DILACERADA PELO LOBO - Narrativa Verídica de Horror - Autor anônimo do séc. XIX

DILACERADA PELO LOBO

Autor anônimo do séc. XIX

Tradução de Paulo Soriano



O que se segue, extraído do Journal Illustré, é deveras triste.

No dia 5 deste mês, uma garotinha de uns dez anos de idade, chamada Marie Favraud, acompanhada por um menino de mesma idade, colhia bolotas na borda da floresta em La Rochette, cantão de La Rochefoucauld (Charente).

O menino subia numa faia e deixava cair as bolotas, que Marie Favraud apanhava.

De repente, surgiu um imenso lobo.

Antes que a pobre Marie Favraud pudesse pedir ajuda, a fera precipitou-se sobre a criança e, rápida como um raio, rasgou a sua garganta e esmagou a sua cabeça com suas enormes mandíbulas.

Aos gritos do menino, que permanecia sobre a árvore, o Sr. Texier, que então trabalhava a trezentos metros de distância, correu ao local.

Passou-se, então, uma cena terrível.

O corpo da pobre Marie Favraud, completamente mutilado e ensanguentado, jazia sobre a grama, e o lobo o dilacerava com suas garras.

O animal, todavia, ao ver Jean Texier, abandonou a sua vítima e correu para o recém-chegado.

Texier recebeu-o firmemente e, agarrando, com força o lobo pela garganta, conseguiu derrubá-lo. A luta – detalhe terrível — durou quase vinte minutos.

Quando Texer logou manter-se sobre o lobo, o seu braço estava inteiramente ensanguentado por conta de uma mordida terrível. Ele segurava o animal; mas a fera, que afundava no braço de Texier as suas presas, não o largava.

O lobo, que fora atirado ao chão por arte de um violento pontapé, conservava ainda toda a sua força e não estava ferido.

Foi então que o Sr. Fontroubade, de 28 anos, veio em auxílio de Texier, desferindo coetaneamente chutes e socos para incapacitar o animal, que não tardou a morrer sob os múltiplos golpes.

Na luta, Texier recebeu nada menos que 22 ferimentos graves; Fontroubade, um ferimento no dedo.

Quanto ao cadáver da pobre Marie Favraud — acrescenta La Charente , este recebeu as últimas homenagens no cemitério de sua cidade, em meio à emoção de todos os habitantes, tocados por uma morte tão inesperada e angustiante.


Fonte: Petite Gazette de Bagnères-de-Bigorre, edição de 24 de outubro de 1874.


 

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