DECISÕES - Conto de Ficção Científica - Dolo Espinosa
DECISÕES
Dolo Espinosa
Tradução de Paulo Soriano
1º de junho de 3215
Sentados a uma brilhante mesa de um espaçoso escritório, cujas amplas janelas dão a um plácido jardim banhado pelo sol, quatro pessoas conversam sobre a situação mundial.
— O Conselho Mundial está prestes a sucumbir aos Diorgs e vocês já sabem o que isto significa — disse o que parecia ser o mais velho.
— Significa que, a partir de amanhã, nós, humanos, passar
emos a ser, de fato, outra espécie escrava dos alienígenas — reponde uma pequena mulher sentada à sua frente.
— Sempre disse que tornarmos tão extremamente pacifistas não nos poderia trazer nada de bom. É verdade que não há mais guerras, mas ficamos indefesos perante os seres de outros planetas, como ficou mais do que comprovado — acresce um terceiro.
— Bem, dispomos de uma máquina do tempo — replica uma mulher com aspecto de valquíria. — E somos os únicos com acesso a ela. Talvez, se alguém voltasse ao momento em que as ideias pacifistas triunfaram e encontrasse um meio de lhes dar um ligeiro freio, o suficiente para não ficarem completamente inermes, poderíamos salvar o planeta.
Os quatro discutem durante alguns minutos as possibilidades ou impossibilidades aventadas e, finalmente, a questão assim se resolve:
— Bem, também não há nada a se perder.
E, sem mais delongas, os quatro se dirigem à máquina do tempo.
1º de junho de 3215
Sentados a uma severa mesa de um austero escritório, cujas janelas gradeadas dão para um pátio de cimento, onde dezenas de recrutas realizam os seus exercícios matinais, quatro pessoas conversam sobre a situação mundial.
— O Líder Supremo está descontrolado, sequer escuta os argumentos dos mais próximos, e vocês já sabem o que isto significa — disse o que parecia ser o mais velho.
— Significa que, doravante, os expurgos serão ainda mais exaustivos, que haverá novas levas e recrutas ainda mais jovens, que todos os nossos já escassos recursos irão para uma nova e estúpida guerra — responde uma pequena mulher à sua frente.
— Sempre acreditei que, se em vez de um ser humano, fôssemos governados por uma IA, as coisas nos seriam melhores, eis que, vivendo sob um regime tirânico, seria preferível o domínio de um ente sem paixões — acresce um terceiro.
— Bem, dispomos de uma máquina do tempo — replica uma mulher com aspecto de valquíria. — E somos os únicos com acesso a ela. Talvez, se alguém voltasse ao passado e espalhasse certas ideias entre os cientistas adequados…
Discutem durante alguns minutos as possibilidades ou impossibilidades aventadas e, finalmente, a questão assim se resolve:
— Bem, também não há nada a se perder.
E, sem mais delongas, os quatro se dirigem à máquina do tempo.
1º de junho de 3215
Sentados a uma mesa de um frio escritório, cujas janelas dão para umas amplas avenidas onde robôs de diferentes tamanhos e formas cuidam de suas tarefas, quatro pessoas conversam sobre a situação mundial.
— OC continua convencido de que o melhor para todos nós é sermos mais parecidos com ele e decidiu que cada ser humano deveria receber um chip intracerebral; e vocês já sabem o que isto significa — disse o que parecia ser o mais velho.
— Significa que, doravante, seremos como máquinas controladas pelo Computador Central, cheios de lógica, mas vazios de sentimentos e personalidade — responde uma pequena mulher sentada à sua frente.
— Sempre pensei que foi uma pena que os ludistas não tenham obtido êxito em sua luta contra as máquinas, não estou dizendo para o avanço científico, mas acho que direcioná-lo um pouco não teria sido ruim — acresce um terceiro.
— Bem, dispomos de uma máquina do tempo — replica uma mulher com aspecto de valquíria. — E somos os únicos com acesso a ela. Talvez, se alguém voltasse ao passado e desse uma ajuda àqueles ludistas…
Discutem durante alguns minutos as possibilidades ou impossibilidades aventadas e, finalmente, a questão assim se resolve:
— Bem, também não há nada a se perder.
E, sem mais delongas, os quatro se dirigem à máquina do tempo.
1º de junho de 3215
Sentados à grande mesa de madeira de um sombrio escritório, cujas janelas dão para um claustro por onde alguns monges passeiam em silenciosa meditação, quatro pessoas conversam sobre a situação mundial:
—O Santo Padre decidiu proibir qualquer tipo de ensino, até mesmo o mínimo de leitura e escrita. Vocês sabem o que isso significa — disse o que parecia ser o mais velho.
— Significa que, doravante, perderemos o pouco progresso que fizemos, que a ignorância correrá solta pelo mundo e que o conhecimento permanecerá nas mãos dos mais poderosos —responde uma pequena mulher sentada à sua frente.
— Sempre pensei que a pior coisa que nos poderia ter acontecido foi não conseguirmos nos livrar da religião quando tivemos oportunidade — acresce um terceiro.
—Se a ciência não tivesse sido declarada herética, talvez não estivéssemos ainda nos iluminando com velas — replica uma mulher com aspecto de valquíria. — Talvez até pudéssemos viajar no tempo e mudar nossa história, quem sabe?
Discutem durante alguns minutos as possibilidades ou impossibilidades aventadas e, finalmente, a questão assim se resolve:
—Bem, isso é algo que nunca saberemos.
Ilustração: PS/Copilot.
Este conto foi publicado originariamente, em português e espanhol, na revista Relatos Fantásticos. Para acessá-la, clique AQUI .
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