MARSIAS ESFOLADO - Narrativa Clássica Cruel - Higino
MARSIAS ESFOLADO
Higino
(c. 64 a.C. - 17)
Atena jogou fora as flautas que inventara, jurando que quem as pegasse seria severamente castigado.
Marsias, um pastor, filho de Eagro, um dos sátiros, encontrou-as e, praticando assiduamente, passou a produzir, dia após dia, as mais belas melodias. Então, desafiou Apolo a tocar a sua lira numa competição.
Apolo apresentou-se ao desafio, tendo as Musas como juízas.
Marsias parecia estar em vantagem na disputa, quando Apolo virou sua lira de cabeça para baixo e tocou a mesma melodia — algo que o oponente não conseguia fazer com as flautas.
Tendo derrotado Marsias, Apolo amarrou-o, de cabeça para baixo, a uma árvore para que outrem, natural da Cítia, arrancasse sua pele, pedaço por pedaço. E deu o que restou de seu corpo para ser enterrado por Olimpo, aluno do sátiro sacrificado. Do nome do imolado o rio Marsias recebeu o nome1.
Versão e adaptação em português de Paulo Soriano.
Ilustração: Bartolomeo Manfredi (1582–1622).
Nota:
1 Rigby Graham, artista e escritor britânico, fornece-nos uma outra versão da lenda de Marsias: “Marsias, um sátiro frígio, encontrou a flauta descartada por Atena porque o fato de tocá-la distorcia-lhe as feições. Imediatamente, o sátiro desafiou o deus a uma competição musical, com a condição de que o vencedor poderia fazer o que lhe aprouvesse com o vencido. Tendo perdido Marsias foi amarrado a uma árvore e esfolado vivo, seu sangue deu origem ao rio Marsias e sua pele, depois de curtida, foi transformada em uma bola de jogar ou em uma garrafa de couro” (in Bookbinding with Human Skin, The Private Library, vol. 6, jan 1965).
Comentários
Postar um comentário