, menino, prometa! — ele continuava a insistir.
— Certo, eu prometo! — fora o que pude dizer, finalmente cedendo aos seus pedidos.
Jurei que jamais abriria aquela caixa, mas não entendia o peso de minha promessa, eu havia falado palavras no vazio para ele.
— A caixa não pode ser destruída e não pense em jogá-la ao mar, ou no fundo de um lago, ou nas entranhas de uma caverna. Deve protegê-la e, quando chegar o momento certo, deve contar esta história ao seu filho homem. Agora vá para a cama, pois é hora de dormir. Lembre-se de tudo o que lhe contei e nunca se esqueça do dia de hoje.
Quando fui para o quarto e deitei-me na cama, só conseguia pensar no que meu avô havia falado. Lembro-me de escutar a cadeira de balanço rangendo na varanda e o som das palmeiras ao vento lá fora…
Quando eu e minha mãe voltamos para a cidade no outro dia, tive a sensação de que era a última vez que veria meu avô. O que foi um presságio verdadeiro, já que ele teria um infarto naquela noite durante o sono. Ele me deu um beijo de despedida e ficou olhando, enquanto o carro se distanciava, esta foi a última imagem em minha mente do velho contador de histórias.
Após muitos anos, depois de ter terminado meus estudos e me formado, resolvi viajar até a antiga fazenda que durante minha infância havia me dado tantas boas memórias. Mas, para minha tristeza, o lugar estava vazio, esquecido até mesmo pelos errantes e pelos ladrões de casas abandonadas. A paisagem era melancólica e as construções esquecidas e decrépitas realçavam essa tristeza com as lembranças dos tempos de aurora. Havia um buraco no telhado da velha casa, fora provocado pela queda de um raio. Disseram que o feixe de luz fizera um horrendo barulho ao se chocar contra o teto, barulho este completamente antinatural e que não tinha nenhuma semelhança ao som característico daquele fenômeno comum.
Entrei na casa; os móveis estavam empoeirados e as teias de aranha espalhavam-se pelo teto. Fui até o escritório de meu avô e quando abri a porta vi que o raio não só destruíra o telhado, mas também havia feito um rombo no chão da sala. Na estante de livros, bem escondida entre dois volumes de “Parasitas Mentais por Roberto Mustafar”, estava a caixa de madeira escura com os estranhos entalhes em relevo; ela insinuava-se para mim de forma sobrenatural, como se desejasse que eu a abrisse.
“Do que eu tenho medo? Sasgrothfnulk? Que besteira! Aquele ancião era muito bom de histórias mesmo, devo admitir”, fora o que pensei naquele momento.
Segurei o objeto nas mãos. Um pequeno cadeado impedia a abertura da caixa. Fui até a gaveta da mesa e peguei um moinho de chaves, testei uma por uma, até achar a correta, que fizera o cadeado estalar quando o destranquei e lentamente abri a caixa… Um ar poeirento e de antiguidade imensurável chegou às minhas narinas. Olhei para dentro da caixa e vi… um velho e feio sapato.
As piadas mais infames passaram-se na minha cabeça naquele momento. Fechei a caixa e a botei novamente na estante. Estava com pena do meu avô, “esse tempo todo impedindo um sapato de destruir o mundo”, pensara comigo.
Mas do lado de fora da casa era frio, frio como os polos nevados nos extremos do Norte, lembro-me que estranhei não ouvir os sapos coaxando e nem os vaga-lumes piscando como de costume. Tudo estava tão escuro… Olhei para o céu e não vi estrela nenhuma e também não conseguia encontrar a Lua, por mais que eu a procurasse em desespero, buscando por seu auxílio no céu — sim, no céu! —, que era de um breu profundo capaz de afogar qualquer um que olhasse para dentro dele por muito tempo. Tudo em minha volta também estava terrivelmente negro; tive medo, me sentia sufocado diante de toda a escuridão à minha volta, e, quando percebi que toda a imensidão oculta se contorcia sobre mim, espremendo-me lentamente, só pude gritar de desespero. E em meu âmago, pensei: “Meu avô foi um marinheiro, deve ter ouvido histórias de muitos viajantes, príncipes e reis…”
Sentado nesta cadeira de balanço me recordo… sim — posso me recordar! — de como as coisas um dia foram. Mas quando observo a Lua, só consigo ver um objeto amorfo se contorcendo em agonia e descendo lentamente em minha direção… cada vez mais perto… Oh Deus! Ajude-me! Ele está aqui!
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