VISÃO DE ALÉM-TÚMULO - Conto Clássico Fúnebre - Amédée Gouet

VISÃO DE ALÉM-TÚMULO Amédée Gouet (181? – 1869) Tradução de autor desconhecido do séc. XIX Certa noite, entrou no meu quarto um amigo que morrera há seis meses. Eu assistira eu ao seu enterro. Tinha-lhe lançado água benta sobre cova, ouvira o caixão do pinho ressoar com as lúgubres pás de terra. — Boas noites — disse-me ele, satisfeito como um Roger-B o ntemps 1 . — Como passas? — Bem… E tu? — respondi, procurando resistir ao abalo de surpresa que esta aparição me causava. — Melhor, multo melhor, obrigado — tornou o meu amigo. — Desde que faleci, já não tenho as fúnebres ideias que me tornavam insuportável a vida. O meu cérebro aclarou-se e, por consequência, tornou-se melhor o estômago, e o peito excelente, como um verdadeiro saxofone. É mesmo uma maravilha! Não é sem razão que dizem que a morte cura todos os males. Desatou a rir e as suas estrondosas gargalhadas fizeram tremer as vidraças, como para atestarem a poderosa sonoridade do instrumento que lhe fazia as vezes d...