O ASSASSÍNIO REVELADO EM SONHOS - Narrativa Clássica Sobrenatural - Valério Máximo
O ASSASSÍNIO REVELADO EM SONHOS
Valério Máximo
(Séc. I)
Dois companheiros árcades, que viajavam juntos, chegaram a Mégara.
Um deles foi deitar-se em casa de um amigo; o outro, numa estalagem pública.
O que se recolhera à casa do amigo sonhou que o seu companheiro pedia-lhe ajuda, porque era alvo de uma conspiração do estalajadeiro, cuja vilania poderia ser impedida, acaso se apressasse em salvá-lo.
Saltando da cama, esforçou-se por encontrar a estalagem onde o seu amigo se encontrava. Mas o destino condenou o seu inútil propósito humano, porquanto, acreditando que o que ouvira fora apenas produto de um sonho, voltou a deitar-se e a dormir.
Então, retornou-lhe o mesmo amigo. Veio-lhe ferido e suplicou-lhe que, uma vez que não o tinha ajudado em vida, não demorasse a vingar a sua morte. Disse-lhe que fora morto pelo estalajadeiro e que o seu corpo estava a ser transportado, numa carroça, coberto de estrume, para o portão da cidade.
Seu amigo, movido pelas suas súplicas, apressou-se em chegar ao portão e deteve a carroça que lhe tinha sido descrita durante o sono. Depois, prendeu o estalajadeiro e o levou à punição com a morte.
Versão em português de Paulo Soriano, a partir da tradução inglesa de Samuel Speed (1631 – 1682).
Ilustração: Pietro Novelli (1603 – 1647).
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